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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

De uma ajuda, uma amizade! - Texto narrativo concorrente concurso Ler & Aprender

Maria era uma menina que vivia sozinha numa casa que se situava numa montanha. Não tinha família, pelo menos que conhecesse, pois crescera sem ninguém a seu lado à exceção de uma idosa que a início lhe tinha dado auxílio e cuidado dela em pequena, mas que infelizmente já morrera. E como se tinha habituado a fazer tudo sozinha, tinha imensa habilidade, responsabilidade e era bastante empenhada no que quer que estivesse a fazer. Também tinha dinheiro, pois todas as semanas ia tomar conta das crianças de algumas vizinhas, para poder comer e comprar os seus necessários.
Certo dia, estava um tempo muito gélido, podiam até observar-se bastantes flocos de algodão flutuando no ar, razão pela qual  Maria decidira aproveitar o fim de semana para passear e também com ideia de fazer um boneco de neve em frente de sua casa.
Maria caminhava, caminhava e, ao longo deste processo, esfregava as mãos uma na outra, pois o frio era imenso, até que avistou um rapaz ao longe sentado no chão em frente do rio. A jovem ficou um pouco preocupada, pois não se sentiu muito confortável com o que tinha acabado de ver, então decidiu aproximar-se e, ao fazer isso, percebeu que o tal rapaz estava todo arrepiado, cheio de frio, digamos que quase a congelar, apenas trazia vestido uns calções e uma t-shirt, calçava apenas umas sandálias que não estavam em muito bom estado e, a seu lado, apenas existia um pão.
Maria ficou sensibilizada bem como chocada e perturbada com o que vira. Então, decidiu ajudar o pobre rapaz, metendo conversa com ele para tentar perceber toda aquela situação.
- Olá! Hum ... está tudo bem? - questionou ela, um pouco a medo de incomodar o pobre rapaz.
- Olá! Não ...e quem és? – indagou ele.
- O meu nome é Maria, vivo sozinha numa casa ali na montanha. Vi-te aqui e não me pareceste bem e queria saber o que se passa, se quiseres desabafar... - disse ela àquele pobre rapaz, num tom doce, para que este percebesse que ela era de confiança e que só pretendia ajudar.
- Hum ... penso que já ouvi falar de ti. Eu sou o Martim, prazer. Bem, eu não tenho ninguém, nem casa, nem dinheiro, nem nada para comer, nem para vestir. Por outro lado, estou cheio de frio e não sei para onde ir! - desabafou o pobre jovem, tremelicando por todos os lados e falando com dificuldade, destacando-se os seus lábios bastante roxos.
- Oh, tenho muita pena! Anda, vem comigo, vamos a minha casa, tomas um banho, eu dou-te de comer e arranja-se qualquer coisa quentinha para vestires, que me dizes? - sugeriu Maria muito entusiasmada e interiormente orgulhosa com a sua generosidade.
- Obrigado, és muito amável mas eu não posso aceitar, não quero dar trabalho. Contudo, obrigado na mesma.
- Por favor, aceita. Se me desses trabalho ou se eu me importasse, não te faria este convite e, além disso, não consigo ver-te mais nesse pobre estado!
- Está bem, eu vou! Muito obrigado! Quem me dera que todas as pessoas fossem como tu, obrigado mesmo! - agradeceu ele profundamente a Maria e os seus olhos já brilhavam de  alegria.
Lá foram os dois, caminhando até a casa da Maria. Estavam ambos a tremelicar e Martim mal conseguia andar, pois a fome e o frio que ele já tinha passado, durante tantos dias, era tais que ele poucas forças tinha para qualquer coisa.
Então, Maria voltou a sentir revolta e uma ligeira perturbação, ao ver tudo aquilo e resolveu dar-lhe o casaco dela e as suas luvas. Martim, por sua vez, sorriu-lhe agradecido, mal ela teve este gesto bondoso.
Finalmente chegaram a casa. E a primeira coisa que Maria fez foi acender a lareira, para que Martim assim se pudesse aquecer. Sendo assim, pediu ao rapaz que se sentasse em redor da lareira, se acomodasse e ligasse a televisão. Ele asssim fez, enquanto Maria lhe foi preparar umas torradas com manteiga, leite quentinho com chocolate e um croissantt com fiambre.
Assim que Maria chegou à sala com o tabuleiro repleto de um bom lanche, Martim olhou-a e o seu  olhar deixava transparecer a sua fraqueza por se encontrar cheio de fome.
- Toma, preparei-te um lanche para poderes matar a fome! Come à vontade enquanto te vou encher a banheira com água quente para poderes tomar banho e relaxares um pouquinho. - disse Maria a Martim.
- A sério, mais uma vez muito obrigado! Teres aparecido foi muito bom, porque estou bastante confortável e já não comia há bastante tempo! - exclamou Martim, comendo uma torrada à toa, pois estava realmente esfomeado.
- Não tens nada que agradecer, sempre soube que ajudar as pessoas é algo que todos devemos fazer, pois é o que está certo!
Maria foi assim caminhando até à casa de banho e enquanto para lá ia, sorria para si própria, pois estava feliz pelo facto de Martim se sentir bem e finalmente poder comer e estar quentinho e também porque se sentia muito bem consigo própria por estar a fazer tudo aquilo por um pobre rapaz, que não tinha ninguém no mundo com quem pudesse contar.
A jovem preparou, então, o banho de Martim com água quentinha, colocou-lhe as toalhas prontas e chamou-o :
- Olha, Martim, já te preparei o banho, tens aqui as toalhas, a água está na temperatura certa. Relaxa, que eu vou à feira comprar um pijama e alguma roupa aconchegante para ti.
 - Está bem! Obrigado mais uma vez e não te preocupes, fica tudo em ordem!
Maria pegou num frasco que tinha guardado numa gaveta - o frasco das suas poupanças - e foi à feira comprar roupa para o seu novo amigo. Comprou um pijama polar, uma camisola grossa, um casaco e umas botas. Gastou todo o dinheiro que tinha, mas como se tratava de algo importante e necessário, ela não mostrou muita preocupação.
Momentos depois, chegou a casa e colocou a roupa na casa de banho, para que depois do banho Martim se pudesse vestir.
Ela estava na sala a ler, quando ele apareceu, com o cabelo molhado, com as suas roupas novas, uma aparência totalmente diferente da inicial e a sua face transmitia uma grande felicidade.
 - Obrigado, Maria, estas roupas são super quentinhas e o banho soube-me muito bem! - exclamou ele deliciado.
- Tudo bem! Já disse que não precisas de agradecer. Olha, eu gostava de fazer hoje um boneco de neve aqui em frente à minha casa, queres fazê-lo comigo? - questionou ela a Martim.
- Sim, adorava!
Então, lá foram eles para o exterior da casa e meteram mãos ao trabalho. Uma bola aqui, outra acolá e em mais ou menos uma hora ... VOILÁ!! Lá estava o boneco de neve mais bonito que Maria e Martim tinham visto até agora! Tinha uma cenoura a fazer de nariz, tinha um casaco, um cachecol e um chapéu. Pela descrição parecia um simples boneco como todos os outros, mas aquele tinha qualquer coisa especial. E pelos vistos ambos os jovens sabiam o que era.
- Está maravilhoso! – exclamou ela, mostrando a sua satisfação, com clareza.
- Concordo plenamente! Parece um boneco normal como todos os outros, mas tem algo de especial não tem? - questionou ele a Maria.
- Sim, também sinto isso, mas não sei o que poderá ser.
 - Eu acho que sei ... - disse-lhe ele, com ar tímido.
- Sabes?! Então o que é? - questionou-lhe ela, não fazendo ideia nenhuma de qual seria a resposta.
- As pessoas que o fizeram e o facto de o termos feito juntos ... - confessou-lhe ele, já com as suas bochechas a começarem a rosar.
- Sim ... também acho que sim! Este boneco vai ser o símbolo de uma grande amizade! - disse ela muito entusiasmada.
Martim olhou-a com ar de quem concordava e voltaram a ir para casa, colocando-se junto da lareira e vendo televisão.
Passada uma semana, Maria pensou bem e pediu para Martim ficar consigo a viver lá em casa, visto que dali em diante eram os únicos amigos um do outro e uma vez que Martim não tinha mais sítio para onde ir. O rapaz, um pouco a medo, concordou e a partir daí eram praticamente irmãos, muito amigos, aliás os melhores amigos, antes dizendo e desde aí nunca mais se separaram da vida de cada um.
Ora, de uma simples ajuda, surgiu uma grande amizade!

Ana Rita Tocante, nº 4 , 8º E

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