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quinta-feira, 7 de maio de 2015

7 Dias com os Media



Ser jornalista
Naquele dia quente de verão, altura onde as chamadas férias grandes já tinham começado, decidi fazer uma curta viagem de bicicleta até à barragem que se situava bastante longe de minha casa, pois não aguentava tanto calor e necessitava urgentemente de me refrescar. No entanto, não estava disposto a fazê-lo sozinho e por isso, procurei companhia. Contudo, estava com azar, pois a maior parte dos meus colegas e amigos tinham viajado para outras zonas do país ou para o estrangeiro.
 O meu pensamento esmoreceu, mas a vontade de ir permaneceu. Procurei assim o meu lado mais aventureiro e tive de o procurar muito bem, pois estava algo escondido, e, apesar de sentir uma grande hesitação, decidi que deveria ir.
Quando coloquei os pés nos pedais, tentei não pensar no longo percurso que teria pela frente. Para minha surpresa, fiz o caminho de forma rápida, mas por esse motivo cheguei completamente exausto.

Para recuperar as minhas energias, decidi deitar-me tranquilamente nas águas frescas da barragem, quando de repente um helicóptero com um grande suporte retirou uma quantidade imensa de água, suporte este preso por fortes braços de metal e que terminavam em farpões agarrados às barras laterais do aparelho. Não me tinha, pois, apercebido da sua chegada, por isso saltei de susto e ainda engoli uns valentes goles de água. Mas o que me chamou à atenção foi o facto de, depois de o helicóptero ter abastecido, ter descarregado a água numa zona muito próxima da barragem. Eis, então, que conciliei todo aquele aparato com o cheiro a queimado com o qual me debatia desde que ali tinha chegado. Quase que por impulso peguei na bicicleta e pedalei o mais rápido que pude até ao local da descarga.
O incêndio já tinha assumido grandes proporções e já lá estavam dois camiões dos bombeiros. Memorizava cada segundo. Ouvi dois bombeiros a discutir, pois o acesso ao local do incêndio era péssimo. Naquele momento, eu tive vontade de os ajudar mas, por outro lado, eles estavam muito bem organizados e eu não os queria atrapalhar.
   No mesmo instante em que eu me decidi a oferecer ajuda, chegaram dois carros com duas pessoas cada um. Vinham cheios de cadernos, lápis e canetas e registaram tudo o que viam no papel. Poucos segundos depois, dirigiram-se a mim enquanto eu os observava, mais nervosos do que os próprios bombeiros, e perguntaram-me se eu já ali estava há algum tempo. Eu, algo tímido, disse que sim. Entretanto, o fogo já tinha sido controlado e apagado pelos bombeiros voluntários. Pediram-me, então, que eu escrevesse um pequeno comentário sobre a forma como agiram os bombeiros, a forma como eu supunha que o fogo fora causado entre muitos outros itens. Eu aceitei sem hesitar, apesar do jornal não ser muito conceituado.
 Momentos depois, regressei a casa digerindo ainda tudo o que me fora dito. Mal cheguei aos meus aposentos, pus logo mãos à obra e comecei a escrever aquilo que me tinha sido pedido. Calculei as probabilidades de o meu comentário aparecer realmente no jornal e pareceram-me nulas. Porém, apesar de tudo, envolvi-me de tal forma naquilo que escrevi que, mesmo que não fosse publicado, guardaria o meu comentário para mais tarde recordar aquele episódio. De seguida, enviei o meu pequeno texto para o e-mail do jornal.
Entretanto até à data da publicação do jornal, comecei a escrever um diário mas senti necessidade de levar as minhas considerações a leitores que as pudessem ler atentamente. Optei, então, por escrever pequenos textos relativos à atualidade e, à medida que o ia fazendo, ia mostrando-os à minha família que, ao lê-los, os adorou de imediato, mas o que eu queria mesmo eram leitores exigentes.
 Por fim, chegada a data da publicação, fiquei bastante feliz, pois o meu comentário foi realmente publicado e com grande destaque. Nos dias que se seguiram, recebi um convite do mesmo jornal para fazer parte da sua equipa e eu aceitei sem hesitar. Este foi, de facto, o impulso que eu necessitava para me poder tornar um grande jornalista ou então, simplesmente, para me tornar jornalista.
João Pedro Rocha, O Ciclista (nº 13, 10º B)

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