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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia Mundial dos Avós

Parque dos Sentimentos, 26 de julho de 2012.

Querido avô,

Estás longe, muito longe, mas eu sei que não é por isso que deixaste de estar comigo. Na verdade, tenho-te aqui bem perto, pois permaneces sempre no meu coração.
Estejas onde estiveres, sei que estás bem e eu fico feliz por isso. Sei que olhas por mim e que jamais me esqueçerás!
Gostava de me poder ter despedido de ti, de te poder ter dito o quanto és essencial e o quanto eu gosto de ti. Gostava de te ter agradecido todos os momentos que me ofereceste.
Tenho saudades de todas aquelas tardes, em que o quintal estava branco da neve que caía nas manhãs gélidas de inverno e tu acendias a lareira, e me sentavas ao teu colo, ficando ali toda a tarde a contar histórias do teu passado. Eu, fascinada, ouvia-as completamente envolvida pela sua simplicidade e ao mesmo tempo magnificiência e beleza de cada palavra, de cada momento, de cada lugar, de cada personagem.
Nunca to cheguei a dizer, mas eras a pessoa com quem eu mais gostava de conversar. Sabia que podia contar sempre contigo, mesmo que tu tivesses os teus problemas, e eu sabia que os tinhas, mas eu, egoísta, fingia desconhecê-los, ignorava-os, e tu, tu fazias tudo para eu estar bem, obviamente sem me deixar abusar. Era contigo que eu desabafava e que eu ria. Era em ti que eu confiava.
E aquelas noites em que eu ficava na vossa casa e os dois esperávamos que a avó adormecesse, e depois íamos fazer pipocas e ficávamos a ver filmes até tarde... Claro, de manhã, não me conseguia levantar, os olhos teimavam em permanecer cerrados, doridos, cansados de uma noite mal dormida, encurtada pela nossa tagarelice e ânsia de ver o final feliz do filme. Lembras-te, avô?
            Então, e todos aqueles belos lugares a que me levaste?! Sempre tinhas alguma história sobre esse sítio, que contavas como se de um romance se tratasse, embelezando-o com frases retocadas. Mas o mais divertido era o parque, onde ambos ficávamos horas e horas a andar no baloiço e no escorrega. Como lembro o baloiço! Tínhamos de estar sempre sozinhos, pois se a mãe ou a avó estivessem presentes não me deixavam voar. Mas contigo eu subia bem alto, parecia até que os meus pés tocavam o azul do céu e quando eu gritava: “Mais alto, avô!”, tu balançavas-me ainda mais. Depois tu ias comprar-me um gelado, dos maiores que havia na geladaria! Era um regalo senti-lo a derreter-se na minha boca. A doçura do momento bem valia o olhar desolado da mãe, quando via o meu lindo vestido manchado de chocolate, morango, ou outros dos ingredientes que eu elegera nesse dia. Pois, mas era contigo que a mãe se passava, quando me levavas a casa e eu estava toda suja.
Nunca me irei esquecer dos belos momentos que passei contigo. Foste sempre como um segundo pai para mim. Tínhamos muito mais para viver, mas é a vida! No entanto, sei que estás aí algures de olho em mim.
Avô, és o meu ídolo, amo-te para sempre!

Com amor,
A tua neta
Vanessa

Escrito por Adriana de Matos Pedrosa, O Ciclista

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