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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sofrer e fazer sofrer parece ser o lema do Homem.



A desumanidade, a solidão, a corrupção, o desemprego e o abandono de idosos são temas imortais, que acompanham o Homem ao longo da sua existência. Somos seres capazes das atitudes mais desumanas, egoístas e por vezes não olhamos a meio para atingir os fins. Até que nos abram os olhos ou se passe algo no nosso seio familiar somos, na maior parte das vezes seres incapazes de compreender a vida difícil dos outros, mas como em tudo na vida há sempre exceções que confirmam a regra.
O isolamento e o desemprego são duas realidades cada vez mais atuais, há cada vez mais pessoas profissionalmente inativas e a sofrer de solidão, e consequentemente cada vez menos gente capaz de ajudar.
Com o decrescente poder de compra e impossibilidade de poupança, há cada vez mais corrupção e idosos a ser abandonados.
Pergunto-me se se pode chamar ao homem um ser racional, quando este é capaz de abandonar idosos, maltratar outras pessoas ou até mesmo praticar corrupção.
Desejamos que a maioria das pessoas seja capaz de mudar mentalidades e acabar com a desumanidade, mas isso talvez seja impossível, haverá sempre no mundo gente maldosa e indiferente.
Temos de lutar pela mudança, tornar-nos seres racionais e ajudar, porque amanhã podemos ser nós a precisar dessa ajuda.
Edna Piedade Rodrigues Almeida, nº 9, 9º H

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Afinal ainda pode haver sorrisos…



Há dez anos atrás, numa aldeia pequenina, moravam poucos habitantes. Muitos deles já eram idosos e abandonados pelas famílias que tinham mudado de terra, tendo assim deixado pais, avós e até mesmo tios para trás.
A aldeia, sendo muito pequenina, não tinha qualquer supermercado ou até mesmo uma loja, onde as pessoas pudessem comprar os seus alimentos. Viviam assim apenas daquilo que a terra lhes dava. Comiam batatas, feijões, alfaces, couves, cenouras entre outros produtos hortícolas. Para acompanhar, os homens nomeadamente iam para um pequeno riacho que existia na aldeia e pescavam algum peixe. Havia, porém, algo de facto condenável, as pessoas que lá moravam muitas das vezes eram assaltadas ou maltratadas pelos próprios vizinhos.
Um dia, um jovem casal citadino quis ir para a aldeia para poder ajudar os que mais necessitavam. Quando lá chegaram e viram que aquele lugar não tinha quaisquer condições para qualquer pessoa morar, não se vieram embora. Pelo contrário, quiseram ajudar a aldeia que por si mesma parecia triste, pois quase não se via ninguém na rua.
Entretanto, a jovem decidiu ligar para o seu pai a fim de lhe pedir alguma ajuda, já que ele era o Presidente da Câmara, dizendo-lhe:
- Pai, será que não se importa de dispensar uns oito ou dez dos seus empregados para nos poderem vir ajudar a melhorar as condições desta aldeia para onde eu vim morar?
O pai, com sua voz meiga, respondeu à filha que lhe dispensava os empregados que ela quisesse, pois não queria que nem a filha nem o genro morassem numa aldeia sem quaisquer condições.
No dia seguinte, já lá andavam trabalhadores e, ao fim de um mês, as obras estavam acabadas. Quando chegou a hora do pagamento aos trabalhadores, a jovem perguntou:
- Quanto é de tudo?
O chefe dos trabalhadores respondeu- lhe:
- Não se preocupe com nada, menina, nós viemos a mando do seu pai e é nossa oferta.
Ao que ela agradeceu.
Como na terra natal ela tinha um comércio, decidiu então construir um pequeno mercado naquela aldeia. O marido, como era médico, abriu um consultório e passou a ajudar as pessoas, dando consultas gratuitamente. Sendo assim, tudo ficou diferente, as pessoas passaram a ter melhores condições de vida e até as suas famílias de locais distantes já os visitavam. Começou a haver menos assaltos, menos desumanidade e até mesmo menos abandonos de idosos. E, no momento da chegada das famílias, pairava sempre no ar daquela aldeia a alegria transmitida pelos rostos dos seus habitantes e tudo graças àquele jovem casal.
Edna Piedade Rodrigues Almeida, nº 9, 9º H

domingo, 27 de setembro de 2015

Amor eterno



Skye Roberts era uma adolescente, calma e reservada exceto com a sua melhor amiga Jemma Watson. Quanto a esta, a história era completamente diferente, uma vez que a timidez não existia no seu dicionário, algo que nem sempre era positivo. Tinha cabelos louros e lisos e, assim que entrava numa divisão, iluminava-a. Os seus olhos eram de um tom verde-esmeralda e media um metro e oitenta e três centímetros, porém, mesmo assim insistia em usar sapatos altos. Skye era exatamente o contrário, pois o seu cabelo era ruivo encaracolado, os seus olhos eram azuis, aquele azul que encontramos no maravilhoso mar do Havaí e media cerca de um metro e sessenta e sete centímetros. Bem! Digamos que ela não era a rapariga com jeito para o desporto. Por outro lado, fazia tudo o que pudesse para não ter de usar sapatos altos ou mesmo só um pouco de maquilhagem. Pois, a seu ver, cada um era como era e, sendo assim, não deveria usar produtos para o alterar.
 Ambas frequentavam o décimo ano no “Journey High School”.
 Eis que a campainha tocou, enquanto Skye fechava o seu cacifo e Jemma tentava encontrar o rapaz mais bonito para o conquistar antes que a sua arqui-inimiga Mary Parcker o fizesse. Saliente-se que elas eram inimigas desde há muito tempo. Porém, ninguém sabia exatamente o porquê.
Entraram, então, para a aula de Espanhol, a pior disciplina para Skye. Como era habitual, as mesas eram para dois alunos, razão pela qual Jemma e Skye ficavam sempre juntas, mas naquele dia a treinadora Williams ordenou que ninguém se sentasse, pois iria fazer trocas nos lugares. É claro que Jemma se manifestou, mas sem sucesso.
A treinadora costumava treinar a equipa de Futebol. Contudo, como a professora de Espanhol tinha sofrido um acidente de carro e estava em casa a repousar, ela é que dava as aulas. No final, Skye acabou por ficar ao lado de um aluno misterioso que não falava com ninguém de todo, era bastante reservado até mesmo com os professores. Pessoalmente, Skye achava que tinha algum problema sério com drogas, mas, quando ele era o assunto, nada era certo.
Como se tudo isto não fosse o suficiente, a treinadora teve a excelente ideia de que cada um deveria redigir uma entrevista acerca do seu colega de carteira que, após ser corrigida, deveria ser traduzida para espanhol e, de seguida, ser novamente corrigida.
Skye deparou-se, então, com uma questão muito intrigante: “Como vou falar com alguém que nem sei se sabe falar?!” Porém, determinada, decidiu estabelecer um diálogo.
- Olá! O meu nome é Skye, Skye Roberts, e o teu? - perguntou.
Ele não respondeu, apenas se envolveu ainda mais no silêncio já existente. Aí Skye começou a perder a paciência, que já não era muita.
- Olha! Eu não sei que tipo de problema tens, mas eu preciso de melhorar a minha avaliação e não o posso fazer se tu não colaborares. Por isso, pergunto-te novamente como te chamas e espero bem que me respondas.
Ele manteve-se silencioso e refugiado no seu mundo, mas Skye pôde ver um sorriso maldoso atrás do capuz.
- Mas o que é que se passa contigo? Primeiro, não respondes e, agora, ris-te de mim? - inquiriu Skye, indignada com a atitude do rapaz.
Após esta questão, ele pareceu profundamente satisfeito, como se o seu objetivo fosse sempre levá-la ao limite. Skye, por sua vez, detetou um ligeiro movimento e ouviu as seguintes palavras:
-          Podes chamar-me Jack, Jack Brewer.
Entretanto, a campainha tocou e Skye percebeu que tinham acabado de desperdiçar a aula e que agora não tinha mais tempo para fazer o trabalho. Jack já estava quase a sair, quando Skye o chamou e ele disse simplesmente:
- Encontra-te comigo no salão de jogos à uma da manhã.
 Indignada com a falta de educação dele, tentou formular uma resposta para contra-atacar mas, quando estava pronta para o fazer, ele já tinha saído. Ainda tentou convencer a treinadora a mudá-la de lugar, porém, não obteve sucesso.
Quando chegou a casa, já era de noite. A sua casa ficava isolada das outras. A sua mãe viajava muito e o seu pai morrera uns anos atrás devido a um cancro, então, ela praticamente vivia sozinha. Ora, após jantar e fazer os trabalhos de casa, Skye começou a ponderar ir ao salão de jogos, mas não tinha a certeza se seria a sua ideia mais prudente. Contudo, por fim, decidiu ir.
Ao chegar, viu que o ambiente não era o melhor e, então, apressou-se a falar com Jack. Encontrou-o ao longe. Quando chegou perto dele, reparou que este estava outra vez com aquele sorriso que, de algum modo, a perturbava, todavia também a cativava. Ao chegar perto dele, perguntou-lhe:
- Agora, já vais falar comigo?
- Porque não haveria de falar!- disse de modo irónico.
- Não sei por que é que não perguntas isso à tua atitude espanhola!
- Olha! Disse-te para vires para a entrevista, por isso vamos lá.
- Está bem! Eu primeiro! Antes de entrares nesta escola, onde andavas?
- Costumava estudar em casa, por isso esta foi a primeira escola para a qual eu vim. Agora é a minha vez! Tens namorado?
- Sinceramente, não vejo como isso pode ser relevante para o nosso trabalho!
- Olha! Tecnicamente o acordo era que cada um criava as perguntas. Como tal, vê lá se me respondes!
E assim se foram passando as horas. No dia seguinte, na aula de biologia, nada melhorou, muito pelo contrário.
Estavam todos na sala de aula. Skye, por sua vez, estava com a Jemma a conversar, quando o professor anunciou que o tema que iria ser estudado era a Educação Sexual. Informou que nas suas idades descobriam atrações, mas o difícil era saberem se a pessoa que se ama sentia o mesmo por ela, e tinha logo de perguntar ao Jack como é que ele sabia se uma rapariga gostava dele.
- Então, até é fácil, só temos de avaliar a linguagem corporal dela, por exemplo, a pessoa vai começar a sentir-se nervosa, por isso vai começar a bater com o pé ou a mexer no cabelo de modo a distrair-se, não nos vai olhar nos olhos e vai sorrir para baixo, assim mais ou menos como a Skye faz quando falamos!- disse num tom divertido.
Toda a turma achou piada, incluindo a Jemma, o que deixou Skye ainda mais furiosa.
Momentos mais tarde e já na biblioteca, Skye viu o Jack a sair apressado. Algo de errado estava a passar-se. Decidiu segui-lo, apesar de saber que não era propriamente honesto, mas algo dentro dela dizia que era necessário.
Seguiu-o durante um pouco de tempo até que ele se encontrou com alguém, muito mais velho do que ele, parecia zangado. Entretanto, aproximou-se de forma subtil para ouvir melhor.
-0Ela não vai causar nenhuns problemas.
- Dizes isso agora, mas vais acabar apaixonado e depois não serás capaz de fazer um bom julgamento.
Julgamento, mas em que raio é que este andava metido?!
- Vamos! Não há tempo a perder.
Eis que surgiram umas escadas brilhantes, como se fossem feitas de diamantes, eles subiram e ela decidiu arriscar e também tentar. Era como caminhar em algodão. Entrou por uma porta brilhante e cativante, tudo era confuso, não tinha ideia de onde estava, mas ao longe viu Jack e o outro homem, algo estava diferente neles, os seus olhos brilhavam como se se tivessem incorporado naquele mundo. Naquele momento só podia pensar que tinha batido com a cabeça, pois aquilo não era possível. Jack apareceu com asas, asas brancas e fascinantes, percebeu que aquilo já era de mais, era hora de se ir embora, mas ao virar as costas já estava cercada daquilo que lhe pareciam ser anjos, gritou, até que Jack disse para se acalmar e ordenou que a deixassem. Perguntou o que se passava, Jack informou-a:
- Skye, eu sou um anjo. Sei que pode parecer uma loucura, mas tu também o és.
- Ok! Se calhar bati mesmo com a cabeça, e estou a alucinar.
- Skye, estou a dizer a verdade. Vou contar-te tudo. Outrora, noutros tempos, nós eramos um exército unido, mas começaram a surgir pequenas rebeliões e um dia cansaste-te de viver assim e foste, contra as regras, viver na terra. Com o passar dos anos, ganhaste características humanas e perdeste as tuas naturais. Como és um anjo, és imortal, mas como humana não, então, cada vez que morres, reencarnas noutro corpo. E ultimamente temos andado à tua procura.
- Tu precisas é de um médico! Pois, se isso fosse verdade, eu lembrar-me-ia, não achas?! - comentou intrigada.
 - Por favor, acredita em mim! Eu amava-te e ainda te amo, cometi o erro de te deixar ir, não o farei novamente.
Ao dizê-lo, beijou-a. Assim que os seus lábios se tocaram, Skye começou a recordar-se de tudo o que ele dissera. De facto, era tudo verdade. Mas também se lembrou que, ao ter ido contra as regras, seria posta em julgamento e não veria mais o seu amado, a sua mãe e a Jemma e isso era pior que morrer.
Jack, por sua vez, surgiu com dois punhais, os punhais sagrados, a única arma capaz de matar um anjo. E foi assim que um amor matou o outro e a história da paixão eterna que partilhavam talvez tivesse finalmente acabado ou talvez apenas começado.
Inês Silva Oliveira, nº 12, 9º A
Escola Básica nº 2 de Vilarinho do Bairro, Anadia