Há muito tempo atrás, num reino muito
distante, havia uma menina que era muito responsável e muito educada, mas que
tinha um defeito, pedia demais, queria tudo, mas tudo mesmo!
Os
pais bem a chamavam à atenção e bem a faziam ver a pobreza à sua volta. Carolina,
a menina “pedinchona”, parava por momentos. Porém, logo a seguir, voltava a
pedir indo buscar, para convencer os pais, os mais bizarros argumentos. Aquela princesinha
era deveras mimada!
Faltavam
apenas oito dias para o aniversário de Carol, e os pais andavam numa roda-viva,
eram os presentes, os convites, a comida, as decorações, os insufláveis. Era,
de facto, necessário preparar tudo isto para a festa ficar perfeita e à altura das
expetativas de Carolina.
Tal
como no Natal se fazia a lista ao Pai Natal, naquele reino longínquo havia a
tradição de se escrever a carta de aniversário à Fada Presenteira, e tal como
mandava a tradição, Carol fez a lista. Bem, não foi propriamente uma lista!
Carolina começou por fazê-la, mas queria tanta, tanta, mas tanta coisa que uma
lista não chegava! Então, resolveu ir à mercearia da D. Maria de onde trouxe
dois caixotes de cartão vazios e começou a recortar de folhetos, que tinha lá
em casa, tudo o que queria. Carol recortou imagens de livros, CD's, bonecas,
chocolates, roupa, bicicletas, sapatos, tudo e mais alguma coisa. Ela estava
estafada! E sentia que, mesmo com dois caixotes de recortes, lhe continuava a
faltar alguma coisa. Até que, depois de muito pensar, se lembrou de escrever um
bilhete num papel cor-de-rosa brilhante à Fada Presenteira:
“Querida
Fada Presenteira,
Este
ano, depois de muito pensar, decidi dar-lhe menos trabalho…
Em
vez de lhe fazer uma lista enorme, tudo o que eu quero é um hipermercado!
Beijinhos,
Carolina*
”
E assim foi! Depois do bilhete escrito, fechou-o
num envelope e guardou-o debaixo da almofada, desejando, com muita força, que a
Fada realizasse o seu desejo.
Passados oito dias, Carolina acordou
radiante, pois era o seu dia de aniversário. Quando acordou, viu muitos
presentes, uma festa maravilhosa, e as suas melhores amigas, mas mesmo assim
estava desiludida, pois a Fada Presenteira esquecera-se dela e do seu pedido.
O dia passou-se com muita alegria e
animação e Carolina estava estafada.
Ao deitar-se, Carol viu um bilhete,
que dizia:
“ Nunca me esqueceria de ti, princesa!
Vem ter comigo, às nove ao portão!
Beijinhos*”
E assim foi,
às nove em ponto, Carolina estava ao portão, e a Fada como prometera viera
buscá-la. Sobrevoaram a cidade e Carol teve a possibilidade de ver como era tão
bonita. Minutos depois, ao chegar ao supermercado, correu, mexeu em tudo, riu e
divertiu-se. Mas, a certa altura, já estava com frio e cansada, já estava
enjoada de tanto chocolate e estava com muito medo. Os telemóveis e os
aquecedores não funcionavam, e Carol apenas chorava! Desesperada, encontrou uma
porta de emergência e partiu-a. Ao parti-la, ouviu um ruído, parecia vir dos
caixotes do lixo e, mesmo ali ao lado, parecia ter ouvido miar. Muito a medo,
aproximou-se e viu um gatinho, agarrou-o com força e chorou agarrada a ele. Viu
como ele ficava feliz com tão pouco. Aí viu como em toda a sua vida fora
egoísta e chamou ao seu gatinho de Estrela, já que fora ele quem iluminara a
sua vida, a partir daquele momento e lhe mostrara como tinha agido sempre de
forma errada.
Daquele
supermercado, apenas o queria a ele, pois este pequeno animal foi a melhor e a mais
imprevisível prenda que lhe tinham dado! A partir daí, Carolina mudou tudo, devido
à presença daquele querido animalzinho.
Margarida Lagoa, 8º F
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