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sábado, 12 de dezembro de 2015

Caro amigo



Rua dos Perdidos, 11 de setembro de 2015.

            Caro amigo,
            Já há dois anos que vivo sem ti. Desde aí muita coisa mudou. Durmo em cima de jornais à chuva e ao frio. No verão, encosto-me ao pé de paredes de uma casa abandonada à espera que o sol não mude de posição, para eu não ficar sem a pequena sombra que o telhado ainda me proporciona.
            Passeio pelo parque, à espera que alguém me dê comida, já que não como há imenso tempo. Tenho a noção que estou a ficar magro, sem forças. Noto também que as pessoas olham para mim com pena, mas não é isso que me vai dar um teto, comida, carinho…
            Ainda me lembro quando era pequeno e tu me vieste buscar ao canil. Prometeste que nunca me ia faltar nada, que ias cuidar de mim como se fosse teu filho.
             Será que ainda te lembras do porquê de eu estar onde estou e como estou? Pois, mas eu lembro-me. Foi tudo por causa de umas férias, tu querias ir para um hotel no qual eu não podia estar. Preferiste deixar-me noutra cidade, sozinho, abandonado numa rua.
            Será que não sentes um pouco de remorsos? Será que não te fiz falta? Será que não andas à minha procura? Pois! Mas nada pode fazer com que o tempo volte atrás.
            Será que me substituíste? Se sim, espero que tenhas aprendido a lição pois, quando se adota um animal, cuida-se dele até ao fim, mesmo depois de todas as dificuldades que possam surgir.
            Amigo é aquele que cuida, ama e ajuda. É preciso dizer mais alguma coisa?
            Espero que fiques bem. Adeus!
                                                                       Black
Alexandra Natividade, n.º 1 e Isabel Melo, n.º 10, 10.º H

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