Na
minha infância, passei por um episódio terrível: perdi o meu pai, que me
abandonou, num dia em que fazia mais uma das suas viagens. E ele nunca mais deu
notícias, razão pela qual eu pensei que talvez ele tivesse falecido.
Os
anos foram passando e eu, então, habituei-me à ideia, mas fiquei com o coração
partido, e com uma mágoa muito grande pelo meu pai não se ter despedido de mim.
Entretanto,
certo dia, estava eu a sair do meu trabalho, quando encontro à porta alguém
muito familiar, mas não sabia quem era. Estava dentro de um carro preto e
trazia óculos escuros. Momentos depois, eu entrei no meu carro e segui para
casa.
Porém,
algo de estranho aconteceu, pois esse carro seguiu-me até casa. Fiquei um pouco
preocupada e como tal, corri de imediato para dentro de casa. Espreitei pela
janela e o senhor estava a sair do carro em direção à minha porta da entrada.
Momentos depois bateu à porta, e eu fui abrir. O senhor, por sua vez,
perguntou-me se podia entrar e eis que surgiu um diálogo estranho:
-
Certamente, deves achar estranho eu ter-te seguido, e também deves estar
assustada por não saberes quem sou.
-
Porque é que me seguiu? Quem é o senhor?
-
Filha! Há vinte anos que não te via. Estás tão crescida! Uma verdadeira mulher!
Pai?!?!
Depois destes anos todos é que apareces?! E vivi este tempo todo a pensar que
estavas morto…nunca davas notícias. Nunca te vou conseguir perdoar por isso.
-
Filha, tu és tudo o que eu tenho. Por favor, perdoa-me. Eu sei que foi difícil
para ti, mas eu não tinha outra escolha. Houve uns problemas muito graves,
durante as minhas viagens e eu tinha que vos proteger. Perdoa-me!·
Com
o tempo, lá ele me explicou tudo e eu, no final, perdoei-o e percebi que também
tinha sido difícil para ele.
Atualmente,
sinto-me muito bem ao tê-lo perdoado. Começámos, então, tudo do zero, e agora
ele é um pai muito presente.
Sofia Ferreira, nº 28, 7º F
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