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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Diário de um marinheiro

Hoje é o meu primeiro dia como marinheiro num navio de mercadorias. A nossa rota é a Índia, a rota das especiarias. Segundo o capitão, “vamos, abastecemos e voltamos”.
O meu capitão é um homem muito sério e carrancudo, é daquelas pessoas para quem o sol e a chuva não interferem nada na sua vida e simplesmente com a palavra: “Tu!”, temos de cumprir às suas ordens.
Bom, em relação ao trajeto que vamos fazer, não posso dizer que tenha medo, provavelmente é mais receio devido ao Cabo Bojador. Por ele tentaram passar muitos como eu, tendo mesmo vários chegado a morrer na tentativa desta travessia. Não me pelo de medo, porque sou corajoso, porém sei que deixo muito para trás.
Nem sei o que pensar, mas amanhã o dia começa cedo, portanto tenho de descansar os ossos. Pode ser que o amanhã seja melhor que o hoje.
Estou no meu segundo dia como marinheiro, saí há um dia e já tenho saudades de casa. Isto só é mau enquanto não fizer amigos. Sendo assim, hoje já ganhei o dia: fiz um amigo! Acho que posso chamá-lo de amigo…
Como todos os capitães, o meu não é exceção e tem um papagaio, daqueles de cauda e asas vermelhas, bico amarelo, peito azul e verde e que fala pelos cotovelos! Hoje dirigi-me a ele:
- Olá. Como te chamas?-perguntei, com grande ânimo.
- Capipenas, Capipenas! E tu?

- João. Então, como vieste aqui parar?
- Como tu. Apeteceu-me, apeteceu-me.
- Certo e queres ser meu amigo?
Antes do papagaio ter respondido, saltou para o meu ombro e sussurrou-me ao ouvido:
- Amigos, amigos, amigos.
Três dias depois, passámos o cabo sem problemas, chegámos ao paraíso (a Índia), onde vivi grandes aventuras com o meu amigo Capipenas e voltámos.
Agora só posso dizer que o Capipenas mudou a minha personalidade. Tornou-me mais corajoso, responsável e amigo.
 
Beatriz Agante, nº 9, 8º E

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