Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

A gota d’água

Olá, chamo-me Cristal e sou uma gota d’água que não se cansa de viajar!

Decidi escrever esta história, porque faço bastantes viagens e gostava que conhecessem algumas das aventuras que eu vivo, apesar de eu molhar o papel, mas isso não interessa.

No mês passado, fiz parte de uma nuvem, onde fizemos uma grande festa e convidámos muitas outras gotas de água de outras nuvens, o que correu mal para quem estava debaixo de nós… Sim, porque aquilo tornou-se uma grande tempestade, com as nuvens a tocar uma nas outras.

Passado algum tempo, a nuvem largou-nos e fui cair no maravilhoso rio Tejo, num país chamado Espanha.

Os rios levavam-me em grandes aventuras e não sabia onde ia parar e o que me ia acontecer.

Fui brincando com os peixes e com outras gotas de água e estávamos à vontade porque a água estava limpa, até que me comecei a sentir estranha e o mesmo se passava com todos os que brincavam comigo, os peixes, as outras gotas de água e os animais à minha volta.

Tentei perceber o que se passava e fiquei a saber que estava junto a uma central nuclear que estava a tornar a água radioactiva. Mas porque será que nos fazem isto?! A radioatividade é muito perigosa para os seres vivos, e naquela zona do rio, estava tudo muito estranho…

Fui descendo no rio e fui perdendo essa sensação estranha, como que elétrica, e ainda bem, porque mais abaixo, olhei para o lado e vi um tubo que começou a puxar-me e eu, curiosa, não hesitei e fui para lá para dentro. Até que me vi dentro de um sistema de tratamento de águas, onde me trataram e desinfetaram. Agora estava limpa e dentro de uma torre de elevação de águas!

Segui o meu caminho, tubos e mais tubos, estava curiosa onde iria parar.

Até que, de repente outro tubo levou-me com toda a força e fui cair numa panela, que calor! Tentei não ser eu a evaporar, depois começaram a pôr vários legumes e vegetais. Eu fazia parte de uma sopa!

Mas onde fui eu parar, alguém iria comer aquela sopa, e quando isso acontecesse eu iria parar dentro do corpo humano, mas como de lá sairia?

Estava eu a pensar nisso, até que a panela começou a esvaziar-se. Tiraram-me para um prato, e depois comeram-me! Estava dentro de um corpo humano.

Lá dentro cheirava mal e era um ambiente muito ácido.

Não sabia como sair dali, talvez tivesse de voltar à boca, mas como iria eu fazer isso! Como estava muito cansada, fui seguindo por onde me levavam.

No dia seguinte, comecei a ficar cada fez mais apertada e apertada até que, de repente, saí de dentro do corpo do humano. E… adivinhem onde eu estava, numa sanita!

Como é que eu fui lá parar?! Na verdade nunca cheguei a descobrir… mas continuemos esta história.

Depois, fui levada para outro tubo, mas esse tubo tinha água muito suja e não só, queria estar limpa o mais rápido possível.

Continuei a minha viagem e cheguei a uma zona chamada ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais). Lá fui lavada, tratada mas não tão bem como quando o tubo me puxou no rio Tejo, até que voltei de novo a um rio afluente do Tejo.

Segui o meu caminho pelo rio até chegar de novo ao rio Tejo. Fui descendo até que cheguei a Portugal. Até este ponto, o rio estava bem, mas andei mais um bocado e reparei que a água não estava assim tão maravilhosa. Os peixes estavam doentes e a água estava suja com espuma, não sabia o que teria acontecido. Até que passei ao pé de um tubo que de lá saia água muito, muito, muito, mesmo muito suja, com “espuma” e reparei que o tubo vinha de uma junção de outros tubos de várias fábricas que iam desaguar ali, onde eu estava. Que porcaria, mas por que é que as pessoas nos fazem isto?!

Voltei a estar suja, mas fui andando e andando até que cheguei a uma barragem, onde misturada com muitas outras gotas, comecei a ficar um pouco mais limpa, mas não como antes.

Pensei que ia voltar a produzir eletricidade na barragem, mas não, ouvi um barulho vindo de cima, olhei e vi um helicóptero, mas era um helicóptero estranho, com uma espécie de bolsa e ele estava a aproximar-se de mim, até que me apanhou a mim e a várias outras gotas de água. Mas o que estava lá eu a fazer?

Passaram-se poucos minutos até que o helicóptero nos largou e eu fui cair num enorme incêndio que estava a dar cabo de uma floresta.

Depois de ajudar os humanos a apagar o fogo, desci até aos lençóis de água, onde consegui purificar-me, e lá vi coisas muito interessantes como por exemplo: vários tipos de rochas, alguns fósseis (porque são raros) e outras gotas de água.

Algum tempo depois, voltei outra vez ao rio Tejo, para continuar as minhas aventuras.

Fui descendo, passei o lindo estuário deste rio e fui desaguar no mar, que é como um lago gigantesco, mas com sal. Já agora, sabem porque é que a água do mar é salgada? Se não sabem, eu vou explicar-vos, como se eu fosse uma gota de água muito sábia, aqui vai: ao contrário do que muita gente acha, o sal não nasce no mar, tem origem nos sais minerais das rochas que o mar vai desgastando que se dissolvem na água e é desses sais minerais que vem o sal.

A percentagem de sal também não é igual em todos os mares e oceanos, sendo o Mar Morto conhecido pela elevada percentagem de sal, o que lhe confere características curiosas.

Mas continuando, eu gosto do mar, quer dizer, já gostei mais, até que os humanos começaram a despejar lixo no mar e o estragaram. Cada ser tem o seu papel na natureza e o meu é muito importante, mas parece que o objetivo dos humanos é poluir tudo, porque fazem isto?!

Eles atiram lixo para o mar, plásticos, vidro, metais pesados, químicos perigosos, etc. que se degradam, até às micropartículas, e acabam por entrar na cadeia alimentar de peixes, aves e animais marinhos, com consequências negativas para todos.

O plástico, mesmo antes de se degradar, ás vezes acaba por se fixar ás aves e animais, como uma tartaruga que vi, que tinha uma argola de plástico agarrada à carapaça e lhe limitou o crescimento.

Os peixes possuem cada vez mais metais pesados, como o mercúrio, devido à poluição das águas e da sua cadeia alimentar.

Acho que os humanos ainda não perceberam que isto também os afeta. Sim, porque eles irão comer os peixes que não estão saudáveis, o que vai ser prejudicial para eles, não devem ter percebido, porque continuam sempre a poluir o mar, mas nós nada podemos fazer, apenas esperar que eles percebem e que façam alguma coisa para melhorar o planeta!

Segui as correntes e fui para longe da costa. Enquanto brincava com os peixes, vi um antigo barco naufragado e, como sou curiosa, entrei com os meus amigos: vimos um baú antigo que estava trancado, mas um peixe que brincava connosco tinha encontrado uma chave num sítio muito distante dali. Então ele foi o mas rápido possível buscar a chave, enquanto isso andava lá perto um humano com uma botija às costas, e os peixes chamaram-lhe a atenção, até que lá dentro do barco, o humano viu o baú e a chave, abriu-o e viu que estava cheio de jóias e de ouro.

Os humanos levaram aquele baú cheio de riquezas, que nós ajudamos a conquistar, porque aquilo para nós não servia para nada, mas nós sabíamos que aquilo era muito precioso para os humanos.

Depois desta aventura toda, viajei pelo mar, até que passei do estado líquido ao estado gasoso e voltei para as nuvens. Se querem saber, o meu estado favorito é o líquido, apesar de não saber porquê.

No céu, fiz parte de uma nuvem ainda branca, que ainda faltava algum tempo até ela descarregar as gotas de água, aproveitei para ver a paisagem desde as nuvens até voltar à terra.

Algum tempo depois, fui cair nas folhas de uma bela flor, onde lhe matei a sede.

Depois disso, comecei a escrever esta história, para conhecerem as aventuras e viagens que eu faço. Agora estou a terminar… espero que tenham gostado, porque gastei muito papel para escrever isto, sim, porque é difícil uma gota de água escrever uma história sem molhar o papel.

Afinal, não sou apenas uma gota d’água que não se cansa de viajar, mas também que não se cansa de ajudar e que detesta estar suja.

Daniel Capela, 6.º B, Escola Básica de Vilarinho do Bairro

 

domingo, 30 de agosto de 2020

Um dia inesquecível

Uma vez, vivi um momento que nunca vou esquecer. Foi vivido por mim e por mais três amigas, Jasmin, Érica e Iara. A Jasmin é a minha bff (melhor amiga) e é muito engraçada, a Érica é muito divertida, a Iara é a mais observadora e por fim eu (Núria), a mais aventureira.

Nós fomos acampar com o nosso grupo de escuteiros, para uma floresta numa linda tarde de Primavera. Chegamos e começamos a montar as tendas com as orientações dos monitores. As quatro íamos dormir na mesma tenda. Com alguma dificuldade, conseguimos montá-la. Quando caiu a noite, acendemos uma fogueira com lenha que um outro grupo tinha ido apanhar e jantamos perto das oito e meia da noite. Todos foram para as tendas depois de terem comido.

Nós as quatro fomos para a nossa tenda que era a mais bonita e a maior de todas. Deitamo-nos e, passados uns cinco minutos, todas estavam a dormir, exceto a Iara que estava deitada de barriga para cima. Entretanto, ela assustou-se porque viu uma luz azul do lado de fora da tenda e chamou-nos rapidamente:

- Ei, ei, acordem rápido! Por favorrrrrr!

Todas acordámos, a perguntar:

- O que aconteceu?

A Iara disse:

- Eu vi uma luz azul- respondeu, a tremer.

Eu, aventureira, sem medo, abri o fecho da tenda e disse:

- Não está aqui nada.

- Mas eu vi – insistiu a Iara, desesperada. - Confiam em mim, certo?         

- Óbvio – dissemos ambas.

Eu propus irmos dar uma espreitadela e seguimos em frente. Até que ouvimos um barulho e vimos uma luz azul, tal como a Iara tinha dito. Entretanto, ouvimos “Pik, pik”. Demos um salto grande para trás.

- O que foi isto? -  perguntou a Érica.

- Vamo-nos aproximar…- disse eu, sussurrando.

- Estás louca Núria?! - exclamou a Jasmin, assustada.

Eu aproximei-me e elas foram atrás de mim. Quanto mais nos aproximávamos, mais víamos a luz azul. Atrás do arbusto onde se via a luz, ouvimos uma voz fina:

- Por favor, não me façam mal!

- O que é isto? -  perguntamos todas, enquanto eu me aproximava.

- Quem está aí? –  perguntei.

Uma menina apareceu de atrás dos arbustos com um chapéu roxo e roupa a condizer. A Érica, a Jasmin e a Iara perguntam:

- Quem és tu?

- Eu sou a Susana, sou uma bruxa com 8 anos!

- Uma bruxaaaa?! - exclamou a Iara, admiradíssima.

- Sim, eu estava a passear e a minha vassoura partiu-se pelo caminho, então acendi esta luz porque preciso de ajuda para voltar para casa.

Rapidamente, respondi-lhe:

- Podes contar connosco. Vamos arranjar uma maneira de te levar para casa, Susana, não te preocupes!

- Obrigada! – agradeceu a pequena bruxinha.

- Mas como se partiu a tua vassoura? - perguntou a Érica, preocupada.

- Tive uma ideia - disse eu - não consegues fazer magia a uma vassoura normal?

- Sim, já vi os meus pais e sei as palavras certas, mas não sei se consigo!

- Tudo é possível se acreditares - disse a Jasmin.

- Ok, eu vi uma vassoura ao lado da tenda dos monitores.  Vou lá buscá-la e já volto! – respondi.

Quando regressei com a vassoura, perguntei à Susana quais eram as palavras mágicas e ela exclamou:

- Vida vais ganhar, com vida vais nascer e vais segurar-me com o teu poder!

- Ok, agora diz isso a olhar para a vassoura, sem medo! - Dissemos todas, para lhe dar confiança.

Ela apontou para a vassoura, disse as palavras e ... a vassoura deu um salto e voou...

- Consegui, consegui! Nem acredito, muito, muito obrigada!

- De nada, não tens que agradecer. - dissemos todas felizes, por ela poder regressar a casa.

Levantou voo, fomos a correr para a tenda, cheias de sono, fechamos o fecho e dissemos:

- Nunca nos vamos esquecer desta aventura.

E todos os dias nos lembramos daquela noite. Nem contamos a ninguém, porque sabemos que ninguém iria acreditar nesta nossa estranha aventura!                                      

Núria Oliveira Figueiredo, 5.º B, Escola Básica de Vilarinho do Bairro