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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Passagens baseadas no Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente


Vem um ministro, mais precisamente o Sr. Dr. Titor Raspar, com a sua mala e carregado de mistérios. Chega ao batel infernal e diz:

T R- Hou da barca! Hou da barca!
          Está aí alguém?

Diabo- Quem vem i?
              Quem se atreve a incomodar?
               Hum, Santo Raspar honrado!
               Como vens tão carregado!

T R- Pois é, mandaram-me vir assi…
         E para onde será a viagem?

Diabo- Será para o lago dos danados.

T R- Então e os que morrem confessados,
         Onde têm a sua passagem?

Diabo- Não vale a pena falares mais!
               Esta será a tua barca!

T R- Não! Eu não vou de qualquer maneira
         Para a tua barca!
         Porque é que eu hei de ir para a tua barca,
         Se pratiquei o bem
         E ajudei as pessoas lá na terra?

Diabo- Ui! Ui! Que festa me estás a dar!...
              Tu morreste excomungado
              E não o quiseste dizer.
            Então, esperavas viver mais quantos anos?
              Roubaste bem o povo com o teu mester.
              Embarca, embarca pera aqui
              Que já há muito que te espero!

T R – Ajudei muita gente!

Diabo- Pois e depois roubavas essa mesma gente,
               A quem tu dizes que ajudavas,
               Com uma mala que trazes cheia de mistérios.

T R- Eu vou é ver se tenho
         Mais sorte na Barca do Paraíso.

Diabo- Vai lá, então!
              Ahahahahahah!

            Dirige-se, assim, à Barca do Paraíso e diz:

T R – Hou da santa caravela,
           Poderás levar-me nela?

Anjo- Com os pecados que carregas
             Nessa mala, nunca!

T R- Deixe-me entrar.
         O que quer que eu faça
         Para aí entrar?

Anjo- Não faças nada!
           És um pecador
           Que roubaste muitas, mas muitas pessoas.
           Sai! Sai daqui pr’a fora!
           Estás escrito no caderno das ementas infernais!

            Voltando à Barca do Diabo, diz:

T R- Hou barqueiros! Que aguardais?!
           Vamos, venha a prancha logo
           E levai-me àquele fogo!
           Não nos detenhamos mais!

               E assim teve de embarcar.

David Manuel Lourenço, nº 11, 9º C

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