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sábado, 31 de agosto de 2013

Clara Verdade Loureiro - Menção Honrosa Género Narrativo - 3º Ciclo

O rapaz que queria ser mar

De entre todos os sentimentos, há um que me fascina particularmente: a liberdade. Não há nada melhor que poder ir aonde quisermos e quando quisermos ou ainda fazer o que desejarmos, precisamente quando quisermos. Porém, nem todas pessoas gozam dessa felicidade e muitos são os que se encontram presos por muros e paredes que outros erguem ou que eles próprios constroem.
Esta história, que vou passar a contar, é a de um rapaz que se chamava Joaquim e que não tinha nem uma pequena noção de liberdade, pois nunca a possuíra.
Joaquim era um rapaz doce, meigo, simpático e bem-educado, mas era também muito inseguro e facilmente manipulado. Fazia tudo o que os seus amigos da escola lhe pediam, concordava com tudo o que decidiam e sempre que lhe pediam uma opinião, dava sempre a que lhe parecia agradar aos outros, mesmo quando no seu íntimo não era aquilo que realmente sentia ou queria. De facto, não conseguia contrariar a vontade de ninguém, nem conseguia dizer o que sentia, pois temia que os outros reagissem mal, que não estivesse à altura das suas expetativas ou que ficassem desiludidos consigo.
Joaquim vivia acorrentado por si próprio e triste, muito triste.
Quando queria relaxar, o rapaz ia para a beira-mar observar o oceano, um dos únicos sítios onde descontraía e se refugiava de tudo o resto. E lá ficava o tempo que queria. Gostava assim de ver as gaivotas, as ondas, as conchas. Apreciava cada centímetro daquela vista maravilhosa.
Joaquim apreciava o mar. Aliás, admirava a força do mar e, no seu íntimo, ambicionava ser como o mar. Pode parecer uma comparação estranha, mas está cheia de verdade. Sim, porque não há nada mais livre que o vasto oceano. Viaja por onde quer e quando lhe apetece. Por outro lado, toca todos os continentes. Quando quer, é calmo e quente, a imagem da paz e tranquilidade. Noutras alturas agita-se, eleva-se e enche- -se de espuma que parece lembrar a sua raiva e assustar quantos o observam. Tem tanto poder o mar! É tão livre!...
 Joaquim, em contrapartida, sentia-se frágil. Por mais que quisesse, este rapaz seria sempre, na melhor das hipóteses, um pequeno e fraco ribeiro que corria sempre para o mesmo lado e nunca deixaria de ser assim, se continuasse a ignorar os seus próprios sentimentos. Para sua infelicidade, assim foi durante muito tempo.
Certo dia, os seus pais decidiram mudar de casa e ir viver para o interior do país. Como sabiam que Joaquim era tão fácil de manipular, nem sequer pediram a sua opinião. Quando ele teve conhecimento da notícia, sentiu um forte aperto no coração. Como iria ele sobreviver sem o mar? Sem a sua inspiração? Sem o conforto que este lhe dava quando estava triste, quase sempre triste consigo mesmo?!
Um sentimento de angústia inundou o interior do rapaz. Sentia-se perdido, abalado. Lembrou-se que por enquanto ainda tinha um sítio para se refugiar. Então, correu e correu o mais rápido que conseguia para a praia.
Durante breves momentos, Joaquim pensou em como seria poder expressar-se, combater os seus medos e então, apercebeu-se que, quanto mais ele resistisse à vontade das outras pessoas, maior seria a sua liberdade. De repente, começou a sentir no seu peito a força das marés que o queria sacudir e fazer despertar. O cheiro do mar invadiu-lhe os pulmões como se fosse um remédio que o queria trazer à vida. À vida que ele tinha que viver sem medos. Joaquim não soube como, mas de repente sentiu-se mais confiante e determinado que nunca e entendeu de imediato que aquele era o momento certo para falar com os pais e partilhar com eles os seus sentimentos e desejos.
Já na companhia dos pais, Joaquim não sabia bem por onde começar ou qual seria a altura certa para falar no assunto. Assim que conseguiu a sua atenção, Joaquim deu-lhes a sua opinião sobre a mudança e como tal, falou-lhes da sua necessidade do mar, e também de como se sentia, quando era obrigado a fazer tudo o que os outros queriam.
Para o rapaz, este foi o momento mais importante da sua vida até então, pois teve um comportamento totalmente diferente daquele a que estava desde sempre habituado. Foi doloroso… Contudo, foi libertador.
 Os pais acabaram assim por dar prioridade aos sentimentos do seu filho e entender o que na realidade o assustava todos os dias. Perceberam o quão difícil era para o Joaquim querer partilhar uma opinião mas contrariando a sua vontade, com medo que não fosse aceite pelos outros. Valorizaram a sua coragem ao, finalmente e pela primeira vez, assumir uma posição: a “sua posição”.
No final, tudo ficou bem pois os pais de Joaquim decidiram não mudar de casa, e o rapaz perdeu todo o medo de se expressar, deixando assim de ser apenas mais um pequeno curso de água controlado por tudo e todos. Cresceu para se tornar um oceano com vontade própria, mas que dia a dia aprendia a lutar contra as tempestades que surgiam sem, no entanto, contrariar a sua natureza.

Clara Verdade Loureiro, nº 7, 8º C
ESCOLA BÁSICA Nº 2 DE ANADIA
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ANADIA
Ano letivo: 2012 - 2013

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Raquel Neves Seiça - Menção Honrosa Género Narrativo - 2º Ciclo

O mar e a rosa

Há muito tempo, um jovem foi condenado, por algo que estava inocente, a passar vários anos numa prisão que ficava numa pequena ilha isolada do mundo. Nesse lugar quase deserto, apenas havia algumas casas e um hospital.
Um dia, quando ele estava a limpar a sua cela, ouviu uma linda voz. Olhou lá para fora e viu uma rapariga a apanhar girassóis ali perto.
- Olá, como te chamas? – disse o prisioneiro.
- Eu? Eu chamo-me Rafaela – disse ela. – E tu, como te chamas?
- Eu chamo-me João – respondeu ele.
- E porque estás preso? – perguntou a Rafaela.
- Eu estou preso por uma coisa que não fiz – respondeu ele.
- Isso não devia ser assim - disse a rapariga. – Bem, eu tenho de ir embora.
- Espera, podes vir ver-me amanhã? – perguntou o rapaz.
- Claro que sim!
Mas o que ele não sabia era que a nova amiga sofria de uma doença chamada “Cancro”. A Rafaela ficava quase todos os dias no hospital, mas durante algumas horas, ia lá para fora ver os girassóis. Eram lindos!
No dia seguinte, a Rafaela veio visitar o João. Quando chegou lá, viu-o a chorar e perguntou-lhe:
- João, porque estás a chorar?
- Eu não estou a chorar. Eu sou um homem – respondeu o João.
- Claro que estás, tu não tens de ter vergonha, só porque és um homem. Agora conta-me o que foi – disse a Rafaela.
- Eu fui espancado pelos guardas por não ter feito nada e agora o meu corpo ainda me dói – respondeu ele.
- Ah, foi isso?! Desculpa. – disse a Rafaela.
- Porque te desculpas? – perguntou o João.
- Porque o meu pai trabalha aqui, ele é o xerife. Ele chegou tarde a casa e eu perguntei-lhe porquê. Ele disse-me que tinha dado uma lição a um dos prisioneiros. Se eu soubesse que eras tu, então tinha-lhe dito para não fazer isso – respondeu Rafaela.
- O teu pai trabalha aqui?! – surpreendeu-se João – Olha que não sabia, mas não tens de te desculpar.
- Estou feliz – disse a Rafaela. – Tenho de te dizer uma coisa.
- O quê? – perguntou o João.
- Eu não posso vir amanhã visitar-te porque vou fazer uma operação – respondeu ela.
- Porquê? – perguntou o João.
- Porque eu tenho cancro. – respondeu a Rafaela.
- Não acredito! Então para dar sorte para a tua operação, toma isto – disse o João, dando uma rosa à amiga.
- Ah, muito obrigada, João! – agradeceu a menina, muito comovida.
No dia seguinte, Rafaela estava a sentir muitas dores mas, quando olhou para a janela e viu a rosa do João, sentiu-se melhor e com coragem para enfrentar aquele momento difícil que se aproximava.
Quando a operação acabou, Rafaela já não tinha dores. Olhou para a janela e sorriu ao ver outra vez a rosa que o João lhe tinha dado. Era linda e perfumada! Depois viu o mar lá fora e teve uma ideia. Apenas não sabia que o pai a observava fora do quarto, pensando em quem lhe teria dado aquela rosa.
Subitamente, sem dizer nada, ele entrou no quarto, pegou na rosa e esmagou-a com a mão. Rafaela ficou profundamente triste e, com os olhos rasos de água, saiu da cama e pegou nos restos da rosa.
No dia seguinte, sentindo-se melhor, arranjou forças para visitar o amigo. João, vendo-a limpar as lágrimas, perguntou-lhe:
- Rafaela, tu estás bem?
- Sim, estou bem. A operação correu bem, mas o meu pai estragou a rosa que tu me deste – respondeu a menina.
 - Não faz mal, não tens de te preocupar, vais ver que ainda te vou dar mais rosas do que podes imaginar – respondeu o rapaz, consolando-a.
-Muito obrigada por me animares! Olha, eu tinha pensado numa surpresa para ti – disse a Rafaela. – Onde guardam as chaves para abrir a porta?
- Guardam-nas ali, no bolso daquele polícia que está a dormir – respondeu o João.
A Rafaela foi buscar as chaves sem acordar o polícia e depois abriu a porta da cela.
- Onde me levas, Rafaela? – perguntou o rapaz.
- Aqui ao lado. – disse ela.
João viu um lindo mar, sentiu a brisa fresca na cara e sentiu a água a vir até aos seus pés. Mas, de repente, começou a chorar.
 - O que foi, João? Não gostaste da surpresa? – perguntou a Rafaela.
- Não, não é nada disso – disse o João. – É que foi aqui que fui abandonado pelos meus pais, depois fui encontrado por um casal que me adotou. Mas, alguns anos depois, eles foram assassinados e culparam-me pela morte deles.
 - Que triste história! Então foi por isso que foste preso? – disse  Rafaela.
Passaram horas a olhar para o mar, até que sentiram as suas mãos uma em cima da outra e ficaram corados. Depois João falou:
- Rafaela, eu tenho uma coisa para te dizer.
- O que é? – perguntou ela.
 De repente, João deu um beijo à amiga, mas o pai estava a vê-los e acabou por se afastar sentindo que tinha de intervir. Rafaela e João acabaram por se beijar e ela não sabia o que dizer.
- Eu… eu não sei o que dizer.
- Responde-me só a esta pergunta – disse o rapaz. – Tu gostas de mim?
- Sim…eu gosto de ti – disse a jovem.
Depois, levou o amigo para a prisão para não pensarem que ele tinha fugido. Ela não queria, mas os guardas iriam à sua procura se não aparecesse.
- Amanhã, eu venho ver-te para podermos ver o mar outra vez, só tenho de ir ao hospital, primeiro. Adeus! – despediu-se a Rafaela.
No outro dia, logo de manhãzinha, o rapaz conseguiu tirar as chaves da porta da prisão ao polícia e foi à praia para voltar a ver o mar com a Rafaela.
Enquanto estava à sua espera, o pai, que já tinha planeado tudo, mandou os guardas à praia. Os guardas apontaram as suas armas ao João e, quando ele se virou para trás a pensar que era ela, foi atingido muitas vezes. Ao cair no mar, largou a rosa que iria oferecer à Rafaela.
 Naquele momento, a rapariga ainda estava no hospital ansiosa por ir ter com o amigo. Mas, de repente, sentiu uma dor vinda do seu peito e achou estranho, pensou que podia ser alguma coisa relacionada com o João. Então, saiu do hospital e foi ter à praia.
Quando lá chegou, viu muitos polícias e o pai à frente. Ela correu para ver o que era e viu o João morto na água. Correu até ele, abraçou-o com força até que viu a rosa no mar. Começou a chorar, apoiando a cabeça no peito dele.
O pai arrastou-a. Ela tentou libertar-se, mas não conseguia. Começou a chorar, o pai levou-a para o hospital e trancou a porta do quarto. Ela não conseguia falar, só ficava ali calada com os olhos frios, a olhar para a rosa que tinha pegado no mar.
Olhou pela janela e viu o mar agitado. Levantou-se da cama, abriu a janela e saltou para fora. Foi até a um penhasco, olhou para o mar e a única coisa que disse foi:
- Finalmente podemos estar juntos!
Saltou para o mar com um sorriso, murmurando:
 - João…
No hospital, as enfermeiras foram avisar o pai que ela tinha desaparecido. Ele correu para o quarto e a única coisa que viu foi uma janela aberta a mostrar o mar e no parapeito uma rosa fora do vaso deixando cair a última pétala.

FIM


Raquel Neves Seiça, nº 19, 6º A

Escola Básica nº 2 de Anadia

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - Eu sou o Mar! - Conclusão

Parte II

Crianças! O que foi que eu fiz?! Ó Posídon, o que foi que eu fiz? E ai vem o arrependimento, pois olho e vejo os rostos sofridos daqueles que como eu choram a destruição. Vejo o seu desespero, a sua angústia, a sua perda e a sua desilusão.
O que posso eu fazer, Posídon?
Decido, então, acalmar as minhas águas e tento levar todos os humanos lentamente até à praia. Vejo que alguns ainda podem ser salvos, outros, não sei.
Na verdade, tenho de mudar, tenho de pensar antes de agir incontrolavelmente. Como pode a minha sede de vingança atuar sobre tudo e todos, sem pensar que há alguns que não têm culpa nenhuma?! Como pude pensar em agir sobre todos de igual forma?! Como sou inconsequente… Leviano, mau carácter. Eu, um herói. Como sou bom a autoelogiar-me. Claro, quem haveria de o fazer! Os meus animais e plantas? Os Homens? Não! Só podia ser eu. E só eu para decidir a sorte dos outros e fazer aquilo que considero o certo e o errado. Só eu para atuar pela natureza toda e fazer a destruição. Sim, a destruição. Foi o que eu fiz. Agora, olho para as praias e é o que vejo: destruição. Famílias que já não o são. Crianças que já não têm pais, pais que já não tem filhos e eu, eu estava aqui feliz. Feliz porque tinha sido o grande e consciente causador de tudo isto. E porquê? Porque há um conjunto de Homens que como eu são inconscientes e que só pensam neles, na sua economia, no seu bem-estar, esquecendo-se que há um Mundo para gerir, que há uma natureza que não nos pertence, que há uma natureza que é de todos nós!
Nem sempre sou aquele mar agitado, mau, cruel!
Gosto de sentir os pescadores, que com os seus barcos mergulham as suas redes nas minhas águas para retirarem os meus peixes, pois sei que com eles vão alimentar outros seres… é a lei da vida, eu sei. Não sou egoísta. Mas, claro, não gosto de exageros!
Gosto de espraiar-me ao longo das praias que ajudei a criar, umas mais arenosas, com as suas belas areias tão brancas que até à neve faz inveja. Outras mais pedregosas, mas que também gostam de ser visitadas pelos humanos por causa das minhas águas bem quentinhas. Outras, apesar da cor mais escura das suas areias, não deixam também de os atrair. Há para todos os gostos.
Gosto daquele jovem humano que sulca, num perfeito nadar, as minhas águas com aquela arma em busca do meu mais belo polvo e que, num jogo de esconde e agarra, acaba por sair vencedor, levando finalmente o seu troféu para terra.
Sinto aquele barco que faz aquela menina deslizar sobre as minhas águas até que, cansada, acaba por deixar-se cair sobre mim e então, eu e ela em uníssono rimo-nos da sua aventura e salpico-a com uma branca espuma para ela ver que não lhe faço mal. Ela responde-me atirando-me com a minha própria água e rindo em sonoras gargalhadas. O barco volta, enfim e ela sobe, deixando-me um pouco triste por me deixar ali sozinho.
Também me sinto feliz, ao ver aquele par que nada esquecido e não vê que a noite já tombou sobre as minhas águas. Sinto o calor que os seus corpos irradiam e lanço sobre eles uma vaga mais intensa, alertando-os para a hora tardia e vejo-os, então, desaparecer por entre as rochas que há muito abandonei!
Mais à frente, peço ao meu amigo vento que levante um pouco e ajude aqueles que estão sobre as minhas águas para que aqueles velejadores possam estimular a adrenalina e dar asas à sua emoção.
E sabe tão bem ver grandes e pequenos a correr na minha direção e vê-los saltar e mergulhar nas minhas ondas e agitar as minhas águas. Alguns, e não pensem que são apenas os mais pequeninos, deleitam-se a verter as suas próprias águas nas minhas, mas essas são pequenas insignificâncias que até me fazem rir.
Vejo aqueles que incautos se deleitam ao sol e depois, vêm até mim refrescar-se e eu tento lentamente mostrar-lhes que não devem entrar de imediato nas minhas águas.
Observo aquelas crianças que gostam de fazer pocinhas junto a mim e eu brinco com elas, derrubando os seus castelos de areia. Mas, elas persistentes voltam e voltam a construí-los e eu sempre a destruí-los. Como me delicio, eu e elas nesta constante brincadeira de crianças.
Também faço ondas mais pequeninas para aqueles humanos, sim, aqueles que parecem temer-me, e que não vão molhar muito mais do que as pontas dos pés. Sempre que uma mini, mas mesmo muito mini onda lhes tenta chegar, eles fogem espavoridos para o mais longe possível de mim e tentam refugiar-se na areia escaldante, onde saltitam entre um pé e o outro. Mas depois lá voltam, quase a medo, pois o calor assim o exige.
Depois aparecem alguns humanos completamente vestidos. Levantam as calças, as saias, ou lá como se chamam as roupas e quando decido mandar uma onda mais forte e se molham todos, é engraçado vê-los aos gritinhos… parecem crianças!
Lindas são as crianças, com as suas boias e/ou braceletes coloridas, que sem medo tentam vir a mim. Mas aí vêm os pais com os seus mil olhos e mais mil a protegerem-nas de tudo e de todos e dando instruções e mais instruções, recomendações, avisos, quase não os deixam ser eles. Eu não lhes faço mal, porém grito-lhes, mas eles não me escutam. Então, tento brincar com eles e lanço um pouco de água. Por vezes, cubro-lhes a cara para os fazer rir, a uns sim, mas a outros faço-os chorar. Os pais ficam logo aflitos e eu também! Pois, penso eu, o ser humano é mesmo estranho!
Mas logo, logo, esqueço este momento e sigo noutra direção, pois vejo os surfistas que me aguardam vestidos a rigor, a maioria de preto, com as suas belas pranchas aguardando as minhas ondas. Sei que esperam os meus famosos tubos, como eles lhes chamam e eu não os quero desiludir. Por isso, clamo a minha força, não a destruidora, mas aquela que eles esperam, e enrolo para eles as minhas águas e deixo que eles se maravilhem bailando como só eles conseguem e que desfrutem desse magnífico espetáculo que só eu e eles conseguimos proporcionar. E eis toda a nossa plenitude, a simbiose perfeita entre o mar e o Homem!
E, assim, vou vivendo, umas vezes ajudando o Homem, dando-lhe felicidade, outras vezes, quando me apercebo das suas injustiças e vejo que ele me está a destruir e que ao destruir-me também se está a destruir a si próprio e nos está a destruir, chamo-lhe a atenção.
Eu, o mar, não suporto ver ninguém, nem mesmo o Homem, a destruir este belo planeta que é de todos e que é a nossa Terra.

 Adriana de Matos Pedrosa, nº 1, 9º C 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - Eu sou o Mar!


Parte I

Eu sou forte, poderoso e domino. Sim, domino!
Mas agora? Pareço adormecido?… Não!
Há sempre uma, mesmo que leve, agitação que me faz vibrar. Há sempre uma corrente, fria ou quente, que me agita as entranhas.
O meu ondular, mesmo que quase impercetível, existe. A vida que há em mim suaviza-me o caráter.
Eu jamais adormeço!
Eu atraio aquele que considero o meu maior amigo e inimigo: o Homem!
Eles querem derrotar-me, quebrar-me, tirar o que é meu!
Não gosto muito daqueles que andam naquelas coisas, a que chamam barcos, motas e outros meios com motor, pois poluem as minhas águas. Mas, vá lá! Até os tolero, pois não são muitos nem são muito grandes. Os banhistas, que são aqueles que tomam banho nas minhas praias, é que deveriam reclamar mais, pois às vezes andam a nadar no meio de toda aquela poluição, mas se eles não se importam… quem sou eu?!
Também há uns objetos que de vez em quando passam lá pelo céu. Já ouvi os humanos chamarem-lhe avião. Dizem que fazem propaganda, que transportam mercadorias, que transportam pessoas. Não percebi muito bem. Só sei que também poluem. O Céu disse-me que lhe deixa um mau cheiro bem como rastos e ruídos. Eu só sei que, quando chove, as águas vêm com um sabor diferente, por isso, também não é nada bom.
Os humanos são mesmo esquisitos! Fazem tudo para prejudicar o ambiente. Mas, olhando para eles, parecem felizes. Pelo menos, a maioria deles.
Pior do que isso é que sinto os gritos dos meus pobres animais capturados nas imensas redes dos seus barcos e deixo sempre que me tirem mais um pouco de mim…
Sinto as brocas que perfuram o meu fundo e sugam o meu crude e deixo…
Sinto os barcos que passam e lançam sobre mim os seus resíduos e, mais uma vez, eu deixo…
Sinto os camiões que rasgam as minhas areias, desagregam as minhas rochas e as transportam, não sei para onde.
Sinto os canos que lançam os seus esgotos para dentro de mim e dilaceram as minhas águas e continuo a deixar…
Sinto as redes que aprisionam os meus animais…
Sinto os barcos que lavam os seus tanques nas minhas águas…
Sinto os seus barcos que laceram as minhas águas…
Sinto a cor das minhas águas a mudar!
Sinto o sabor das minhas águas a tornar-se diferente!
Sinto o cheiro das minhas águas a ficar insuportável!
O crude que se espalha e os meus animais, que sentem uma lenta agonia antes de morrer, causam-me uma profunda dor.
Fico ainda sem palavras, quando vejo os alimentos que ingerem e que afinal não são alimentos, mas plásticos que viajam milhares de quilómetros, pelas minhas águas.
Vejo as belas cores dos meus corais a fugirem! Sinto os seus gritos desesperados de uma agonia atroz.
Sinto o meu plâncton a morrer… e com ele, a minha vida a desaparecer!
No princípio, há muitos, muitos anos, deixei que tudo fosse acontecendo. Era tão pouco que o poder de autolimpeza das minhas águas era tão grande que não fazia diferença. Eu deixei que tudo acontecesse. Mas depois, depois… começou a aumentar, a aumentar, a aumentar… e o meu poder de autodepuração começou a ser insuficiente. Eu comecei a sentir o meu poder a diminuir. Comecei a sentir a raiva a crescer, o ódio contra os Homens a desenvolver-se. 
A fúria que há em mim tomou conta do meu mais íntimo ser e expludo! Aí, ai de quem estiver por perto. Devoro e destruo tudo e todos, sejam eles os culpados ou os inocentes. Fico alucinado. A minha imensa raiva cega-me e não me permite tolerar o mal que me fazem e, então, perco toda a minha glória e bravura. Fico reduzido ao mais vil dos seres e, nesse preciso momento, quero mostrar como estou triste e como consigo ser vingativo…
Pode ser só um homem que atraio para mim quando pesca nas rochas, mas que me faz lembrar todos os peixinhos que são depois lançados às águas descartados por não os quererem.
Pode ser um nadador solitário que se aventurou mais do que devia e a sua audácia acabou por ser paga com a vida!
Outras vezes, fico-me por pequenas tempestades e ataco apenas um dos seus barcos, que incauto se deixa apanhar pelo poder das ondas, que lhe lanço, e que impotente perante o seu poder se deixa por fim arrastar para o meu fundo. Destruo vidas humanas, eu sei, mas na minha sede de vingança tudo é esquecido e, nesse instante, só penso no que eles me fazem, em tudo o que me tiram e só penso em atacá-los!
Outra das vezes, quando a fúria e a raiva são incontroláveis, clamo aos céus que me ajudem. E, então, ouço o ribombar dos trovões e vejo as águas que brotam das negras nuvens e que se juntam à violência que imprimo às minhas ondas. Eis, assim, que nada me consegue parar. As vagas aumentam de volume e partem-lhes as grandes embarcações como faço com os brinquedos das sereias, quando estas se portam mal.
Porém, é naqueles dias em que a fúria fica ainda mais viva, é nesses dias que chamo a mim toda a minha força, em que apelo a todo o vigor das minhas entranhas, que duplica o meu já imenso poder. E, assim, com toda a energia acumulada ao longo dos anos e ajudado pelas placas tectónicas que me sustentam, sugo as águas para mim, formando então ondas gigantes que depois lanço enfurecidas e deixo que as minhas águas arrastem, devorem, destruam tudo por onde passem, mesmo aquilo que em tempos ajudei a construir com amor. As ondas gigantes que crio tomam tudo em míseros instantes deixando gritos de dor, iguais àqueles que aqueles inconsequentes Homens me deviam ouvir a mim, quando me tiram os meus peixes, quando me atiram com os seus lixos, quando…
Mas, não me ouvem. Porquê?!
A minha fúria ainda tarda em acalmar. O meu espírito ainda se mantém alerta e tempestuoso. Contudo, lentamente vai serenando.
Eu fico a espraiar-me e a apreciar o meu grande feito, ao longo daquela imensidão de praias que eu dominava e muitas das quais o Homem me tem vindo a tentar usurpar. Gozo o espetáculo que faço.
Vejo a minha vingança tornada realidade. Sinto-me tão bem! Qual rei que vê os seus súbditos castigados por toda a maldade que me têm imprimido ao longo de longos anos.
Vejo as casas a ser destruídas. Oiço o choro dos Homens, os carros que deambulam sem rumo, os barcos que se vão voltando. Os muros desabando…

Finalmente, sinto-me serenar e as minhas entranhas começam a sentir o doce sabor da calma, a raiva desaparece. As minhas águas vão regressando e com elas trazem um mundo de humanos. Vejo homens e mulheres, alguns já sem vida, crianças…

Continua...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - Perdidos no mar

Perdidos no mar

O meu nome é Peter Vanick. Neste momento, estou perdido no mar e esta pode ser a última coisa que faça. Tenho comigo um caderno, alguma comida e o meu papagaio, a minha única companhia. Não vejo terra há dois dias. Sei que não resolve nada, mas só me resta chorar e ter fé. Estou aqui, porque prometi ao meu filho que íamos à praia e só me lembro de ver uns homens, bem constituídos, lá ao longe. Depois disso, acordei neste local. Ah! Como gostaria de lhe dizer que o pai está bem e para ele seguir os seus sonhos.
Entre suspiros e lágrimas, uma parou no meu nariz com tamanha delicadeza que me levou a sonhar. Imaginava-me a mergulhar no imenso mar e a nadar por entre os corais. Sinto-me liberto de mim mesmo, mas assustado ao mesmo tempo. De repente, uma sombra interrompeu-me os pensamentos. Vem na minha direção. Vejo agora com mais nitidez que é uma jangada igual à minha! Será que me quer fazer mal?
Chama-se Derek Nill e também está perdido, também aqui está pela mesma forma que eu e, de igual modo, tem um papagaio. Tem um ar abalado. No entanto, sinto que é uma pessoa forte porque, apesar das circunstâncias, não o vejo a desistir. Decidimos juntar as duas jangadas e construir uma vela com alguns tecidos, talvez nos levasse à terra. E levou! Pois, em pouco tempo, avistámos uma ilha rica em vegetação e animais. Colhemos alguns frutos e após nos sentarmos na areia, ouvimos uns sons que nos alertaram. Logo de seguida, estavam a cair lagartos do céu. É isso mesmo, lagartos. Mas isso não foi o pior! Momentos depois, surgiu uma foca com um cheiro extremamente desagradável. Parecia que os animais se tinham juntado para nos expulsar de lá. Ficámos ainda mais surpresos, quando o Derek viu um jovem escondido atrás de uma rocha. Não esperávamos encontrar humanos aqui!
Ambos aproximaram-se e o miúdo tomou a iniciativa de falar. Tinha-se aborrecido com a mãe aquando duma viagem de cruzeiro e quando o barco arrancou rumo a casa, ele saltou de volta para a ilha sem que ninguém desse por isso. Ele dizia que regularmente lá passavam helicópteros de busca para ver se o encontravam, mas que não fazia questão de se entregar. Era verdade que tinha saudades dos amigos e da família, mas estava bem ali e gostava de se sentir independente. Talvez um dia mudasse de ideias. Mas agora o mais importante para ele era poder contemplar as belezas daquele mar imponente, majestoso e poderoso.
Já mais calmos, vimos outra jangada boiando até à costa. Nela estavam duas mulheres. Parecia que o mar abria caminho para a ilha. Entretanto, ao longo do dia, mais jangadas chegaram. Já estou habituado ao ritmo. Porém, não me sai da cabeça a ideia de passarem por cá helicópteros, podíamos ser salvos e levados de novo a casa. Mas, por outro lado, estou a gostar de todo este ambiente. Enfim, só o futuro o dirá.
Peter, Derek e todos os outros, que foram parar à ilha, acabaram por aqui ficar, tornando-se cada vez mais apreciadores do magnífico e admirável mar que rodeia esta ilha, pelo qual todos se apaixonam, vendo nele a sua única razão de viver. Tal é o poder mágico que o mar exerce e sempre exercerá no ser humano!

Ana Sofia Monsanto, 8º C
Escola Básica, nº 2 de Anadia

Ano letivo: 2012 / 2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - Um rapto misterioso - conclusão!

Parte II
- Por favor Raquel fala mais baixo tenho a cabeça a explodir e sinto que não vou aguentar muito mais.
- Desculpa. Temos de te arranjar algo para parar a hemorragia. Duarte procura ai algum retalho de tecido.
Depois de o Duarte me cobrir a cabeça gentilmente apareceu um homem. Era mesmo que nos tinha perseguido e nos tinha apanhado.
- Espero que as meninas e o menino não enjoem com o movimento do barco. Porque vão estar aqui mais algum tempinho seus marotos. Já liguei aos papás, se eles fizerem o que eu mando amanhã já vão embora. – o homem podia estar a falar de uma coisa que podia ser bom para ele, mas sentia que tinha um olhar triste nos olhos um olhar de solidão.
- Porque nos fez isto? Você vai apodrecer na prisão sabe. Os meus pais têm contactos e facilmente o metem lá dentro.
- Primeiro vai lá com calma rapazinho. Segundo era para perguntar se a amiguinha está melhor da lesão na cabeça. Eu não queria bater com tanta força.
- Sim, eu estou melhor. - estava receosa pois não sabia as intenções do homem.
- Bem para passarmos o tempo vamos fazer um jogo. Cada um escreve num papel o que acham que são as minhas intenções. Eu aqui para vocês sou o pirata mau mas na verdade posso ser outra coisa qualquer sem ser rude.
Em cada pedaço de papel de caderno rasgado estava uma intenção:
Duarte - “Quer nomear-se capitão e esta é a sua maneira de o fazer”
Eu - “Quer arranjar mais capangas e pagar-lhes com o dinheiro dos nossos pais”
Raquel – “Não é ninguém na vida e quer vingar-se nos bem sucedidos”
Homem – “Quero comprar um dente de ouro para não ser gozado pelos outros piratas.”
  Íamos trocando os bilhetes e todos ficámos estupefactos. Como era possível.
  - Desculpem lá mas toda a minha vida toda a gente gozou comigo. Estar sozinho no mar era a única coisa que me fazia feliz. Peço desculpa por vos ter magoado mas eu precisava de dinheiro que vocês têm para a minha vida se tornar melhor.
  - A sério que você nos raptou para ficar com o dinheiro do resgate. Não era mais fácil pedir dinheiro ao banco ir ao facebook procurar a página de algum dentista que o pudesse ajudar. – eu adoro a Raquel mas sem dúvida que ela por vezes é insensível.
  - Bem se você nos ir embora nós fazemos um acordo com os nossos pais, damos-lhe o dinheiro e não fazemos queixa na polícia.
  - Obrigada.
  Depois saímos do barco e fomos diretos ao hospital. O Duarte trouxe-me ao colo pois perdi os sentidos a meio do caminho. Quando acordei estava numa cama de hospital com o Duarte ao meu lado a dar-me a mão.
  - A Raquel? – Perguntei eu atordoada.
  - Ela foi para casa tomar um banho e descansar. Os teus pais estão a caminho. O médico disse que estás bem mas precisas de descansar. Não tens nenhum tipo de traumatismo.
  - Mas tu. Ainda não foste a casa descansar, deves estar de rastos.
 - Eu nunca seria capaz de te deixar aqui sozinha. As princesas precisam dos criados para se sentirem bem.
  - Tu não és meu criado és mais que isso, muito mais significas muito para mim.
  - Tu também. A verdade é que sinto que és mais que uma simples amiga. Gostaria que déssemos o próximo passo.
  - Eu também. – naquele momento o Duarte esticou-se e beijou-se todo o corpo tremeu e senti que algo brilhava dentro de mim. Algo de seu nome amor.
  Ficámos a olhar um para o outro. Quando os meus pais chegaram o Duarte foi-se embora. O Duarte á porta mandou-me um beijo.
  Bem depois de tudo explicámos aos nossos pais. Dissemos que tínhamos ido dormir a casa de uma amiga e que eu tinha caído e batido com a cabeça. A verdade é que o pirata mentiu-nos e ainda não tinha ligado aos nossos pais quando nos falou. Depois de muitas lavagens de carros angariámos o dinheiro para o homem.
  Depois desta aventura eu e o Duarte estamos a partilhar o resto do verão lado a lado como namorados. Bem à possibilidades ele se mudar para o meu liceu para ficarmos juntos. Por enquanto está tudo bem e isso é que interessa.
 
Margarida Costa Pereira, nº 13, 8º B
Escola Básica nº 2 de Anadia
Concurso Ler & Aprender

domingo, 25 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - Um rapto misterioso



Parte I
- Mãe, tenho de sair, adeus!
- Onde vais Joana?
- Vou até à praia combinei com a Raquel no café dos pais dela, mas agora tenho mesmo de ir, estou atrasada! Não almoço em casa. - disse eu num tom apressado a acabar de apertar os ténis.
  Ia eu num passo acelarado quando fui contra algo. A minha carteira caiu no chão e aprecei-me  a apanhar tudo o que nela estava guardado. Quando olhei para a frente estava o rapaz mais giro de sempre. Parecia um sonho. Era moreno, alto e de olhos azuis.
  - Desculpa! - sussurrei eu envergonhada.
  - Não a culpa é minha ia tão apressado que nem reparei nesta linda menina. Estás magoada?
  - Não. Não é preciso preocupares-te.
  - Com tanta coisa nem me apresentei. O meu nome é Duarte. Ia agora para o bar da praia tenho de ir ter com uma pessoa.
  - Eu também estava a ir para lá vou ter com uma amiga. Podemos ir juntos. A propósito o meu nome é Joana.
  - Sim claro. Será uma honra acompanhar-te.
  Enquanto caminhávamos fomos falando.
  - Bem eu nunca te tinha visto por aqui. És novo? – perguntei eu ainda constrangida.
  - Não aliás não vou estar aqui muito tempo. Estou com uns familiares. Sou aluno na escola da marinha e em breve parto novamente para o mar alto.
  - Mar, eu adoro mar. Não gozes mas toda a minha vida eu quis ser capitã. Quando tinha 7 anos obriguei a minha mãe a comprar-me roupas de marinheiro e um leme. Usava sempre essas roupas. Até o chapéu e o lenço eu tinha. Só faltava a perna de pau. Toda a minha vida li poemas de Camões, biografias de navegadores.
  - Bem já posso dizer que temos coisas em comum. Eu fiz exatamente o mesmo com a minha mãe. Bem a minha prima está ali.
  - Mas essa é a amiga com quem eu vinha ter.
  Chegados os dois ao café “Doce do mar” foi a vez de Raquel falar.
  - Vejo que já se conheceram por isso despende-se apresentações. Joana espero que não te importes que o Duarte fique connosco mas ele é um familiar e não ia deixá-lo sozinho em casa.
  - Raquel chegas aqui à parte um bocadinho? - perguntei eu. Não sei o que se passava desde que tinha visto o Duarte ainda não tinha perdido a vergonha.
  - Nunca me tinhas contado que tinhas um primo assim.
  -Vá lá Joana não fales assim ele é família.
  -Eu sei, mas diz lá que se ele não fosse “família” te importavas se ele fosse teu namorado. Ele é giro e cavalheiro. Já há poucos assim.
  -Até tens razão. Mas cala-te e comporta-te.
  -Sim, senhora capitã. – disse eu a imitar o gesto militar.
  De seguida fomos as duas para a mesa. O Duarte já tinha pedido 3 coca-colas e três pizas pequenas.
  -Bem, como vocês estavam a conversar e eu não quis interromper já fiz o pedido. Espero que vocês gostem do que eu pedi.
  -Olhem o empregado já vem ali com os pedidos. Estou esfomeada. Hoje ainda só bebi um copo de leite á presa. - afirmou a Raquel enquanto esfregava a barriga.
  De repente tive uma estranha sensação. Sentia que naquele momento alguém nos estava a observar e toda a minha pele estava arrepiada. Este pressentimento não passou despercebido e a Raquel fez questão de perguntar-me o que se passava.
  - Não sentes algo de estranho. Parece que alguém nos está a observar. - olhei em volta e reparei que um senhor de aparência suja e de meia idade. Estava vestido com uma gabardina bege e um chapéu preto.
  - Joana, se tu preferires vamos para outro lado. Não quero que te sintas perturbada. Eu só vou avisar os meus pais lá dentro e já volto.
  Estava a ficar com arrepios e o Duarte pôs-me o braço dele sobre os meus ombros e sorriu dizendo:
  - Tem calma. Não se passa nada.
  Mesmo depois daquelas palavras não me sentia confortada. Mal a Raquel nós levantámo-nos para ir para casa dela. Ao andar na rua reparei que o estranho homem que estava no café estava a trás de nós. Quando entrámos no beco que dava para a casa da Raquel sentia uma forte pancada na cabeça e cai no chão desmaiada.
Lembro-me de acordar numa divisão e sentir-me a mexer. O Duarte estava ao meu lado com a Raquel a tentarem acordar-me. Senti uma enorme dor de cabeça e quando toquei nesta a minha mão encheu-se de sangue.
- Joana, estás bem. Pensava-mos que não ias acordar mais. Tu tinhas razão. O homem que estava no café segui-nos. A ti bateu-te com um bastão. Quando eu e o Duarte nos viramos o homem acertou-nos com um gás que nos fez adormecer. Já é de noite os nossos pais devem estar preocupados.

continua...

sábado, 24 de agosto de 2013

Concorrente ao Género Narrativo - O barco desaparecido

Há alguns dias, um rapaz com doze, treze anos, chamado João, estava sentado numa pedra, saliente em relação às outras todas, daquele longo paredão. Estar ali sentado a olhar para o horizonte, transmitia-lhe uma sensação de calma, tranquilidade interior e um relaxamento da mente que o confortava. Enquanto olhava para o horizonte vendo barcos a chegar e a partir lembrou-se da história dos marinheiros que tinham desaparecido no barco de nome “Caravela”.
Este barco tinha sido inaugurado com a famosa festa do queijo, do presunto e do vinho, dois anos antes. O rapaz estava tão envolvido nos seus pensamentos que nem reparou que o seu amigo Daniel chegara e se sentara perto dele. Só deu pela presença do amigo quando levou com os salpicos de uma onda que mais pareciam uma chuva de água salgada. O sucedido provocou nele uma ação imediata: levantar-se.
Quando viu o amigo, sorriu e cumprimentou-o com o seu cumprimento secreto de grandes amigos. Depois disto, contou-lhe o que estava a pensar e o amigo recordou-se da história que contaram quando os marinheiros desapareceram. O mito ficou, pois nunca ninguém soube o que na verdade se passara.
Conta-se que no dia em que o barco “Caravela” foi inaugurado, no café onde se celebrava a festa, alguém caiu e não mais se levantou, facto que, na terra dos rapazes, significa morrer. Muitas e variadas pessoas olharam, observaram e investigaram o corpo do homem morto e, no final, chegaram à mesma conclusão: o homem tinha morrido sem causa aparente. Uns diziam que tinha sido um espírito maligno que causara a sua morte, pois não queria que aquele barco de lá saísse. Outros diziam que tinha morrido de ataque cardíaco, porque tinha os olhos fechados. No entanto, esta teoria foi criticada, visto que que ele poderia estar a dormir. Havia ainda aqueles que diziam que ele tinha morrido por causa da quantidade de álcool que tinha ingerido. De qualquer maneira nunca se soube e também nunca se saberá!
Retornando de novo à história do desaparecimento. Conta-se que os barcos só devem partir para o mar num dia de sol. Esta situação era quase uma regra naquela altura, mas não foi o que aconteceu com aquele barco. No dia da partida, o céu estava bastante nublado, houve até quem afirmasse que terá sido o dia mais nublado que alguma vez tinham visto! Mas, mesmo assim, o barco partiu.
Nas primeiras semanas, todos mandaram cartas através dos pombos-correios que cada um possuía. Mas, na sétima semana depois da partida, nunca mais ninguém soube deles. Até aos dias de hoje não deram sinal de vida e já la vão vários meses desde que a última pessoa falou deles. Como ninguém soube o que se passou, criaram-se mitos cuja verdade não se conhece, pois nada nem ninguém voltou daquela maldita viagem.
Muitas mulheres consideraram-se viúvas, mesmo não sabendo se os maridos estariam mortos ou vivos. A maioria delas não continha as lágrimas quando alguém se referia ao barco, por isso disseram que todas as pessoas que falassem ou apenas pensassem no barco desaparecido seriam seguidas e torturadas até à morte pelos espíritos daqueles que perderam (ou não) as vidas naquela viagem.
Nos dias de hoje, com a existência de satélites e detetores de grande capacidade nunca se encontrou qualquer vestígio do barco!
Depois da história que Daniel contou, os dois refletiram sobre como é que uma estrutura com aquelas dimensões poderia desaparecer “enquanto o diabo esfrega um olho”.
Seja como for, tudo indica que ninguém vai saber o que realmente se passou naquela época com aquele barco “Caravela”.

Beatriz Agante de Almeida, nº 7,7º E

Escola Básica nº 2 de Anadia