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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Trocas e baldrocas

Sabem, a minha paixão é o Alentejo, às sete da tarde, por cima das rochas, ao pôr-do-sol, na praia. Para mim, a praia é um sinal de descanso, é um sinal de vida. Adoro estar na praia com descontracção. O Alentejo é o meu local preferido, é o meu buraquinho, é o sítio para onde eu fujo quando quero estar sozinha. Foi lá que eu aprendi a andar, aprendi a falar, aprendi a dançar… foi lá que eu vi o mundo pela primeira vez. Foi lá que eu deixei de ver tudo cor-de-rosa e passei a ver tudo ao natural. Também foi lá que o meu pai me disse pela última vez “adeus”. Aquele sítio era meu e dele apenas e só nosso, não havia ninguém que se atrevesse a lá entrar, pois sabiam que era um sítio especial. Essa praia é muito importante para mim porque, quando estou só, tudo fala para mim: as nuvens dizem para eu não chorar, pois só elas têm autorização para deitar uma única gota; a chuva diz-me para me abrigar, que o mundo continua frio, mas que continua; as pedras, essas então, dizem-me para rolar para uma nova vida, para esquecer aquilo que me faz sofrer; por fim, o mar diz-me para eu afogar nele a mágoa e a tristeza que anda dentro de mim. Todos me dão conselhos, todos tentam ajudar-me, mas eu não consigo deixar de pensar nele. Não consigo!!! Eu sei! Eu sei que a vida é mesmo assim, uns vão outros vêm. Eu sei! Mas custa-me… e muito! Mas eu também sei que vou passar um arco-íris “daqueles” bem coloridos na minha vida. O mais difícil era fazer isso acontecer. Mas tinha de tentar! A minha vida tinha passado a ser sem cor, sem amigos, sem felicidade, as coisas tinham perdido a piada, as árvores e as flores tinham murchado… até que um dia eu disse:
– Basta! – e fui até às dunas da praia, ao monte onde se via o pôr-do-sol e gritei vezes sem conta:
– Basta, basta, basta! Acabou aqui o sofrimento.
Entretanto revoltei-me contra tudo e contra todos, chorei tudo o que tinha a chorar e, depois de me acalmar, disse a mim própria: “Vais começar do “zero”, já!!!”
E assim foi. Vivi a vida começada do zero, como se o tempo de criança tivesse regressado.
Passei a dar ouvidos àquilo que me alertava para a felicidade, passei a perceber que não estava só no mundo, entendendo que nunca deixei de ser amada, nem nunca deixei de ser quem era e, por fim, consegui tornar realidade um dos meus sonhos: ter futuro na dança (sabendo sempre que ele estava a olhar e a cuidar de mim!).

Andreia Ferreira, 6ºD (Escrito na aula de Língua Portuguesa)

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