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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Vidas perdidas



Senti todos agitados à minha volta e ouvi o mano mais velho dizer que era hora de sair. Como ansiei a chegada daquele momento mágico!
No quentinho lá de dentro, imaginei todos os dias como seria o mundo lá fora. Eu queria pular, queria correr, queria brincar e, mais que tudo, queria muito conhecer o rosto da mamã, que todos os dias nos transportava na barriguinha, mesmo sendo nós tão pesados!
E, foi aí que ouvi o seu latido. A mamã esforçou-se muito para nos pôr lá fora.
Eu e os manos guinchámos de alegria, a mamã era linda. Com a sua língua lavava-nos, mesmo cansadinha do parto, enquanto nos amamentava e que bom que era o seu leite quentinho. Mas, de repente, senti uma mão puxar-me, uma mão que me tirou dali, do conforto da minha família. Com os meus irmãos, fui brutalmente levado para longe da mamã. Ainda consegui ouvir o seu latido, cada vez mais longe, a chamar por nós. Depois, senti aquela mesma aterradora mão, largar-me e uma dor terrível preencheu o meu corpo. Uma forte pancada fez-me cair naquele escuro, profundo e frio abismo. Consegui encontrar os meus irmãos. Aninhámo-nos todos e gritámos, chorámos pela mamã. Estávamos gelados, doloridos e com muita fome. Numa agonia interminável, os meus olhinhos fechavam-se, até que eu deixei de sentir qualquer tipo de fome, de frio e de dor… e tudo desapareceu.
Não sei onde estou, daqui pergunto-me que mão cruel me tirou da minha mamã, para me colocar naquele buraco escuro e frio, onde tanto sofri. Que mão perversa foi aquela que me assassinou a esperança de pular, correr e brincar. Pergunto-me porquê? Eu tinha acabado de nascer…
Adriana Matos, nº 2, 10º D /O Ciclista

Nota:
Infelizmente, os maus-tratos e abandono de animais são uma realidade muito dura, ainda vivenciada nos dias de hoje.
Escrevi esta história depois de presenciar a terrível situação de uma recém-nascida ninhada de cachorros que foi deitada no caixote de lixo e que já não consegui salvar. Quero, com esta história, sensibilizar as pessoas para a crueldade deste tipo de atitudes, pois choca-me imenso a insensibilidade dos seres humanos que praticam estas ações.

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