2 de Abril de 2013
O Dia Internacional do Livro Infantil celebra-se a 2 de abril.
Esta data foi escolhida por ser o dia do nascimento do escritor
dinamarquês Hans Christian Andersen.
O cartaz português deste ano é da autoria de Maria João Worm,
vencedora do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado.
Para assinalar este dia, o IBBY (International Board on Books for Young
People) divulga anualmente uma mensagem de incentivo à leitura dirigida às
crianças de todo o mundo, que a seguir apresentamos. Também a DGLAB costuma
assinalar a data, através da produção de um cartaz alusivo.
O tema deste ano é A alegria dos livros à volta do mundo.
A melhor forma de assinalar esta data é contar-vos “O sonho de uma criança”
vivido, claro está, num “conto infantil”!
O sonho de uma criança
Bruno tinha dez anos e, durante a sua infância, recusara-se
sempre ou quase sempre a ouvir as histórias que os pais se dispunham a ler-lhe.
Bem, muitas das vezes ainda ouvia, mas não era aquele prazer, aquele gosto… Ele
preferira sempre os jogos, as brincadeiras com os carros do que qualquer conto
infantil. Os seus pais não o podiam obrigar a gostar de ler ou ouvir histórias,
mas ficavam tristes.
Bruno tinha uma irmã mais nova que tinha três anos. Joana, ao
contrário do irmão, adorava que lhe lessem contos infantis. Por vezes, até
chegava a pegar num livro e inventava uma história, a sua própria história,
para cada desenho das páginas. O seu gosto pela leitura, ou melhor, o prazer de
ouvir os pais a lerem-lhe tinha nascido com ela e os contos infantis, esses aí
fascinavam-na imenso. A mãe, com a sua voz doce e suave, dava um sabor especial
a cada conto. O pai, por sua vez, com aquela voz grave e expressiva, parecia
dar vida às personagens e, se fechássemos os olhos, dava-nos a sensação de
estarmos a viver momento a momento a vida de cada figura e isso impressionava-a
ainda mais. No entanto, apesar dos esforços dos pais e dos seus dotes para a
leitura, Bruno nunca tinha sido cativado da mesma maneira que a sua irmã,
daquela maneira tão especial que ela tinha, sempre que o assunto era um conto
infantil.
Nos dias de inverno, Joana adorava ouvir os pais a lerem-lhe os
contos infantis à lareira, ao quentinho, e era aí que ela se deliciava
completamente. Era uma maneira de passar os dias frios e de chuva, já que esse
tempo não lhes permitia saírem de casa. Bruno também gostava de passar esses
dias friorentos à lareira, em família, mas enquanto a sua irmã se entretinha
com os habituais contos infantis, Bruno divertia-se com os jogos do costume com
carros e aqueles da PlayStation. Eram uns dias bem passados em família, pois
eles eram uma família muito unida.
Com o passar do tempo, o gosto que Joana tinha pelos contos
infantis começava a surpreender o irmão e cada vez mais, Bruno apercebia-se de
um sorriso diferente, daqueles olhos esverdeados brilharem como esmeraldas,
enfim, da felicidade e ao mesmo tempo, a simplicidade que ela tinha em lidar
com os contos. Era incrível!
O Natal estava à porta e toda a família andava atarefada com os preparativos
para a grande noite. Eram as decorações natalícias da casa, a compra dos
presentes, a árvore de Natal, o presépio, as iguarias para a ceia: as entradas,
o bacalhau, o peru, os doces, entre outras delícias e estavam todos
animadíssimos com o já célebre e tradicional jantar de Natal, a hora de
finalmente estar a família mais chegada toda reunida.
A tão ansiada véspera de Natal chegara. À hora marcada, estavam
todos como combinado em casa dos pais dos dois meninos. Começaram por se sentar
à mesa e, após os aperitivos, vieram as deliciosas entradas preparadas pelo Sr.
Paulo, o pai dos dois irmãos. Seguiu-se o bacalhau com natas e o peru recheado
que eram a especialidade da mãe, a Sra. Ana. Ela tinha um jeito para a cozinha
que todos admiravam. As suas iguarias rivalizavam com os cozinhados dos
melhores Chefes e faziam a delícia de todos. Depois, os doces que também eram
muito apreciados.
Todos os membros da família esperavam ansiosos pela meia-noite,
que era a altura de se proceder à troca dos presentes. Quando já faltava pouco
para soarem as doze badaladas, o Bruno saiu da mesa muito apressado e correu lá
para dentro. Todos ficaram muito admirados com essa sua atitude.
Surpreendentemente, Bruno regressou rapidamente e antes que os pais tivessem tempo
de fazerem qualquer observação, repararam que ele trazia algo na mão. Mais
espantados ficaram, quando ele levantou a mão e num gesto, pediu silêncio.
Todos ficaram, então, a olhar para ele à espera que ele dissesse alguma coisa.
Bruno, de repente, abre o livro que transportava e começou a
ler. Joana ficou muito espantada a olhar para ele, com os seus olhos de
esmeralda arregalados, sem saber o que dizer. O irmão tinha-lhe escrito um
conto infantil e desenhado as personagens da história, tal como ela gostava e
surpreendeu-a no dia de Natal com um livro criado por ele, lendo-o perante a
família e no fim, ofereceu-lho.
Este gesto de Bruno emocionou toda a família. E, sem ele ver,
uns lenços discretos limpavam as lágrimas teimosas que alegremente desciam
pelos rostos de cada um dos seus pais.
Bruno acabou por criar um gosto pela leitura e pela escrita e
daí em diante, a irmã ganhou mais um leitor que lhe pudesse ler os seus contos
infantis!
Sofia Matos, O Ciclista
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