Hoje pela manhã, tudo parecia normal. Outro dia de aulas igual a tantos outros. Já na escola, mais propriamente no corredor da sala 4, esperávamos pela nossa professora de Língua Portuguesa ao soar do segundo toque. Já na sala, a professora anuncia uma visita, ao mesmo tempo que o diz, ouve-se bater à porta e espreita um senhor de uma certa idade com um ar tímido. Ao olhar para a professora, sorriu e entrou com convicção.
- Bom dia, meus estimados e amigáveis jovens. O meu nome é Gil Vicente e é com o maior dos prazeres que me encontro aqui com vocês.
Ao ouvirmos tais palavras, ficámos boquiabertos com tamanha surpresa. Eis, então, que se seguiram várias questões e a primeira fui eu quem a fez:
- Diga-nos lá como era a sua vida na sua época, Gil Vicente.
- Bem! – disse ele – por todo o lado que olhava, via alguma coisa errada, pessoas que não ligavam nenhuma à religião e apenas se faziam passar por bons cristãos, para dar “boa figura”; maridos e mulheres a traírem-se e muitas outras situações… Sendo assim, eu reflectia muito sobre esses assuntos e até ganhei inspiração para uma peça que provavelmente já ouviste falar: o “Auto da Barca do Inferno”.
- Sim! É a peça que estamos agora a estudar nas nossas aulas de Língua Portuguesa. – informaram alguns alunos em coro.
- Ah! Já andaram a falar de mim. Então, em que ano é que eu nasci? – perguntou ele.
- Provavelmente entre 1460 e 1470 e em Guimarães.
- Pois foi, meninos, não há grandes certezas mas foi em 1502 – e antes de continuar foi logo interrompido por um dos alunos.
-Que publicou a sua primeira peça: o “Monólogo do Vaqueiro” também conhecido por “Auto da Visitação” e para comemorar o nascimento do futuro rei D. João III.
- É verdade. Já estão bem informados. E certamente já sabem que fui eu próprio a representar a peça no papel de Vaqueiro. De facto, eu para além de dramaturgo, também fui actor, músico e organizador de espectáculos. E isso é que eram festas!
- Sim, nós sabemos. Já agora, ao criar o “Auto da Barca do Inferno, publicado em 1517, teve em mente vários objectivos, não foi?
- Sim. Eu quis denunciar os vários vícios e pecados cometidos pela sociedade do meu tempo, ao mesmo tempo que provocava o riso e transmitia uma moral, um ensinamento a quem assistia às minhas peças.
Entretanto, à medida que este diálogo ia decorrendo, os alunos estavam fascinados. E noventa minutos de aula passaram a correr, mas Gil Vicente fez questão de responder a todas as nossas perguntas e com um sorriso nos lábios.
Foi, de facto, um dia incrível e depois deste dia, passei a admirar ainda mais este Homem, merecedor do título “Pai do Teatro Literário Português”.
Teresa Rocha e Kevin Neves, 9ºF
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