Era uma vez uma menina que morava numa
aldeia muito pequena. Ela era muito selvagem, aventurava-se nos rios, nas
serras e nas florestas, não tinha medo de nada e, quando se assustava,
enfrentava os seus medos. Tinha aprendido, nos livros de aventuras que gostava
de ler, que os grandes heróis conseguiam sempre uma solução para resolverem os
problemas que a vida lhes colocava no caminho. Ela chamava-se Marta.
A Marta era inseparável dos seus fiéis e
adorados animais. Eles faziam muitas maluquices e estavam sempre em sarilhos. O
macaco tirava as coisas às pessoas e seduzia-as para que fizessem o que ele
queria. O cão, por sua vez, fazia com que as pessoas caíssem ou tropeçassem
nele.
Numa manhã de primavera, a Marta, ao
tentar salvar os seus animais de uma das suas aventuras, partiu a perna.
Levaram-na ao hospital. Era um edifício branco e alto, as paredes estavam sujas
e velhas dando um ar triste ao hospital.
Quando entrou, a menina viu muitos
pacientes, alguns estavam doentes, outros tinham-se magoado gravemente e nenhum
tinha um sorriso na cara. Ela também viu médicos, traziam vestida uma bata
branca como a cal, usavam um estetoscópio ao pescoço e uns sapatos pretos.
Levaram-na para uma pequena sala com uma
janela e um relógio na parede. Na sala havia um bonito sofá, onde a Marta se
sentou.
Ela não gostava daquele sítio. Achava-o
deprimente. Os médicos, de tão atarefados, pareciam-lhe robôs que em vez de
ajudarem as pessoas lhes provocavam dor e sofrimento. Por isso, decidiu que
quando ficasse sozinha iria fugir.
Assim fez. A enfermeira que estava na
sala saiu e, passados alguns minutos, a mãe também. A divisão ficava no rés de
chão, o que lhe permitia saltar pela janela.
A mancar e com muitas dores, a menina
conseguiu chegar à floresta. Era uma floresta muito verde, tinha plantas muito
belas e únicas. As árvores eram enormes, estavam carregadas de frutos e flores,
flores de muitas cores, tantas que faziam lembrar um arco-íris. Os animais
também eram muitos, alguns moravam no rio que ali passava, os salmões tentavam
ir para o mar, enquanto as enguias se divertiam a dar choques entre si. Os
lobos e as raposas também habitavam a floresta. Eles assustavam os pássaros que
lá voavam, fazendo-os piar e chilrear cheios de medo.
O sol já se tinha posto, o céu estava
negro, apenas iluminado pelas estrelas e pelo luar, então, a Marta achou melhor
arranjar um sítio onde se abrigar.
Com a ajuda dos seus animais, a menina
encontrou uma pequena clareira onde podia passar a noite. Havia uma gruta com o
chão coberto de urze, era muito acolhedora.
A Marta deitou-se para descansar a perna,
acabando por adormecer. Tinha tido um dia complicado, estava na floresta
sozinha, sem comida e com a perna partida. Ao menos, tinha um sítio seguro onde
podia abrigar-se da chuva, do frio… Sem saber, as fadas estavam a protege-los e
espalhavam magia no ar.
Quando surgiram os primeiros raios de
sol, a menina e os seus animais acordaram, cheios de fome. Não comiam há horas,
estavam esfomeados, mas, como não tinham comida, tiveram de sofrer, a barriga
não parava de ronronar como se fosse um gato adormecido entre os lençóis e a
sede fazia-os ter alucinações.
A Marta pensou e repensou numa maneira
de resolver o seu problema e o dos seus animais, até que, lhe surgiu uma ideia,
fizera-se luz na sua cabeça! Ela iria arranjar a sua comida, colheria os frutos
e caçaria os animais, afinal estavam numa floresta, o que mais havia era frutos
e animais! Só havia um problema: a perna da Marta estava cada vez pior.
Ela não sabia o que havia de fazer. A
menina mal se conseguia mexer e muito menos arranjar alimento. Teria de voltar
ao hospital. Quando a curassem poderia voltar …
Então, os três aventureiros voltaram
para casa, atravessando os rios e as clareiras, os lagos e os pomares, as
nascentes e os troncos caídos, chegando assim ao hospital onde tudo havia
começado.
Quando os viram entrar pela porta do
hospital ficaram todos muito felizes, a alegria era tanta que fazia lembrar uma
invasão dos duendes da felicidade que Marta recordava do livro de aventuras que
já tinha lido vezes sem conta. Também aí o herói havia tido necessidade de
voltar ao ponto de partida da sua aventura, para resolver o mistério em que se
tinha visto envolvido. Era esta a magia da leitura: para além do prazer que retirava
do tempo passado a ler, Marta aprendia muito! Desta vez, tinha aprendido que, em
muitas circunstâncias, um passo atrás pode significar muitos passos à frente!
Passadas umas semanas, a perna da Marta estava
sarada e, alguns dias depois, esta menina aventureira estava pronta para viver
novas proezas!
Joana
Santos, n.º 12, 6.º B
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