A Biblioteca Municipal de Anadia lançou, como
noticiámos numa anterior edição deste nosso “jornal digital”, a sexta edição do
Concurso de Poesia “Letras da Primavera”, certame que serviu de mote à Câmara
Municipal para assinalar o Dia Mundial da Poesia. Este ano, para além dos
habituais objetivos de consolidação de hábitos de escrita e de promoção da
valorização da poesia, enquanto expressão literária, o concurso assinalou também
os 40 anos do 25 de Abril, motivo pelo qual o tema desta edição foi “A
Liberdade”.
Deste modo, e com a devida autorização da
Biblioteca Municipal, publicaremos os três poemas vencedores:
“O Preço do Berço”, que hoje publicamos e que
obteve o terceiro lugar, da autoria de João Miguel Almeida Alves Pereira, do
Outeiro de Baixo. O segundo lugar, escrito por Joaquim Armindo Tavares dos
Santos, de Mogofores, intitulado “Retrato em branco e negro”, poema que será
publicado na edição de amanhã. Finalmente, o poema vencedor escrito por Maria
Celeste da Silva Torres, de Sangalhos intitulado “Liberdade” e que será
publicado no dia 8 do presente mês.
O
Ciclista endereça a todos os
vencedores, particularmente à Sra. Professora Celeste Torres, de quem sou amiga
desde que me lembro, os nossos parabéns!
Graça Matos, O Ciclista
O Preço do Berço
Quando estavas na janela,
O sol mostrou a sombra do teu rosto.
Mas o longínquo existente no teu olhar,
Mostrava as trevas escondidas no tardoz
do teu sorriso. Pois…
Pois, pois é…
Amanhã partes para destino incerto.
O teu país ironicamente mandou-te,
estudar,
E agora abandonou-te.
O teu país mandou-te lutar,
E agora lixou-te.
Pois, pois é…
Olha quem são eles!
Ainda ontem atiravam-te à cara que
Tinhas nascido em berço d’ouro.
Diziam que o teu mundo era mais fácil.
Agora simplesmente choram porque te
vêem partir.
Isto também me custa, acredita,
Eu era incapaz de te mentir.
Pois, pois é…
Pelos vistos o tal berço teve um preço,
E ninguém sabia que tinhas de o pagar.
Chegaram agora de lá de fora uns gajos,
Agora é que te tens de te pôr a andar.
Pois, pois é…
Lá fora para onde vais, quem é que te
espera?
Por aqui dizem que ainda olham por ti,
Tudo treta, acredita,
Eu nunca te iludi.
Pois, pois é…
A brisa de Abril já vai longe,
Não foi por isto que os nossos capitães
lutaram.
Mas apesar de tudo nunca te esqueças,
Dos valores que os cravos implantaram.
Estiveste 18 anos a estudar,
Vinte e tal anos a viver,
E só agora a vida te pregou uma partida
Agora é que vais ter de aprender…
Não temos muito tempo,
Está na altura da despedida,
Eles vêm lá, é agora!
Está na altura de te ergueres,
Pega na mala, corre, foge, infelizmente
chegou a hora.
João Pereira
(3.º Lugar)
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