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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Passagem de Júlia Sobreiro


Vem a apresentadora Júlia Sobreiro, com o seu microfone, uma câmara de filmar, uma dúzia de canetas, trezentas folhas de papel, cinquenta doses de arroz de cabidela, cem mil euros dentro de uma mala, um telemóvel, uma agenda, quatro quilos de alheiras e ainda, com uma voz aguda e esganiçada, dizendo:
Júlia S.: 760 ’ tá ’tá ’ tá 100 ’tá ’tá ’tá 200 ’tá ’tá ’tá!
Hou da barca!
Diabo: Será isto uma miragem ou é mesmo a ….
Júlia S.: Júlia Sobreiro, eu mesma!
Para onde vai esta barca?
Diabo: Vai para a ilha mais quente, atrevo-me mesmo a dizer que é escaldante.
Júlia S.: Mas que raio de ilha é essa? É que, se é quente assim como diz, dá para fritar as minhas alheiras!
Diabo: Bem, o melhor é que frita as alheiras e quem para lá vai!
Júlia S.: Está a dizer-me que esta é a barca do Inferno?!
Diabo: Bem! Eu não lhe dou esse nome, mas sim é para lá que vais!
Júlia s.: “Para lá que vais”?!
Eu não vou para o Inferno coisa nenhuma, nunca fiz mal a nada nem a ninguém!
Diabo: Ai não?! E as formigas que esmagaste, enquanto rebolavas pelo chão?
Júlia S.: Está a chamar-me gorda?
Diabo: Gorda não digo, mas gulosa…!
Júlia s.: Ora essa! Eu gulosa?
Não pode!
Diabo: Ai pode sim, o pecado que mais praticaste foi a gula e isso não podes negar!
Júlia S.: Pois agora é que eu estou a ver! Sim, até era uma pessoa gulosa!
Diabo: Se eras! Foram mortos mais de 200 porcos só para as tuas chouriças, alheiras, presuntos e costeletas, sem falar nas galinhas para o arroz de cabidela! E ainda dizias que não tinhas feito mal a nada nem a ninguém?!
Júlia S.: Foram tantos assim? Meu Deus!
Mas isso não é motivo para eu não ir para o Paraíso, por isso vou procurar outra barca.
Chega à barca do Anjo e diz:
Júlia S.: Hou da barca!
Anjo: Não é preciso gritares que te ouço bem, aliás muito bem porque, quando estavas em terra, todos nós te conseguíamos ouvir cá em cima e não era nada agradável!
Júlia S.: Não?! Mesmo quando dava prémios aos mais necessitados?
Anjo: Prémios esses que punhas para o bolso, quando não eram sorteados para ninguém!
Júlia S.: Eu só os punha para o bolso, porque tecnicamente não eram de ninguém e além do mais, a produtora não precisava deles para nada!
Anjo: Não precisava a produtora mas sim os pobres coitados que para lá ligavam desesperados com contas para pagar e podias muito bem dividir o prémio por essas pessoas!
E essa quantidade de comida, canetas e papéis para que a queres?
Júlia S.: Bem! A comida é para satisfazer os meus desejos e o micro, a câmara, os papéis e as canetas são para me entreter a fazer entrevistas e reportagens!
Que me diz?
Anjo: Digo-te que duvido que essas tralhas resistam ao calor do Inferno!
Júlia S.: Então, quer dizer que não vou poder ir para o Paraíso?!
Anjo: Não e ainda bem, porque não sei se ia aguentar essa voz esganiçada!
Júlia S.: Pronto, já entendi, não é preciso insultar que já estou de saída!
Anjo: Pois, pois!
De volta à barca do Inferno.
Diabo: Tu! Estás de volta?! Então, não te disse que vinhas arder para o Inferno?
Júlia S.: Disse!
Diabo: Então, vá, deixa aí essas porcarias e toca a andar que não temos o dia todo!
Júlia S.: Não posso levar nem uma alheira?
Diabo: Não, vais ver que com o ambiente tão quentinho não vais querer mais nada!
Hihihi!

Ana Catarina Godinho Ferreira, nº 3, 9º E



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