Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Tudo me parece irreal

Quando me recordo do que aconteceu, tudo me parece irreal. Não sei se foi um sonho, nem sei como fui lá parar. Apenas me lembro do que vi e ouvi.

Eu estava escondida atrás de um pote, num local que parecia ser um cais , e conseguia ver, do lado esquerdo, uma barca escura com um aspeto pouco acolhedor e com fumo; do lado direito, via uma barca com cores claras, iluminada pelos raios de sol e com nuvens claras à sua volta.

Com medo, mantive-me escondida no mesmo lugar e, passado algum tempo, vi uma menina com um tom de pele escuro, muito magra e com pouco mais de quinze anos, a dirigir-se junto da barca sombria.

Com uma doce voz e um sotaque africano, a menina perguntou:

- Está aí alguém?

E surge uma criatura parecida com um homem com pele avermelhada. Os seus olhos, vermelhos também, eram brilhantes, aterradores , com um ar maligno. Na sua testa, tinha um par de chifres e, nas costas, umas pequenas asas.

- Eu sou o Diabo! Bem-vinda, minha querida! Entra!

Assim que esta o viu, fugiu com medo e dirigiu-se para junto da barca abençoada, de onde saiu um homem alto, de olhos claros e brilhantes, com um longuíssimo par de asas feito de penas brancas, que lhe disse com um ar sereno e doce:

- É bom ver-te, Alícia. Estava à tua espera.

Estiveram algum tempo a conversar e a menina contou-lhe como tinha morrido. Disse-lhe que a sua família tinha sido escravizada, tendo vindo para Portugal para servir um homem horrível que os maltratava, batendo-lhes. Um dia, esse homem mau começou a espancar a sua mãe e a Alícia, ao tentar ajudá-la, meteu-se à frente do seu dono e este acabou por matá-la.

- Senti uma dor muito forte, vi muito sangue no meu corpo…e acordei agora aqui-  afirmou Alícia revelando alguma estranheza.

O Anjo não lhe disse mais nada. Pegou delicadamente na sua mão e levou-a para dentro da sua barca.

Sem saber como, dei por mim no mundo real, com o meu caderno de Português, a minha caneta na mão e uma história fantástica na cabeça.

Sofia Duarte Calado, n.º 24, 9.º C

 

Sem comentários:

Enviar um comentário