Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Madeira

A catástrofe ocorrida na Madeira não se deve apenas às condições atmosféricas excepcionais. Esta intensa queda de precipitação, aliada a outros factores naturais e humanos, como o relevo, a forte concentração demográfica e as consequentes construções humanas provocou a catástrofe vivenciada pelos madeirenses.
Cerca de 2/3 da população madeirense habita em pouco mais de 1/3 da ilha, mais precisamente na costa sul. Nesta parte da ilha localiza-se a capital, o Funchal, com quase metade da população e uma densidade populacional de 1 500 hab/km.
Ao longo dos anos a população foi fazendo construções que, quando conjugadas com situações anómalas de forte concentração pluviométrica podem originar desastres como o sucedido no passado sábado. Assim, o emparedamento das ribeiras, bem como toda a construção de edifícios e de estradas, nomeadamente a construção de rotundas sobre os seus caudais, dificulta a normal infiltração das águas e a consequente escorrência destas à superfície.
O arquipélago da Madeira localiza-se na placa Africana, num extremo da cadeia montanhosa submarina de sentido NE-SO. A disposição orográfica contribui fortemente para a queda de precipitação que ocorre ao longo de todo o ano na ilha da Madeira.

O ar, proveniente do oceano Atlântico, vem carregado de humidade. Ao entrar em contacto com a ilha, particularmente com o relevo acentuado, é obrigado a subir. Ao subir expande-se, arrefece e condensa-se formando nuvens e libertando a humidade que ganhou ao longo do seu percurso marítimo. A precipitação que se origina amplia a energia da massa de ar.
Assim, quando no sábado o sistema frontal de forte actividade, associado a uma depressão atingiu a ilha, a massa de ar quente transportada na circulação deste sistema frontal, caracterizado por instabilidade e grande quantidade de vapor de água originou, associado ao relevo da ilha, uma forte queda de precipitação.
A Madeira acordou com uma queda pluviométrica muito superior à normalmente registada. Os dados do Instituto de Meteorologia referem que entre as 4 e as 16 horas, a queda de precipitação atingiu os 132 mm. Esta queda pluviométrica ocorreu mais intensamente entre as 9 e as 10 horas quando os valores atingiram os 52 mm. Das 9 às 11 horas ainda houve registos de 92 mm e das 7 às 13 horas de 117 mm. As águas formaram torrentes que arrastaram tudo por onde passaram.

Graça Matos, professora

1 comentário:

  1. Bom saber que o Ciclista, passados 20 anos da minha passagem pelo então Ciclo Preparatório, cresceu e se rendeu as novas tecnologias!

    ResponderEliminar