Quando eu era pequenina, passava os dias a pensar:
- Por que é que todos os meus amigos têm sonhos e eu
não? Nem sei o que isso é!
Todos os dias, então, olhava para a Lua e
pensava, pensava, pensava a razão pela qual eu não sonhava como as outras
crianças. Comecei por questionar o meu pai e ele respondeu-me à sua maneira.
Contudo, eu não percebi o que ele me tentara dizer, pois era uma explicação
muito complexa. De seguida, perguntei à minha mãe, só que ela estava muito
atarefada e não me respondeu. Por fim, fui falar com a minha irmã que comentou
o seguinte:
- Não te posso falar em sonhos, porque se o fizer, quando
tiveres os teus próprios sonhos, estes não se tornarão realidade.
Um dia, à noite, estava eu a olhar para a Lua como já
era habitual e, de repente, vi lá no fundo qualquer coisa a vir até mim. Coisa
estranha, pois era uma escada. De seguida, subi-a de degrau a degrau até chegar
a um sítio lindo, todo branco e cinzento. Demorei algum tempo a descobrir onde
estava, mas descobri. Estava na Lua. Não podia acreditar! Era, pois,
completamente diferente do que imaginara.
Eis, então, que andei, andei, e pareceu-me ouvir
alguma coisa.
- O que seria? - pensei eu.
Era um ser estranho, mas a coisa mais bonita que eu já
tinha visto, parecia mesmo um bonequinho. Estava a tentar dizer-me alguma
coisa, e, como eu não sabia a língua dele, limitei-me a segui-lo. Ele queria
mostrar-me o outro lado da Lua, o lado que da terra não conseguimos ver.
Na verdade, era o sítio mais bonito em que alguma vez
estive ou mesmo que imaginei. Tudo era florido de tulipas, gerberas, girassóis,
e muitos mais tipos de flores, mas esses eu não conhecia, eram diferentes, só
existiam lá. Por outro lado, naquele local estavam todos os da espécie daquele
pequenino mas simpático ser que me levara até ali.
Levaram-me,
então, até às casas deles. Eu fiquei completamente encantada ao ver que as
paredes das suas casas eram feitas com caules de flores, já os telhados eram
feitos com as pétalas. Havia também uma pista onde eles jogavam os jogos e as
crianças brincavam. Estas estavam a jogar um jogo que parecia ser divertido,
mas, a certa altura, reparei que o jogo era sempre o mesmo. Como tal, decidi ensinar-lhes alguns jogos. Inicialmente foi difícil, porque
não entendia a língua delas, mas lá consegui e, no fundo, até foi divertido. De
repente, comecei a sentir frio, a cara parecia que estava a arrefecer cada vez
mais.
-Oh! - exclamei eu.
Tinha adormecido no jardim a observar a Lua. Afinal,
tinha sido tudo apenas um sonho. Fiquei desiludida por não ser real, mas também
contente, pois tinha sido o melhor sonho da minha vida.
Momentos depois, fui-me deitar.
No dia seguinte, quando chegou a noite, ao olhar para
a Lua, novamente, o meu coração revelou-me o meu verdadeiro sonho, aquele que iria
comandar a minha vida. Hoje, porém, ainda estou à espera que ele se realize.
Quanto ao meu sonho, só o contei a duas pessoas em
quem posso confiar inteiramente, a Lua e o meu novo amigo, aquele que é fruto
da minha imaginação, mas também quem me fez passar um dos melhores momentos da
minha vida. Na verdade, todos os dias olhava para a Lua até descobrir que o meu
sonho é efetivamente ir até ela e visitar assim amigos que, de facto, nunca vou
esquecer.
Espero, então, que o meu sonho se torne realidade e,
se isso for possível, até já, Lua!
Leonor Lopes Carvalho, n.º15 , 7.º F
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