Uma vez, no século XVII,
no centro da cidade de Veneza, vivia um pequeno ladrão chamado Francesco
Vitorino. Tinha cabelos enrolados cor de avelã, olhos tão reluzentes como
esmeraldas e um tom de pele moreno torrado do sol.
Francesco dedicava-se ao
roubo de pequenas coisas de grandes figuras importantes, detentoras dos mais
belos e luxuosos palácios de Veneza da época. Embora fosse um pequeno ladrão,
Francesco Vitorino, era capaz de escapar aos mais competentes carabineiros, que
mantinham a segurança em Veneza. Muitos deles levavam uma vida de corrupção,
roubavam, pilhavam, incendiavam e, nalgumas das vezes, executavam pessoas
inocentes, para encobrir os seus crimes.
As pequenas coisas que
Francesco “apreendia” davam-lhe uma boa vida. Uns dobrões de ouro aqui, umas joias
valiosas acolá, etc.
Num campo, habitava uma
bela donzela chamada Flora. Era a filha mais nova de um grande senhor influente
em Veneza, Milão, entre outras grandes cidades. Flora fugira de casa aos quinze
anos. Agora, com vinte e um anos, ela era uma das pintoras anónimas mais
talentosas e procuradas de todo o centro da Europa. Flora, tinha um “capanga”
que levava as obras para os centros de artes da Alemanha, França, Bretanha,
etc.
Certo dia, farto de levar
uma vida de crime, Francesco, decide iniciar a sua fuga de Veneza. Ainda
ponderou ir para os países nórdicos, mas demoraria demasiado tempo a
reconstruir a sua vida. Com todos os carabineiros de Veneza atrás de si,
Francesco, roubou uma gôndola, com aspeto de estar abandonada, e pelos canais
do rio Pó iniciou a sua viagem.
Terminou a sua jornada
perto do lugar onde Flora habitava. A casa de Flora era a única no meio do
enorme campo, junto de um bosque nos arredores de Veneza. Francesco pediu
auxílio a Flora fingindo estar gravemente doente, planeando saquear-lhe a casa,
assim que ela confiasse nele:
- Abrigai-me na vossa
humilde casa! - suplicou Francesco, num tom quase de gemido.
Flora tinha os olhos
azuis a brilhar como as estrelas, pele de pérola e cabelo liso de ouro.
- Entrai. - respondeu ela
fazendo um pequeno sorriso.
No início, Francesco
apenas comia e dormia. Mas com o passar do tempo, começou a ajudar na quinta:
tratava dos cavalos, dava de comer às galinhas e aos porcos, reconstruía o
telhado, pintava a casa, e de vez em quando ia à vila comprar comida e outras
utilidades.
Certo dia, quando
Francesco foi comprar cevada e café a uma taberna encontrou um grupo de
carabineiros.
Era suposto ser só um
turno de vigia calmo, mas quando o Francesco se apercebeu de que eles
suspeitavam de algo, regressou à quinta. Fez curvas e contra curvas para o caso
de estar a ser seguido.
Assim que chegou à quinta
correu para casa, onde estava Flora, a preparar o jantar.
- Que se passa? -
perguntou ela curiosa ao ver o estado de nervosismo de Francesco - Estais-me a
deixar preocupada!
Francesco contou o seu
passado a Flora. Implorou-lhe que não o denunciasse e pediu-lhe perdão por a
ter enganado. Contou-lhe a sua história e o porquê da sua vida de assaltante:
- Fiquei órfão aos nove
anos quando a taberna de meus pais foi assaltada e onde eles foram mortos. Mais
tarde no cortejo fúnebre descobri que um político, ou lá como ele se
intitulava, mandara o saque. Apenas porque pagaram um dobrão de ouro a menos,
depois de vinte anos sem uma única falha. Afinal estou apenas a fazer justiça por
minhas próprias mãos!
- Flora, comovida com a
história de Francesco, prometeu não o denunciar. Também emocionado, Francesco
beijou Flora.
E assim passaram os anos.
Francesco e Flora tiveram quatro filhos. O filho mais velho, de 9 anos, é
Luigi. A segunda filha, de 5 anos, é Giovanna. Os gémeos, os mais novos, de 3
anos, são a Anouk e o Donatello. Vivem todos ainda na mesma velha quinta, onde
Francesco pedira pousada a Flora.
Francesco arranjou a
cavalariça e começou a fazer corridas de cavalos, ganhando enormes fortunas.
Flora pintava de vez em quando mas agora dedicava-se mais à sua família.
Ainda hoje alguns dos
mais famosos quadros do mundo, com nomes de outros artistas, foram produzidos
por Flora.
Ema Fadiga, 8º Ano
Género Narrativo - 3º
Ciclo
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