Todos os adolescentes e jovens sonham com a sua “princesa” ou “príncipe”
encantado. Ela, ou ele, é o seu ídolo. Claro que normalmente é-o de milhares de
outros jovens. Mas o que é importante é que povoa os seus mais íntimos
pensamentos e neles é apenas seu…
Então, eis que dá asas a sonhos que são um misto de fantasia e
de uma ilusão que desejariam ver tornada realidade.
O céu era de um imenso azul como só o
céu consegue ter. O sol irradiava um amarelo tão intenso que parecia sorrir. E
esse sorriso era apenas para mim. Pois, adivinhava o que estava para acontecer.
Eu estava
no jardim público do centro de Anadia, num banco de madeira que lá havia,
desfrutando os aromas primaveris. De repente, sentou-se um rapaz ao meu lado.
Eu, como era habitual, estava a ler um livro e nem tinha prestado atenção a
quem se tinha ali sentado. Então, foi aí que ele iniciou a conversa dizendo: “-
Este é um sítio muito agradável!” Eu olhei para ele e, nem sei bem o que senti,
talvez uma espécie de entusiasmo, juntamente com uma felicidade enorme. Era
mesmo ele, o artista da minha eleição, o rapaz que eu tanto sonhara conhecer!
Estar ali com ele era um sonho! Aliás, um sonho tornado realidade!
Conversámos
durante horas, horas a fio. Falámos de tudo, do país de cada um, da família,
dos gostos, das experiências… e descobrimos, assim, que até tínhamos muito em
comum. Entretanto, a noite começou a querer desabrochar sobre a Terra, chegando
lentamente mesclando de cinza o céu límpido deste final de tarde e eu disse-lhe
que tinha de ir para casa. Trocámos, assim, os números de telemóvel e acabámos
por nos despedir com dois saudosos beijinhos, que já previam a vontade de
voltar a partilhar a presença um do outro.
Assim que
cheguei a casa, liguei imediatamente à Sofia, a minha melhor amiga, para lhe
contar a minha tarde. Estava, de facto, eufórica, mas reparei que ela sentiu
uma certa inveja. Porém, nada e ninguém iria abalar este meu entusiasmo.
Nos dias
seguintes, eu e ele continuámos a encontrar-nos e, nos nossos encontros,
fazíamos muitas atividades juntos, como jogar ténis, andar de patins, lanchar.
Enfim, já estávamos uma espécie de melhores amigos, confiávamos tudo um ao
outro e, cada dia que passava, vivíamos os melhores e piores momentos juntos.
Éramos, de facto, inseparáveis!
Certo
dia, de manhã, ainda o orvalho dormia sobre as plantas do meu belo jardim,
estava eu para ir tomar banho, quando o meu telemóvel cantou para mim. O meu
coração palpitou e com razão, pois era precisamente Ele. E, antecipadamente,
ele previra a forte emoção que se avizinhara, na medida em que me convidou para
jantar. Aceitei logo, claro, mas fiquei tão nervosa, pois um jantar pareceu-me
diferente de tudo o que tínhamos passado até aí. Era um jantar!
Liguei de
imediato à Sofia, já que não sabia o que vestir, nem o penteado, ou seja,
aquelas cenas de miúdas. Sendo assim, à tarde, ela foi a minha casa para
escolhermos um vestido, o penteado, as unhas e “coisas” assim. Na verdade, estivemos
durante horas na minha preparação, mas vá, tenho de admitir que ela foi uma
querida e que me ajudou imenso. Finalmente, quando terminámos, eu estava linda!
Digna de uma gala. Uma autêntica princesa!
Às 20
horas, como combinado, ele apareceu em minha casa para me vir buscar. Ele
estava tão elegante!
Fomos
jantar a um restaurante, “trés chic”
da região. Por sinal, jantámos à luz das velas e ao suave som de músicas
tocadas por um conjunto musical. O momento foi divinal e fez-nos sentir
especiais, de tão fantástico e agradável que foi. Por fim, ele levou-me à
beira-mar e, embora estivesse escuro, as estrelas que brilhavam no céu
transformavam a areia em ouro e o mar em prata. Sentámo-nos na areia fria e ele
pegou no seu casaco e colocou-o sobre as minhas costas descobertas, tornando
ainda mais agradável aquela noite. Entretanto, pegou na sua guitarra e começou
a cantar só para mim. Era uma canção que andara a compor nos últimos dias e que
nunca cantara. Era-me dedicada. Foi tão romântico! Nunca ninguém me tinha feito
algo do género, estava mesmo tão feliz! No final da canção, sorrimos e ficámos
algum tempo a olhar um para o outro.
De
seguida, ele disse o quanto eu era bela e como o meu sorriso e a minha boa
disposição, bem como a minha alegria, o faziam sentir-se bem. Felizmente, a
escuridão impedia que ele vislumbrasse o meu rosto, que eu sabia que estava a
ficar escarlate, e foi aí que ele me beijou… Aí sim! As estrelas tornaram-se
ainda mais brilhantes, a lua ficou mais dourada e a claridade era tanta que, de
repente, vejo a minha irmã a abanar-me e a dizer para eu acordar, que já estava
atrasada para a natação.
Tudo não
tinha passado de um sonho, um sonho feliz! E, afinal, toda aquela claridade não
passava do sol que entrava pela janela do meu quarto. Mas o sabor do beijo
permanecia nos meus lábios, como se fosse realmente verdadeiro!