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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Santórios, uma opinião

A primeira vez que tive conhecimento dos santórios foi quando cheguei à Bairrada.
Região rica em tradições, em que as suas gentes procuram dar significado às coisas importantes do dia-a-dia, os bairradinos tinham, nos santórios, uma forma sã de convivência e um modo de praticar a solidariedade. Assim, em algumas aldeias as crianças mais pobres, noutras todas as crianças, andavam de porta em porta a pedir pelos santos ou santórios, já que tal acontecia no dia de Todos-Os-Santos. E as pessoas ofereciam-lhes nozes, castanhas, romãs, malápios, por vezes doces e dinheiro, além de outras coisas que tinham em casa. Com o produto obtido as crianças faziam uma merenda.
Ao tentar saber mais sobre esta tradição, descobri que existia em vários pontos do país, embora com variações. Por exemplo, em algumas zonas os padrinhos davam um bolo aos seus afilhados, chamado Santoro ou Afolar; noutras pedia-se o “Pão por Deus”.
Havia ainda a designação de “Dia dos Bolinhos”, não dos santórios, entre outras.
Hoje, as nossas crianças gostam de festejar o Halloween, tradição que aprenderam nas aulas de inglês. Talvez porque não conhecem os santórios e talvez, também, porque se disfarçam assumindo outras personagens, normalmente tenebrosas, coisa a que acham muita piada. No entanto,”Doçura ou Travessura” não tem o mesmo sentido de tradição dos Santórios e há quem leve a sério as travessuras, arrancando campainhas das portas e marcos do correio, danifique automóveis… É levar o espírito do Dia das Bruxas ao extremo? Acredito que sim, mas tenho pena que uma tradição que apela e permite a solidariedade, que nos leva a colher os ensinamentos dos santos, que tantas vezes deram a sua vida em favor dos outros, seja esquecida em detrimento de outra que, por vezes, leva as nossas crianças a ter atitudes menos correctas.
Como tantas vezes ouço dizer: “Prefira os produtos nacionais!”, “ O que é nacional é bom!”
Lutemos pela preservação dos nossos valores embora aprendendo, também, com os dos outros.
Maria Helena Cravo, professora

1 comentário:

  1. É verdade , não há nada como manter as tradições. Aquelas Papas de abóbora, que pena eu não poder provar...fica para a próxima!
    Ótimo trabalho. Parabéns!
    Alice Lourenço

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