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domingo, 11 de abril de 2010

Ler, alimentar a nossa alma!

O gosto pela leitura levou-me a crescer admirando Sophia de Mello Breyner Andresen. “Comi e bebi” da sua poesia e do seu talento, expresso nas mais diversas formas com que, de forma muito própria, sempre se soube expressar. Ela foi e continuará a ser a minha grande inspiração.
Terei saudades dela, por toda a beleza e estados d'alma que me ofertou. E por tudo o que deu para tornar mais bela a história da literatura, da poesia e da arte em Portugal!
Aqui, deixo um poema transcrito levando-nos a acreditar que…
Os poetas não morrem!!!

“ Porque”
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam e tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
(Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen)

Neste poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, revemos um pouco do que foi a sua atitude perante a vida: nunca se “mascarou”, defendendo os seus ideais, a sua filosofia de vida.
Sophia apresenta-nos uma poesia de grande fidelidade à realidade do mundo em que vivemos. Poesia das origens busca a ordem do mundo, a modelação do caos para a criação do cosmos, ou seja, da ordem e do equilíbrio do universo. A sua poesia estabelece uma íntima relação com as coisas e com o mundo.
Neste poema “ Porque “, identifico-me com a mensagem nele transmitida: a “luta” incessante que se faz/tem que fazer na nossa vida, para não defraudarmos os que nos rodeiam e a nós mesmos.
A figura de Sophia, a sua lembrança, está sempre presente na minha vida, servindo de paradigma: embora sendo mulher lutou contra a corrente (Estado Novo); revelou uma dedicação extrema para com os seus filhos, aquando crianças, contando-lhes, criando histórias infantis. Segui o seu exemplo, pois obras como “a Menina do Mar”, “a Quinta “, “ A Floresta”, “ O Rapaz de Bronze”, “O Cavaleiro da Dinamarca”e outros... foram algumas das leituras que li aos meus filhos enquanto crianças; revejo-me ainda no gosto que tinha pela natureza. Sophia, na sua poesia, conserva e reforça continuamente uma relação privilegiada com o mar, com o vento, com o sol e a luz, com a terra e toda a vegetação. Abre e refresca, de forma incessante, os seus sentimentos, na captação das sensações da natureza, numa busca da pureza original.

Henriqueta Machado, Serviços A.

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