Era a última aula do 2.º período, numa
sala de aulas igual a tantas outras, com o sol a entrar pela janela e a
iluminar as nossas mentes, ansiosas pelo toque da campainha que, finalmente,
nos levaria para as tão esperadas férias da Páscoa.
E, por fim, ela tocou. Dei por
terminada a interminável equação que estava a tentar resolver, arrumei os
livros na mochila e saí a correr da sala para ir ter com os meus amigos, Pedro
e Marta, que estavam à minha espera no portão da escola para combinarmos as
nossas férias da Páscoa, que iam ser passadas, em Guimarães, em casa da Dona
Teresa, tia do Pedro, e que havia falecido há duas semanas.
Passado algum tempo, estava eu já em
casa a preparar as malas para a viagem, o Pedro ligou-me a dizer que era para
estar, no dia seguinte, em casa dele às duas da tarde para, depois, irmos de
autocarro todos juntos até Guimarães.
O grande dia chegou e eu acordei, logo
de manhã, com um grande sorriso, ansiosa pela viagem. Às três horas da tarde,
estava já junto do Pedro, à espera da Marta, prontos para apanharmos o
autocarro.
Quando chegámos a Guimarães, já eram
seis horas e nós estávamos muito cansados. Num ápice, saímos do autocarro e
fomos a pé até à casa da Dona Teresa. A casa não era muito longe e estava
localizada num bairro pequeno e bastante acolhedor.
Entrámos na casa, desfizemos as malas e
instalamo-nos na sala a ver televisão perto da lareira. Momentos mais tarde, quando
me dirigia à cozinha para ir buscar comida, tropecei numa tábua mal pregada ao
chão. Qual não foi o nosso espanto quando, de repente, a lareira se movimentou,
abrindo-se um compartimento por detrás dela. Nós ficamos muito assustados e,
com cuidado, fomos ver o que se encontrava lá. Deparámo-nos com um pedaço de
papiro muito velho onde estava escrito: “Na ETNOF tu vais encontrar o ORIPAP que
ao ORUOSET te vai levar”. Ficámos horas a tentar decifrar aquela mensagem, até
que o Pedro com o seu cérebro fantástico se lembrou que as palavras-chave
poderiam estar com as letras ao contrário. Até porque assim a mensagem fazia
mais sentido: “Na FONTE tu vais encontrar o PAPIRO que ao TESOURO te irá
levar”. Olhámos uns para os outros a questionar-nos que fonte seria, até porque
nós não conhecíamos muito por aqueles lados.
Excitadíssimos, decidimos sair de casa
e perguntar a algumas pessoas se sabiam onde poderíamos encontrar uma fonte,
até que uma senhora nos disse que havia uma fonte não muito longe dali.
Fomos até lá imediatamente e, quando
chegámos, ficámos muito espantados, pois não havia nada fora do normal com
aquela fonte, parecia-nos uma fonte igual a tantas outras. Então, começamos a
explorá-la e encontrámos uma argola no fundo da água que se acumulava por baixo
da torneira. Nós puxámos a argola e abrimos um alçapão. De repente, para nosso
susto, toda a água da fonte havia desaparecido. De dentro do alçapão, tirámos
um bocado de papiro, milagrosamente seco, no qual dizia: “Na vivenda Albuquerque
encontra-se o tesouro”.
Pensativos, fomos para casa, decididos
a descobrir onde era aquela vivenda. Chegámos a casa, jantámos e sentámo-nos
relaxadamente no sofá ao redor da lareira. Pedro olhava fixamente para a lenha
que ardia e, subitamente, os seus olhos brilharam mais do que o normal e
exclamou:
- Albuquerque… Albuquerque era o
apelido da minha tia Teresa. Portanto, o enigma deve referir-se à sua antiga
vivenda na Quinta dos Sobreiros.
No dia seguinte, ao raiar do sol, apressámo-nos
para apanhar o autocarro com destino à antiga Quinta dos Sobreiros. Quando lá
chegámos, procurámos a vivenda Albuquerque e encontrámo-la encoberta por uns
sobreiros altos, que davam à casa uma aparência sombria e misteriosa.
Entrámos e vimos imensas aranhas e pó.
Decidimos explorar a casa à procura de pistas e encontrámos um alçapão no teto.
Foi muito complicado alcançá-lo, pois ainda estava um pouco alto. Quando
finalmente o alcançámos, abrimo-lo e subimos umas escadas de ferro que davam
acesso a uma sala grande e escura. Ficámos muito intrigados com a existência daquela
sala secreta, até que, ao fundo dela, encontrámos uma arca. Era uma arca
bastante velha, logo não foi muito complicado abrir a sua fechadura. Quando a
abrimos, deparámo-nos com uma carta de foral, onde estava escrita a história de
Guimarães. Era um documento procurado há anos e anos, uma vez que a história e
a tradição desta cidade apenas tinham sido perpetuadas pelo saber popular.
Saímos da Quinta dos Sobreiros a correr
e fomos diretamente ao museu da cidade entregar a nossa tão ilustre descoberta.
Todos ficaram muito admirados com o facto de nós termos conseguido descobrir a
carta de foral que há tantos anos era procurada por profissionais.
No fim desta aventura, orgulhosos do
nosso feito, questionámo-nos sobre o motivo de as pistas terem começado na casa
da Dona Teresa. Será que esta saberia o local onde se encontrava a carta de
foral? E, se sim, porque é que a escondera? Estas são algumas questões para as
quais, se calhar, nunca obteremos uma resposta…
Mariana Moniz, 8.º B, Escola Básica de
Vilarinho do Bairro
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