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domingo, 24 de agosto de 2014

Uma tarde com a Ana - Texto narrativo concorrente concurso Ler & Aprender

Estava um dia escuro e, como não havia nada para fazer, decidi ir à biblioteca. A biblioteca estava vazia, as únicas pessoas que lá estavam eram o novo bibliotecário (que não parecia nada feliz por estar lá) e a fundadora da biblioteca que sabia de cor todos os parágrafos de todos os livros.
            Talvez a biblioteca estivesse assim, porque todos os usuários daquela biblioteca estivam no quentinho das suas casas, rodeados de amigos e da família. Eu não tinha a mesma sorte…
            Naquela biblioteca havia várias salinhas, normalmente estavam quase todas abertas… Mas sempre houve uma que nunca tinha visto aberta e sempre quisera espreitar. Naquele dia, essa salinha estava aberta. Entrei na pequena sala, peguei num livro e comecei a ler… À medida que ia lendo, tinha sensações estranhíssimas. Como nunca ali tinha estado, começava a ficar com medo, por isso, comecei a tentar descansar-me e a arranjar desculpas para aquelas tais sensações, como por exemplo o facto de a cadeira ser super desconfortável. Continuava a sentir-me estranha, por isso, por breves momentos, virei-me para ver se mais alguém estava na sala, e, quando ia para continuar a ler o livro que estava a ler, uma menina com uma carinha de anjo, e uma voz muito doce disse-me:
             - Talvez eu esteja a fazer sentir-te assim…!
            Aqueles seus olhos verdes distraíram-me por momentos, ela era de facto linda. Mas depois reparei nas suas roupas e nos seus cabelos. O seu aspeto era igual ao da rapariga do livro que estava a ler, a Ana. Por momentos assustei-me… Estaria eu a sonhar? Mas acalmei-me. Comecei a falar com ela. Ela via o mundo da mesma maneira que eu, era capaz de ler o mesmo livro imensas vezes, tal como eu, e, por isso, quando vi que ela era a Ana não conseguia parar de falar com ela. Os assuntos eram muitos, mas houve um em que não consegui deixar de pensar… Afinal, o que era a leitura para nós? Para mim, era imensa coisa, era uma maneira de viajar sem sair do sítio, e de aprender e sonhar. Para ela era a sua maneira favorita de traduzir sentimentos...
            O tempo voava enquanto falava com ela, mas, assim do nada, as duas tivemos uma grande dor de cabeça, sentia-me como se toda a minha imaginação estivesse a fugir de mim… Percebemos que o facto de ela ser a personagem de um livro e eu ser uma simples humana (desvairada em imaginação!) impedia-nos de pudermos estar juntas… Mas antes de ir, ouvi a sua doce voz a dizer:
            - É tudo mais fácil quando ninguém te julga de imediato. As críticas podem até vir, mas tudo depende de ti. Por isso, faz o que gostas por que se tu gostares alguém mais vai gostar.
            E assim do nada foi embora. E assim do nada aprendi o que não aprenderia sem o poder da leitura. E assim do nada, o dia escuro tornou-se no dia mais bonito que os meus olhos alguma vez tinham visto.

Joana Salomé Fidalgo, n.º 13, 6.º D

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