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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

“Como eu estabeleci uma estreita amizade com um ser espacial”


2º e último Episódio

Mas, para os astrónomos, o nascimento e evolução do nosso Universo explica-se pela teoria do Big Bang. Há cerca de 15 mil milhões de anos, o Universo era mais pequeno do que uma cabeça de alfinete. Toda a energia aprisionada neste ponto minúsculo teria sido subitamente libertada durante uma formidável “explosão”. Ter-se-iam começado a formar pequenas partículas neste recente Universo e a organizar-se em nós, estrelas e em galáxias.
- Sabes, estou fascinado com tudo o que me contas e vejo. Visto da Terra, é tudo tão diferente! De lá não passas de um pontinho brilhante.
- Estamos tão distantes de ti que os astrónomos criaram uma unidade especial que lhes permite medir estas distâncias inconcebíveis – o Ano Luz, isto é, a distância que a luz percorre num ano; estes calculam que num ano terão percorrido quase 10 000 biliões de quilómetros.
  — Mas agora, vou calar-me e continua tu. Diz-me, conta-me o que quiseres.
E falei-lhe da poesia, outro fantástico mundo onde nos podemos libertar e tudo criar.

“ Mar sonoro
   Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
   A tua beleza aumenta quando estamos sós
   E tão fundo intimamente a tua voz
   Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
   Que momentos há em que eu suponho
   Seres um milagre criado só para mim.”
Dei-lhe a conhecer “ Sexta-Feira” propondo-lhe uma adivinha:
“Qual é coisa, qual é ela, que é uma mão que te embala, um cozinheiro que põe sal na tua sopa, um exército de soldados que te faz prisioneiro, um grande animal que se zanga, ruge e se agita quando faz vento, uma pele de serpente com mil escamas que brilham ao sol?”
- Oh! Conheço-o bem, amigo – é o Oceano, uma outra maravilha que percorro diariamente a fim de orientar e “salvar” os meus marinheiros. Mas não imaginas o medo que eles sentem quando ele ”ruge” e “se agita”!
- Olha, acalma-o, com este outro poema de Sophia que parece retratar os teus “protegidos”.
  
 Lusitânia
 
“Os que avançam de frente para o mar
    E nele enterram como uma aguda faca
    A proa negra dos seus barcos
    Vivem de pouco pão e de luar.”

   - Agora, que me mostraste a poesia, penso que poderei socorrer-me dela e pouparmo-nos desses desagradáveis momentos de zanga marítima.
Está na hora. Vou ter de te deixar, pois vou iniciar mais um turno, vou regressar ao meu trabalho.
Podes acompanhar-nos e quando quiseres, deixar-te-ei em “casa”. Poderás assim entender o que não te poderei fazer sentir por palavras... como sou feliz ao ser estrela! Como sou feliz sendo guia dos marinheiros, audazes homens que não se poupam a esforços e perigos para ganharem a vida!
- E olha amigo… no fundo o Universo é tudo o que existe, e também eu e tu fazemos parte dele. Ambos nascemos, envelhecemos e morremos.
  Vivi assim momentos numa paisagem pura, paisagem essa onde estabeleci uma relação com “alguém” com a candura original dos seres e dos objetos.
Mesmo revelados alguns dos seus segredos, o céu visto do meu jardim continuará para sempre, aos meus olhos um vasto oceano de mistério.

Henrique Seabra Ferreira



2 comentários:

  1. Está excepcionalmente bem redigido. Denota-se um trabalho de pesquisa literária profundo. Ainda bem que os jovens portugueses continuam a apostar na sua cultura e educação. Parabéns! Continua e continuem todos como este menino que tão bem sabe usar a escrita.

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    1. Caro(a) leitor(a),
      agradeço, em nome dos nossos alunos, as singelas palavras que lhes dirige.
      Também quero expressar o obrigado d´O Ciclista pelo contributo do seu comentário, que é sempre bem-vindo!
      Graça Matos

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