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quinta-feira, 28 de julho de 2022

Os carimbos (Vencedor Género Narrativo)

Hoje fui abordada, uma vez mais, por um senhor dos carimbos, nome com que, simpaticamente, batizo a todas as pessoas que “fazem de conta” que andam à procura de trabalho. Esta pessoa já não é a primeira vez que cá aparece, mas, como todas as outras nesta situação, esteve num período de descanso. A pandemia levou a que a procura deixasse de ser presencial durante os primeiros meses de 2021.

O indivíduo distingue-se das várias pessoas que nos “visitam” por querer uma assinatura e carimbo não para ele, mas para a esposa.

O desinteresse por arranjar trabalho é tanto, que ela nem se desloca à empresa, fazendo-o ele, já que o seu trabalho fica no trajeto. Claro que não veem a partilha do transporte como uma mais-valia, porque não está em causa o trabalho, mas sim o subsídio. 

O ordenado dele mais o subsídio de desemprego que ela recebe, é-lhes suficiente para irem sobrevivendo, não tendo nenhum tipo de preocupação com o futuro dos filhos.

A verdade é que o maço de fotocópias denuncia logo que o homem não está para grandes trocas de palavras, muito menos para ouvir os meus argumentos sobre o não depender de um subsídio, que trabalhar para conseguir um maior rendimento levará consequentemente uma melhor gestão familiar.

Efetivamente sinto que acabo por compactuar com toda esta situação, mas acaba por ser uma perda de tempo e de dinheiro estar a tentar dar formação a alguém que simplesmente não quer trabalhar e numa semana faz de tudo para não se “adaptar” ao trabalho e nos fazer aceitar que não se irá “adaptar”.

Se a procura ativa de emprego é uma obrigação imposta pelo Instituto de Formação Profissional (IEFP) e pela Segurança Social, de forma a que se possa beneficiar do subsídio de desemprego, por outro lado, o IEFP é facilitista nas justificações, pois a falta de meio de transporte é sempre um motivo aceite, sem ser verificada a sua veracidade.

Se por um lado, Portugal tem um número elevado de “subsídio-dependentes” por outro, as gerações mais velhas criticam os imigrantes que vêm “tirar” os empregos aos portugueses.

O que é certo é que as ofertas de emprego estão a multiplicar-se e, sem mão de obra imigrante, que quer efetivamente trabalhar, estaríamos com um problema grave.

Marta Santos, Centro Qualifica – EBSA / AEA

 

Parabéns, Marta, pelo primeiro lugar alcançado!

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