Esta não é
uma história de um “Era uma vez…” ou uma história de fantasia. Esta é a
história da vida de uma adolescente, história real e verdadeira. Tal como tudo,
a adolescência tem os seus prós e contras e talvez haja pessoas que lhe achem
uma piada de partir a rir, mas pode ser bastante dolorosa, ao contrário do que
esses seres possam pensar. Será que é rir para não chorar? O certo e sabido é
que são uns anos muito evolutivos e extremamente rápidos.
Vou-vos
contar a história de uma rapariga chamada Melissa, mais conhecida por Mel pelos
poucos que a conhecem. Uma rapariga baixa, gordinha, de uns incríveis olhos
castanhos, com óculos que assentam perfeitamente no seu rosto suave, com um
belo e longo cabelo claro que combinava com os seus lábios largos. Já a nível psicológico,
… acho que já vão entender.
Mel tem os
seus 15 anos, anos com muitos altos e baixos…. Sim, a adolescência pode ser
incrível, mas pode também ser muito cruel. Apesar de ser uma rapariga de muito
bom coração, doce tal e qual como o nome, são poucos os que conseguem ver isso.
Veste roupas
largas, pois muitos são aqueles que julgam o seu corpo, que a maltratam por
isso. Não é fácil viver com esse julgamento vindo de tudo o que é pessoa, com
todos aqueles olhares de lado, todas aquelas piadas sem sentido, todos aqueles
comentários desnecessários. Não, nada disto é necessário, mas as pessoas são
influenciadas umas pelas outras e o mal espalha-se muito rapidamente. Então, o
pensamento de Melissa é “Vou esconder este meu corpo que eu acho maravilhoso,
mas que os outros não aceitam.”. Pois, ela achava o corpo maravilhoso, mas os
que a rodeavam não e, apesar das opiniões dos outros serem só as suas opiniões,
ela importava-se com elas, não sei bem porquê.
O seu pai
tinha morrido quando ela tinha 11 anos. Lembrava-se dele todos os dias, e as
saudades eram muitas…. Vivia com a mãe, que já não era a mesma desde o
falecimento do seu marido. Como era só uma a trabalhar, o dinheiro não era
muito e, então, Melissa fazia limpezas num pequeno mercado da sua rua. Era mais
um motivo para ser alvo de crítica. “Olha a empregada da limpeza, a pobre da
zona.” (era só um dos muito comentários que ouvia…)
Tudo isto é
muito pesado e triste, mas ainda vai ficar pior. Mel veio a descobrir que tinha
cancro do colo do útero. Teve que ser operada e fazer quimioterapia. Demorou
algum tempo até voltar a estar apta a ir à escola. Quando voltou, foi um
autêntico desastre. “Ai, ela agora está careca! Ahahah!” - um comentário que
até a mim me dói e, felizmente, nunca passei por isso.
Tudo isto fez
com que Mel sofresse muito. Não tinha amigos, era maltratada por todos, não
tinha o seu pai, tinha uma doença grave, era alvo de julgamento… E o que devia
doer mais é que todos estes sentimentos, esta tristeza, solidão, depressão e
lágrimas estavam escondidos atrás de um sorriso, o sorriso mais falso de entre todos.
Sofrer tudo isto sem ajuda de ninguém! Que linda que está a nossa sociedade,
não?!
Esta história
pode acabar de duas formas: pode acabar muito bem, onde a Mel consegue passar
por cima de tudo e viver a vida que sempre sonhou ou, então, algo de muito mau pode
estar prestes a acontecer... Mas este fim da história deixo para vocês.
Para todas as
Melissas que possam estar desse lado tenho algo a dizer: vocês são fortes,
muito mais do que pensam, não deixem que ninguém vos pare. Eu sei que é difícil
e, possivelmente, às vezes, é necessária ajuda, mas não tenham medo de a pedir
a alguém, mesmo que o mundo esteja prestes a cair. Não desistam de vocês, por favor…
Leonor Almeida Ferreira,
9.º A | Escola Básica de Vilarinho do Bairro
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