Certo dia, conduzida
pelos braços da curiosidade e pelas saudades do “cantinho da leitura” da minha
Escola Primária, decidi ir até uma Biblioteca antiga da minha cidade, mas que
eu ainda desconhecia. O meu objetivo era tentar encontrar um livro que me encantasse
profundamente.
Assim que entrei,
fiquei logo fascinada, pois aquele espaço era de facto incrível, enorme e
acolhedor. Aliás, era um mundo cheio de vida! Comecei a olhar para aquelas
estantes altas, feitas de madeira, cheias de livros, todos muito bem arrumados
e a olharem para mim. Finalmente, peguei num e sentei-me a lê-lo. O livro era
realmente interessante e as personagens também, mas havia uma que despertou de
imediato a minha atenção: um anão chamado Ninguém (este nome fez-me logo
lembrar o episódio hilariante de Ulisses com o ciclope Polifemo). Este anão,
para além de ser pequenino (claro!) e de ter uma barba comprida, usava umas
calças e uma camisola todas rotas. Os sapatos também já tinham um ar desbotado
e cansado. Ele era bastante divertido, engraçado e muito inteligente.
Sinceramente, era mesmo o tipo de pessoa que eu gostava de conhecer!
Passado algum tempo, estava eu embrenhada na
leitura, (ia já na página cinquenta e oito), quando a personagem do anão surgiu
novamente na ação. De repente, zás, trás, pás! … O anão deu um salto do
interior do livro e aterrou precisamente no meu colo… Fiquei assustada, mas,
entretanto, acalmei-me.
- Porque é que
tiveste essa reação? - perguntou o anão, com um ar um pouco irritado.
- Tu falas?! Nunca me
passou pela cabeça que viesses para este mundo! - exclamei eu, ainda um pouco
atordoada.
- Mas eu até ouvi
dizer que me querias conhecer… - continuou Ninguém, agora já com uma voz muito
doce.
- Pois, é verdade!
Mas volto a dizer que nunca pensei, nem nos meus fantásticos sonhos, que
conseguisses “viajar” até este mundo, o mundo real!!
Entretanto,
conversámos muito e durante algum tempo. Ele, por sua vez, contou-me histórias
sobre o seu mundo e eu contei-lhe alguns segredos… Partilhámos vivências,
sonhos, cheiros e até sensações!
Esta aventura fez-me
assim perceber que ler faz bem à alma, que um livro é um amigo que está apenas
à distância de uma ida à Biblioteca.
Francisca Melo, nº 7, 6º D
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