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terça-feira, 28 de agosto de 2012

“O triângulo da descoberta”


7º Episódio 



Ele fazia-me rir. Era como se estivesse a falar para um espelho.
O dia passou demasiado rapidamente. Pedi ao António para deixar que os seguranças pudessem descansar um pouco, mas o máximo que ele deixou, foi deixar que um deles descansasse enquanto os outros ficavam de vigia.
“A tua segurança acima de tudo. É a função deles.”, disse ele quando lhe fiz o pedido durante a tarde.
Naquela noite ia dormir muito melhor, disso tinha a certeza.
Não tinha voltado ao meu camarote inicial. “Não era seguro.”
Como o bilhete era de primeira classe, julguei que não havia camarotes melhores que aquele onde estava, mas havia. Parecia forrado a ouro ou algo do género. A mobília negra emanava um brilho quase natural. “Digno de uma rainha.”, eram estes os pensamentos que me faziam rir, agora.
“Rápido menina, venha, venha!”
Olhei para o relógio: tinha adormecido apenas há duas horas quando me tiraram violentamente da cama. O segurança que tinha ficado encarregue de vigiar a porta do quarto entrou de rompante enquanto gritava desenfreadamente, parecia um louco.
Não me deu tempo sequer para perguntar o que se passava. Agarrou no meu telemóvel e em alguns pertences mais pessoais deixados de forma a permitir uma fuga rápida (não que eu achasse necessário, mas o meu irmão assim o obrigava) e levou-me na direção do convés.
O António já lá estava.
Algo tinha chocado contra o navio, ou talvez o navio tivesse chocado com algo, era impossível de perceber.
“Chama o helicóptero.”, gritavam entre eles.
Com a confusão que se instalou, depois de empurrões intermináveis, acabei separada deles. Uma mulher forte veio contra mim fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse borda fora.
Não sabia nadar muito bem e foi difícil chegar à tona da água.
Um animal veio contra mim. Parecia que não me queria aleijar, só chamar a minha atenção para ele. Tateei-o com as mãos e cheguei à conclusão que se tratava de um golfinho. Agarrei-me à barbatana dele e deixe-me ser levada.
Nadámos durante alguns segundos até que ele mudou bruscamente de direção mesmo antes de um objeto enorme com umas luzes demasiado potentes para a minha visão passar por nós. Um submarino, tal como eu previra. Só depois me lembrei que eles tinham mencionado algo sobre um helicóptero e não sobre um submarino. Seria aquela a razão da avaria do navio?
Continuei a ser levada e fomos descendo cada vez mais fundo até que me fui apercebendo de que conseguia respirar debaixo de água.
O golfinho deixou-me junto de uma baleia enorme, maior do que todas as outras que vira nos programas de vida selvagem até ali. Ela abriu a boca, sugando-me para o seu interior.
Primeiro estava escuro, mas depois uma luz apareceu e foi-se tornando cada vez maior até revelar um salão majestoso.
Cavalos-marinhos carregavam bandejas enquanto estrelas-do-mar cantavam animadamente.
Que sítio era aquele?
“Tragam-na!”
Dois golfinhos foram ao meu encontro e levaram-me até junto de uma mulher que parecia ter idade suficiente para ser minha avó.
 “Olá Clara.”, sabia o meu nome. “Espero que estejas bem, dei ordens para isso. O meu nome é Agnes. Sou a governadora do mar das Bermudas. Não te assustes. Só te queremos ajudar.”

Continua…

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