Apesar de já estarmos
um pouco distanciados das festividades natalícias, os nossos pequenos
escritores ainda querem deliciar-nos com alguma magia através da escrita. E
também é uma maneira de mantermos viva a verdadeira chama do Natal.
Estava um
dia de chuva e de muito nevoeiro, os campos estavam cobertos de neve e eu
olhava pela janela e não se via ninguém pelas ruas.
A casa,
onde eu e os meus pais morávamos, situava-se longe da aldeia e, por vezes,
faltava-nos comida. Infelizmente, não tive oportunidade de ir para nenhuma
escola, pela distância que nos separava e os meus pais, por sua vez, não
tiveram a possibilidade de arranjar meios para eu a frequentar mas, apesar de
não conviver com as outras crianças e porque sempre apreciei a natureza, o meu
grande sonho era ter um passarinho pequenino, como aquele que tinha recebido,
quando fiz os meus três anos e, na minha opinião, não havia nenhum igual.
Lembro-me
que, nessa altura, na noite de Natal, estava ansiosa para receber a minha
prenda. Então, quando vi o embrulho, junto à nossa pequena árvore de Natal, com
uma cor vermelha garrida, com uma forma esquisita, e que fazia um barulho
estranho, fiquei curiosa. Rasguei de imediato o embrulho e quando vi um
passarinho bebé, dentro de uma gaiola, fiquei com os olhos brilhantes e tão
luzidios que quase me caíram as lágrimas. Ele era especial, único, porque tinha
nascido sem uma perna e por isso, o dono da loja ofereceu-o ao meu pai.
Para mim,
aquele pássaro, embora tivesse essa pequena deficiência, valia mais do que os
outros que tinham duas patas e sabiam voar lindamente. Por outro lado, o meu
passarinho tinha um dom, que eu descobrira quando estava a cuidar dele. Ele
cantava maravilhosamente. Na verdade, o seu canto era encantador, mas
infelizmente ele tinha uma doença por ter nascido sem uma pata. Entretanto, com
o passar do tempo, a doença agravou-se e, passados dois meses, acabou por
morrer.
Nesse dia,
fiquei tão triste! E, para agravar, acabei por perder a esperança de ter um passarinho.
Entretanto, os anos foram passando e certo Natal, novamente na véspera, pensei
por instantes se iria ter um passarinho igual àquele que me fora dado quando
tinha três anos, mesmo sabendo que poderia ser impossível receber um igual.
Eis então
que, no dia de Natal, o meu pai me acordou logo de manhãzinha cedo e com aquela
voz doce, que sempre tivera, disse-me que tinha uma surpresa enorme para mim. Pensei
que seria um brinquedo e, então, não me importei muito.
No momento
em que estava a tomar o pequeno-almoço, o meu pai pediu-me para ir abrir a
porta da entrada. Eu, curiosa, fui, pois não era normal ele fazer-me esse pedido.
De seguida, abri a porta e qual não foi o meu espanto, quando vi um embrulho
vermelho garrido tal como aquele que tinha recebido nos meus três anos, com um
bilhete a dizer:
Ao abrir o
embrulho, deparei-me com um passarinho quase igual ao outro, que eu tivera. Fiquei
tão comovida e alegre, que me escorreram pequenas lágrimas dos olhos, embora
soubesse que lá no fundo nenhum dos passarinhos, que me dessem, substituiriam
aquele que tinha recebido nos meus três anos. Contudo, fui logo ter com os meus
pais, dei-lhes um abraço enorme, e agradeci-lhes este gesto de carinho para
comigo.
Afinal, não
devemos nunca perder a esperança, pois os nossos sonhos, mais cedo ou mais
tarde e com a ajuda dos nossos pais, acabam por se tornar realidade.
Sofia Ferreira, 7º F, nº 28
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