No tempo em que os animais falavam, uma linda princesa, chamada Jade, passava os dias e as noites a chorar. Vivia numa ilha deserta. Em tempos, Jade tinha casado com o príncipe mais bonito e inteligente do reino Fanki. O príncipe tinha o sonho de ir para a guerra e assim o fez, mas nunca mais voltou. Desde então, todos os dias, a bela princesa recolhia uma pétala de uma flor, guardando-a num pote fechado a sete chaves, porque uma velha lenda dizia que quem tivesse mil pétalas, teria direito à concretização de um desejo. Mas só podia colher uma pétala por dia. Como é evidente, o seu desejo era encontrar o marido que tinha ido para a guerra.
Um belo dia, Jade estava na sua recolha diária de pétalas, e deparou-se com uma baleia que lhe disse:
- Olá! Sou a Piririca. Venho trazer-te uma mensagem do teu marido. Ele diz que está bem e para procurares um labirinto com a forma de cinco losangos, mas para teres cuidado, porque o labirinto está guardado por um canibal que quando vê uma pessoa fica com fome! Quando ele tem as orelhas para cima e a boca aberta, quer dizer que está a dormir; quando tiver as orelhas para baixo e a boca fechada quer dizer que está acordado. Ele também te deseja boa sorte!
- Ah, muito obrigada, Piririca!
- De nada. “Já sabes que com a Piririca, pior do que está não fica”. Se não te importas, vou indo que ainda tenho de ir dar banho à Pimentinha e à Esmeraldina (são as minhas filhas) e tenho de ir fazer a sopa “pó mê home, quêle não faz nada”. Adeusinho e boa sorte querida.
- Oh “mulheeer, atão?”
- Já vai “home”! Adeusinho.
Assim que Jade recebeu esta notícia, correu até ao seu pote secreto, abriu-o com as sete chaves e verificou que já tinha novecentas e noventa e nove pétalas e, mal fosse meia-noite, iria buscar a última pétala e pedir o seu desejo. Mal pousou no pote a milésima pétala, apareceu um extra-terrestre, vestido de fada madrinha, na sua nave espacial tipo Noddy - amarela com pintas vermelhas e, como som de buzina, o sino. Vinha ainda a ouvir o genérico da série televisiva do Noddy, quando estacionou em frente de Jade.
- Cabadim, cabadar, estou aqui para o seu desejo realizar.
- Quero que me traga o meu marido!
- Desculpa, esse desejo está esgotado. Parece que nos últimos tempos desapareceram muitos maridos! Esse desejo só voltará a estar em stock na próxima década. Aliás, neste momento, só temos disponível, como desejo, um frasco cheio de nevoeiro.
- Hã? Mas vá… muito bem, que seja o frasco de nevoeiro.
- Papati, papatá, um frasco cheio de nevoeiro aqui está!
Adeus, espero que goste. E ah, já me esquecia, não aceitamos devoluções! Adeus!Visto ainda não ter o marido de volta, Jade andou, nadou, até que encontrou o labirinto a dez ilhas da qual se encontrava e pensou em usar o frasco contra o canibal. Assim que abriu a rolha, soltou-se um grande nevoeiro que fez com que o canibal ficasse cego, surdo, mudo, paralítico e constipado. Jade aproveitou, pegou num molho de pedras, deixando-as como rasto, fugiu do nevoeiro, entrou no labirinto, procurou o marido e assim que o encontrou puxou-o e levou-o de novo até à ilha. Já em casa, ele explicou-lhe o sucedido e nunca mais se separaram. Ah, e Jade também nunca mais voltou a pedir desejos, porque aprendeu que os mais fáceis estão sempre esgotados.
Andreia, nº 2, 7ºA3
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