Que ovelha marada!
Era um dia normal de
escola. Eu tinha ido ter com o Pedrinho e tinha-lhe dito:
- Passa para cá o
dinheiro que eu preciso de ir almoçar!
Ele, cheio de medo,
deu-me o dinheiro e foi-se embora a correr. Não vos tinha dito, mas eu era um menino
muito rebelde e malcomportado, mas não porque queria. Tinha problemas em casa e
a forma que eu tinha de descarregar era sobre os meus colegas que não se podiam
defender.
Nesse dia, depois da
escola no caminho para casa, ouvi alguém a chamar-me. Olhei para trás e não vi
ninguém. Ouvi novamente a chamarem-me. Olhei para trás outra vez e a única
coisa que vi foi o rebanho do Sr. Manuel e da D. Carla que costumava pastar ao
lado da escola. Continuavam a chamar-me e eu comecei a ficar assustado e fugi.
Parei junto ao
rebanho do Sr. Manuel e ouvi uma ovelha a falar comigo:
- Então?! Estás com
medo?! Não fujas que eu não mordo – disse, entre risos.
- Tu não podes falar!
Eu estou louco! As ovelhas não falam…!
- O quê?! Eu não fiz
nada! – menti.
- Eu vi! Escusas de
mentir! – disse com voz assustadora – Se tu voltares a meter-te com alguém nem
sabes o que te faço!
- Ai é?! E o que é
que tu me fazes?
- Olha que eu sei
onde é que tu vives! – exclamou de forma tenebrosa e segura de si, mas entre
pequenos risinhos.
- Está bem! Não volta
a acontecer! Não me faças mal!
- Eu não te faço mal,
mas tens de começar a pensar nas consequências dos teus atos e no teu futuro…
E ela continuou a
falar. Fez um grande discurso e eu comecei a olhar de outra maneira para aquela
ovelha negra, gorda, pequena, com orelhas grandes e focinho um pouco achatado,
suja, com um brinco que tinha muito estilo e olhos grandes. Comecei a achar que
aquele pequeno animal talvez tivesse razão.
Tivesse razão ou não,
na verdade, aquela conversa tocou-me e eu nunca mais fiz mal, nem ao Pedrinho
nem a nenhum dos meus outros colegas.
Beatriz Santos, nº 4, 8º C
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