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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Amor proibido - Texto narrativo concorrente concurso Ler & Aprender

Bem! Recuemos até ao tempo em que havia princesas e príncipes.
Era uma vez uma princesa chamada Matilde que, apesar de ser tímida, era divertida e muito bonita. Tinha olhos cor de amêndoa, lábios carnudos e pintinhas sobre a sua cara.
Esta jovem gostava de passar os seus tempos livres a olhar para o pôr do sol e a imaginar uma vida sem obrigações nem regras. Por sinal, estava apaixonada por um camponês que no seu reino trabalhava. Ele chamava-se Diogo, era muito trabalhador, simpático e tinha bom humor. Tinha olhos cor de amora, bochechas rosadas e era alto. Não tinha muitos tempos livres mas, quando os arranjava, sentava-se numa rocha perto da janela da princesa e desenhava-a, enquanto ela apreciava o pôr do sol.
Um dia, o camponês estava a desenhá-la e a apreciá-la no mesmo sítio do costume, quando ela, de repente, se virou e o viu. A princesa não percebeu bem o que ele estava a desenhar, pois do local onde ela se encontrava não dava para ver com clareza. Seguidamente, desceu as escadas e foi ter com ele.
- O que é que estás a desenhar? - perguntou ela, de facto intrigada.
- Nada! Nada! Bem, eu tenho que ir trabalhar! - exclamou ele, enquanto arrumava os desenhos e corria.
- Espera! Não vás! - pediu Matilde, com um ar triste.
No dia seguinte, Matilde foi para a janela como fazia todos os dias, mas olhou para a rocha e o agricultor não estava lá.
- Será que ele já não vem? Será que foi por minha culpa? - interrogou-se.
Entretanto, passaram dias e mais dias e o agricultor sem aparecer.
Então, Matilde, certo dia, decidiu ir dar uma volta para ver se ele tinha arranjado um sítio novo para desenhar. Foi a bosques, a lagos e acabou por encontrá-lo num jardim ali perto. A princesa, por sua vez, muito discreta apareceu por detrás dele e viu o tal desenho. Nem podia acreditar! Era ela!
- Mas… mas... Sou eu! - exclamou ela, muito baralhada.
- O que é que estás aqui a fazer? Não, não podes ser tu! - disse o Diogo, muito aflito.
- Ai sou sim! - clamou ela, mais uma vez.
- Ok, talvez sejas. - concordou ele, com um ar tímido.
- Por que é que me estavas a desenhar? - perguntou ela.
- Já que estamos aqui, eu… eu… eu gosto de ti! - desabafou ele, com as faces do seu rosto avermelhadas.
- Não gostas nada! - negou Matilde.
- Gosto sim! Então, por que é que achas que eu iria desenhar-te? - indagou o agricultor.
- Não sei… Olha, posso dizer-te uma coisa ao ouvido? - inquiriu a princesa.
- Podes… Desde que não grites comigo nem me batas, podes. - comentou ele, entre risos.
- Não é nada disso! Ah! Ah! - respondeu ela, a rir-se também.
- Sabes, aquelas tardes quando estou à janela a ver o pôr do sol? Eu tenho uma razão para o fazer.
- E o que é? - perguntou o rapaz, curioso.
- Nessas tardes, eu penso em ti, penso como seria se eu não fosse princesa. - respondeu ela, muito envergonhada.
- Tu pensas em mim? Não fazia ideia! Eu pensava que para ti nem existia. - disse ele, muito admirado.
- Eu sei quase tudo sobre ti. O único problema é eu ser princesa, e as princesas têm que casar com um príncipe obrigatoriamente. – confessou ela, com um ar triste.
 - Pois, eu sei… Mas não devia ser assim! – exclamou o pobre Diogo.
- Eu sei disso! Mas… tenho uma ideia! – disse Matilde, muito entusiasmada. - E que tal fugirmos os dois? Só os dois! Sem ninguém a prender-nos aqui, sem ninguém a mandar em nós!
- Estás bem?! E os teus pais? E os teus amigos?
- Os meus pais não me dão atenção e amigos? Amigos só tenho um e esse és tu. - afirmou a princesa.
- Tens a certeza? É que eu não quero que arranjes problemas com a tua família. - comentou Diogo, muito confuso.
- Sim, tenho a certeza! Eu quero fugir e a minha decisão está tomada! - asseverou ela, muito determinada.
- Mas para onde vamos? E como vamos sobreviver? - questionou ele, mais uma vez muito confuso.
- Para um sítio longe daqui. Não te esqueças que eu sou princesa, tenho dinheiro.
- Bem… e quando partimos
- Pode ser amanhã! Antes do pôr do sol, pois é quando a minha mãe está a treinar os cavalos e o meu pai a caçar. - sugeriu ela, muito contente.
- Por mim, pode ser. Então, vemo-nos amanhã e encontramo-nos aqui, neste mesmo local.
Eis, então, que chegara a hora e eles encontraram-se no local combinado.
- Estás pronto? - perguntou Matilde, assim que o viu.
- Sim, estou e tu?
- Preparadíssima! - confirmou ela, com um doce sorriso na sua cara rosada.
E lá foram eles. Entretanto, andaram, andaram até que ficaram numa pequena tenda perto de um bosque.
A mãe da princesa, por sua vez, começou a ficar preocupada com a ausência de sua filha e decidiu esperar mais uma hora do que o habitual para ver se a Matilde aparecia, mas não apareceu. Por isso, decidiu mandar alguns guardas do reino procurá-la.
Os guardas andaram dia e noite à procura dela. Passaram dias e dias até que um outro grupo de guardas os encontrou no bosque a apanhar maçãs.
- Venha já para casa, princesa! A sua mãe anda desesperada! - exclamou um dos guardas.
- Eu não vou a lado nenhum! Eu quero ser feliz! Não quero estar presa naquele castelo que é uma autêntica prisão! - vociferou Matilde, muito determinada.
- Tem que falar com a sua mãe! Ela está muito preocupada!
- Ela que cá venha! Pois eu não vou!
Momentos depois, a rainha chegou ao bosque e mal a viu, disse:
- Filha, és tu! Ainda bem que estás bem!
- Eu estou bem! Calma! Mas eu quero ficar com o Diogo! - comentou Matilde, destemida.
- Tu sabes que só podes casar com um príncipe! Não podes casar com um agricultor! Isso está fora de questão! - exclamou a rainha, com um ar arrogante e altivo.
- Posso ser só um agricultor, mas tenho mais coração do que muitos que são príncipes! Posso ser pobre, posso não ter roupa como Vossa Excelência, mas tenho coração! - asseverou o agricultor, com segurança e determinação.
- Mais uma coisa! Não o volte a rebaixar! Agora pode ir embora, mãe! - sugeriu a princesa, irritada.
A rainha acabou por se ir embora e, mal chegou ao castelo, contou o sucedido ao rei.
O pai da princesa, no dia seguinte, foi ter com eles e percebeu o que realmente se estava a passar e dirigindo-se ao camponês, disse:
- Desculpe o comportamento da minha esposa. Ela, às vezes, acaba por ser muito arrogante com as pessoas.
- Só às vezes?! - inquiriu, de imediato, a princesa.
- Bem… Eu só quero que vocês sejam felizes, por isso podem ir viver para a minha outra casa. Matilde, tu conheces! Aquela casa logo a seguir à fonte. - sugeriu o rei.
- A sério?! Sim, eu conheço. Obrigado, pai! - agradeceu Matilde, deveras contente.
- Obrigado por compreender o nosso amor que é realmente verdadeiro, meu rei!
- De nada! Eu vou visitar-vos no fim de semana. E, mais uma vez, desculpem.
E assim foi. Entretanto, com o passar do tempo, o Diogo e a Matilde tiveram três lindos filhos e construíram uma família.
Ah! Já me esquecia! A rainha, com o tempo, percebeu que eles se amavam de verdade, por isso pediu-lhes para irem todos viver para o castelo, até mesmo a família do camponês.
E assim, mais uma vez, o amor ultrapassou todas as barreiras.
Inês Sousa Gouveia, nº 15, 8º E

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