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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A voz do além



O despertador acorda-me e sussurra-me ao ouvido o medo, o pesadelo de um novo dia. Tento voltar ao meu mundo, mas a porta fechou-se. Visto-me rapidamente para não ter de encarar aquela sombra que me persegue.
O meu nome é Rita, tenho apenas dezasseis anos e já sem vontade de sorrir. Ficar sozinha em casa é um autêntico pesadelo.
O tic-tac do relógio diz-me que ele está a chegar, não posso ficar aqui, se fujo, há gritos, o cinto foge das calças e deixa-me as pernas tão doridas que uso a desculpa de que tive educação física e que só queria dormir.
A minha mãe nem sonha que o homem com quem ela casou o pai dos seus dois filhos, atormenta, tranca a sua filha no quarto e abusa dela.
As lágrimas que escorrem no meu rosto são chuva dorida que só cai quando o mundo dorme. Na luz do dia, sou uma miúda aparentemente feliz.
Mas vai tudo acabar aqui, hoje e agora! O meu coração chora sangue, um prisioneiro de uma vida que jamais voltará a ver a luz do dia.
“Mãe, desculpa, fui á procura da minha felicidade, não posso ficar debaixo do mesmo teto que ele. Podes não acreditar em mim, contudo se não o fizeres não me procures e esquece que eu existo.
Acredita que é o melhor para todos nós.
Desculpa eu ir assim sem um último beijo mas vou voar sem rumo”.
Vou pôr a carta em cima da minha cama e vou descobrir o mundo, vou ser feliz e vou ser amada. Vou deixar de ser uma voz apenas.
Hoje deixei de ser a Rita. Vou ser uma mulher que vai ajudar as vozes escondidas que passam o mesmo que eu passei.
Não te escondas! Fala com alguém e não tenhas medo de ser feliz.
 Diana Fernandes, n.º 6, 10.º I

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