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domingo, 16 de junho de 2013

“O tesouro ainda lá está, na Mata de Roquelanes” - O tesouro


O tesouro
 “O tesouro ainda lá está na mata de Roquelanes.”
  Nos dias de inverno que se seguiram àquele trágico fratricídio, dois irmãos de Retortilho, o João e o Francisco, que eram membros de uma família muito, mas muito abastada, sendo o seu pai milionário devido ao lucro da sua cadeia de empresas, pretendiam quebrar com a ideia de que as pessoas mais ricas detestam trabalhar nas terras.
Os dois jovens viviam numa casa ricamente revestida de talhas de ouro e decorada com quadros dos melhores pintores, móveis extremamente limpos pelos seus inúmeros criados e todas as porcelanas, nela existentes, eram da marca mais cara que se possa imaginar.
O João, como não tinham lenha, pediu a Francisco para que, nesse inverno, fossem juntamente com alguns dos seus criados cortar alguns carvalhos, pois era o tipo de árvore que estava plantado em algumas das terras dos seus pais. No dia que se seguiu, João e Francisco na companhia de alguns criados decidiram começar por cortar os carvalhos da terra que possuíam na mata de Roquelanes, porque era a mais distante e, sendo aquele o dia em que estavam a começar a trabalhar, estariam em forma e preparados para a caminhada que tinham pela frente.
 João, como era o irmão mais velho, possuía mais força, e era mais objetivo do que Francisco e por isso, deu uma grande ajuda aos seus criados. No entanto, Francisco era bastante preguiçoso e só aceitara aquele pedido, pois não tinha nada de especial para fazer em sua casa a não ser jogar vídeo jogos ou ver televisão. Enquanto João exibia os seus grandes bíceps ao cortar um enorme carvalho, o irmão, como era muito curioso e bom observador, decidiu explorar as redondezas. Passado alguns minutos, Francisco aparece de sobressalto nas costas do seu irmão, que se assustou, dizendo:
- Anda, mano, vem rápido! Encontrei um tesouro!
João não acreditou na veracidade das palavras de Francisco e continuou o seu trabalho. No entanto, Chico, alcunha que recebera ao iniciar o ensino primário, tanto insistiu que conseguiu convencer João a deslocar-se ao local onde o jovem curioso tinha encontrado o cofre velho. O irmão mais velho ficou maravilhado com o que via. Tratava-se assim de um cofre enferrujado que possuía fortes dobradiças e um dístico que, pelas aulas de línguas, era facilmente reconhecido que estava escrito em árabe e tinha três fortes fechaduras. Procuraram então pelas chaves, mas sem sucesso, pois era o corpo já degradado de Rui (um dos irmãos de Medranhos, para quem conhece a história) que as tinha. Como tal, pediram ajuda aos seus criados para o abrirem. No entanto, não conseguiram. Entretanto, Francisco lembrou-se que na garagem de sua casa talvez pudesse encontrar algo suficientemente forte para abrir aquele cofre misterioso.
Quando chegou perto dos seus criados, ofereceu-lhes alguns pés de cabra e usaram também os machados utilizados no corte dos eucaliptos. Ao fim de muito esforço, conseguiram rebentar as fechaduras e abrir o cofre. Dentro dele estavam milhares de dobrões de ouro.
No regresso a casa, já o sol decidira deitar-se. Protegido por todos os serviçais, o tesouro chegou sem grandes dificuldades a casa dos dois irmãos. Porém, ainda não tinham decidido o que fazer com todo aquele ouro, visto que era desnecessário para eles. Esperaram então pelo jantar, pois era nessa hora que toda a família se reunia e conversava sobre o que se tinha passado durante o dia. Sentados à mesa, o Francisco pensava para si próprio que os seus pais iriam concordar com a sua ideia de distribuir o dinheiro pelas famílias carenciadas de Retortilho. Tanto o seu irmão como os seus pais acolheram a ideia de braços abertos.
Os habitantes de Retortilho viviam agora mais felizes, pois tinham resolvido os seus problemas financeiros graças à generosidade do Francisco e do João.

João Rocha, nº 10, 8º F

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