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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas de Tortura

A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco no dia 26 de Junho de 1945. A ONU foi criada e muitos foram os estados que a assinaram. Desde então são muitos os organismos pertencentes à ONU e que lutam pela salvaguarda da dignidade humana. O Ciclista apresenta o belo texto, escrito pelo Marcelo Marinho do 8º E e que permite compreender que existem muitas formas de tortura, mas que é possível ultrapassá-las…


Sonhar para viver
Olá! Gostava de vos contar a história da minha vida.
Sou um simples rapaz que me encontro preso numa cadeira de rodas desde que nasci.
Sempre que me lembro, a tortura chegava todas as manhãs, ao ir para a escola e ao ver todos os meninos a brincar e eu ali sozinho como um cato no deserto, não tendo a atenção de ninguém e, para agravar a situação, todas as crianças se riam de mim, sem eu saber qual o motivo da troça. Tudo isto fazia o meu coração ficar em mil pedaços e eu sem poder falar, sem poder dizer o que me ia na alma, sem poder revelar a mágoa que marcava o meu coração.
O meu único apoio era a minha família. Dava-me conforto saber que estavam presentes para o que desse e viesse. Por outro lado, o único lugar onde me sentia bem era no meu quarto a dormir pois, a partir do momento que fechava os olhos, começava a sonhar. Eram momentos únicos os que eu vivia nos meus sonhos, uma vez que era lá que eu podia sentir o vento a bater-me na cara, correr por aqueles enormes campos de trigo, apanhar flores com emoção, entre as quais dentes de leão e soprar, para fazê-los voar como se estivesse a aliviar a minha alma, libertando-a de pessoas más e sem pensar em ter de ir para a escola e ser alvo de chacota. Eu sentia-me felicíssimo no meu próprio espaço e com liberdade, jogava à bola e gritava aos sete ventos: Gooooolo!!!!!!! Enfim, era um infinito de atividades que podia realizar. Infelizmente, o sonho terminava de manhã e, ao acordar, lá tinha eu de enfrentar a rotina diária outra vez.
 Finalmente, cresci e passados alguns anos, um milagre aconteceu. Numa manhã de outono, consegui mexer os meus braços, mas o resto do meu corpo continuava imóvel. Apesar de tudo, foi um dia muito emocionante.
 Mais tarde, aprendi a escrever recorrendo ao computador, porque queria contar a história da minha vida, escrevendo um livro e assim o fiz. Nesse ano, foi o livro mais vendido em todo o mundo. A sensação foi sensacional! E o que mais me satisfez foi saber que aquelas pessoas, que gozavam comigo, passaram a respeitar-me e a valorizar-me como ser.
Na verdade, eu continuava sentado numa cadeira de rodas, mas passei a viver a vida rodeado de pessoas que nutriam carinho por mim.


Caros leitores, acabámos de ler uma bonita história com uma moral importante. Infelizmente, mais tarde este rapaz acabou por morrer nos braços dos seus pais. Quiçá, entrando no mundo dos seus sonhos.

Marcelo Marinho, nº 19, 8º E

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