Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sofia de Matos Pedrosa Vencedora 1º Prémio Género Narrativo - 3º Ciclo - conclusão

 Uma viagem por um paraíso aquático

Parte II

- Sim. Os meus pais ofereceram-me um este ano.
- Sendo assim, veste-o e vem que eu levo-te a sítios aos quais nunca ninguém foi.
- Mas, mas… os meus pais… a minha irmã?!
- Eles estão todos a descansar, não estão? Nem vão dar pela tua falta. Vem!
Rapidamente subi ao meu quarto, vesti o meu fato de mergulho e… lá estava eu pronta!
Entrei no mar, como o meu professor de mergulho me tinha ensinado, embora com a ajuda do mar tivesse sido mais fácil e, de repente, vi-me num lugar indescritível.
As cores, a beleza. Enfim, era o paraíso!
As formas das rochas, as algas que pareciam ser agitadas pelo vento e não pelas águas, os peixes multicolores que nadavam à minha volta pareciam feitos de papel colorido. Também vi barcos antigos naufragados, alguns provavelmente portugueses e até espanhóis, cheios de eventuais tesouros por descobrir. Havia algas de cores como nunca vira. Havia peixes palhaço que me fizeram lembrar o Nemo. Mais à frente os corais. Como podia haver corais nas nossas águas?! Vi o sorriso que o Mar me fez e vi que ele me tinha transportado para bem longe da minha praia. Mas não, eu não estava assustada. Sabia que podia confiar nele. Pela primeira vez estava junto daqueles magníficos animais, que me faziam lembrar plantas coloridas que sabia estarem a ser destruídas pela incompetência e ganância do Homem, pela sua avidez em criar apenas a seu bel-prazer e esquecer-se da natureza. Da bela natureza que é de todos. Mas aqueles corais, que o Mar me mostrava, estavam intactos, lindos, extraordinariamente belos.
Vi as ostras, que por encanto se abriram e mostraram as suas belas pérolas. Quase caí na tentação quando, com a devida autorização do Mar, toquei numa e a fechei na minha mão pronta para a levar comigo para a oferecer à minha mãe. Porém, voltei a colocá-la na concha e vi o sorriso maroto do Mar que parecia ter lido o meu pensamento.
A minha viagem de sonho continuou, viajei pelos sete mares, vi o rift, vales profundos, passei junto de ilhas submersas, falhas, eu sei lá! Um mundo que eu jamais imaginei.
Vi baleias, que pareciam arranha-céus, tubarões que me fizeram estremecer de pavor, vi orcas com os seus belos vestidos negros e brancos, vi tantos e belos animais que jamais pensava existirem e, finalmente, tive o meu tempo de sonho, pois apareceram os golfinhos. Nesse preciso momento, atiraram-me ao ar, dançaram comigo, brincaram, nadei com eles, empurraram-me, chapinhámos. Foi tão mas tão divertido que nunca imaginei que alguém alguma vez pudesse ser assim tão feliz.
Mas, estava na hora de voltar. Os meus pais e a minha irmã deviam estar em cuidados. Nem sei quanto tempo tinha passado. Ia ouvir das boas! Isso é que ia!
- Sofia? - chamou-me o Mar.
- Sim! - respondi eu - Eu sei, temos de voltar! Por favor, ajuda-me, tenho de voltar muito rápido!
- Voltar para onde?
- O quê?!
- O quê pergunto eu! - exclamou a minha mãe junto a mim. - Vá lá, acorda, para irmos para a praia.
Olhei em redor e vi que estava na varanda da nossa casa. Afinal, claro como podia o mar falar comigo e levar-me numa viagem magnífica pelos sete mares, ainda para mais num tão curto espaço de tempo?! Só mesmo em sonhos!
Mas tinha valido a pena. Até sentia o sabor do sal no meu corpo! E tinha aprendido tantas coisas que não sabia até ao momento e isso é que eu não conseguia explicar.
Levantei-me a custo e lá fui deambulando até à praia.
Quando chegámos, a minha mãe chamou-me e apontou para o meu fato de mergulho e indagou:
- O que é que ele está a fazer ali, Sofia? Por que não o levaste de manhã?
Eu fiquei sem palavras. O que era aquilo? Como era possível? Corri para ele e constatei que estava ainda molhado. Eu tinha-o levado de manhã, não tinha? Pousei-o e corri até ao mar. O Mar fez deslizar uma pequena onda até aos meus pés e eu só soube dizer:
 - Obrigada!
Pareceu-me ouvi-lo sussurrar: “Sê feliz!” Mas não tive a certeza.
Voltei a correr para junto da minha mãe e peguei no meu fato, com a certeza de que o meu futuro estava traçado e que o meu amor pelo mar era uma realidade que jamais acabaria e que o meu sonho poderia ter sido apenas isso: um sonho mas que eu o iria tornar numa realidade!

Sofia de Matos Pedrosa, nº 27, 9º Ano, Turma C




4 comentários:

  1. Querida Sofia,
    Há muito tempo que tens este sonho de trabalhar com os seres marinhos. Eu como mãe apenas posso desejar que ele se concretize e fazer tudo para que seja uma realidade!
    Neste dia tão especial em que é publicado o texto vencedor do concurso Ler & Aprender, que vences pelo segundo ano consecutivo, dou-te os meus duplos parabéns.
    Parabéns pela beleza contida no texto, que nos encanta desde que começamos a sua leitura e nos prende pela viagem que nos levas a fazer. Mas, também, pela forma como encandeias a tua escrita de um modo cativante e, que eu sei, transmite os teus mais profundos anseios. Luta, por eles com a garra que tens demonstrado, pois vais conseguir vencer as grandes batalhas que se avizinham e, finalmente, conquistarás a guerra (mesmo que não gostes de História, eu faço esta pequena analogia…).
    Os segundos e últimos parabéns são repartidos entre ti e a Adriana pelo aniversário que hoje celebram.
    Já agora, Adriana parabéns também pelo teu excelente texto, já publicado, e pela bela mensagem que nele transmitiste.
    Mamã

    ResponderEliminar
  2. Finalmente o resto...
    E as minhas expectativas não saíram frustradas.Contrariamente, utilizando as palavras da mãe da menina, fizeram-me viajar. Escrevi ontem que gosto de ler e de ler o que é bom. E esta menina promete. Pelos vistos o percurso que anseia, de acordo com as palavras da mãe, não passam pela escrita. Mas, perderíamos uma escritora se o deixasse de fazer. Continua portanto a fazê-lo. Termino com os meus parabéns, feitos obviamente em duplicado, já que que temos essa informação. Felicidades para o teu futuro!

    ResponderEliminar
  3. Há pouco quando escrevi e dei os parabéns às minhas filhas não quis "misturar as águas". Por isso, separadamente quero fazer aqui um tributo à professora, que ao longo dos últimos três anos foi a impulsionadora do sucesso delas enquanto "escritoras". A este prémio ganho pela Sofia, acrescenta-se o similar do ano passado e a menção honrosa para a Adriana, o prémio nacional no concurso "Eu conto" e outros ganhos na Biblioteca Escolar, para além de muitos outros textos lindíssimos. Sem o contributo dessa grande professora, que elas muito admiram e de quem muito gostam, não seria possível chegarem onde estão.
    A ti, Sara Castela, o meu eterno agradecimento.
    Graça Matos

    ResponderEliminar
  4. Parabéns Sofia.
    O teu texto está fantástico. Revejo-me em muitas situações nomeadamente na dificuldade de acordar.
    Gostei muito.
    João Pedro Rocha

    ResponderEliminar