Hoje fui abordada, uma vez mais, por um
senhor dos carimbos, nome com que, simpaticamente, batizo a todas as pessoas
que “fazem de conta” que andam à procura de trabalho. Esta pessoa já não é a
primeira vez que cá aparece, mas, como todas as outras nesta situação, esteve
num período de descanso. A pandemia levou a que a procura deixasse de ser
presencial durante os primeiros meses de 2021.
O indivíduo distingue-se das várias
pessoas que nos “visitam” por querer uma assinatura e carimbo não para ele, mas
para a esposa.
O desinteresse por arranjar trabalho é
tanto, que ela nem se desloca à empresa, fazendo-o ele, já que o seu trabalho
fica no trajeto. Claro que não veem a partilha do transporte como uma mais-valia,
porque não está em causa o trabalho, mas sim o subsídio.
O ordenado dele mais o subsídio de
desemprego que ela recebe, é-lhes suficiente para irem sobrevivendo, não tendo
nenhum tipo de preocupação com o futuro dos filhos.
A verdade é que o maço de fotocópias
denuncia logo que o homem não está para grandes trocas de palavras, muito menos
para ouvir os meus argumentos sobre o não depender de um subsídio, que
trabalhar para conseguir um maior rendimento levará consequentemente uma melhor
gestão familiar.
Efetivamente sinto que acabo por
compactuar com toda esta situação, mas acaba por ser uma perda de tempo e de
dinheiro estar a tentar dar formação a alguém que simplesmente não quer
trabalhar e numa semana faz de tudo para não se “adaptar” ao trabalho e nos
fazer aceitar que não se irá “adaptar”.
Se a procura ativa de
emprego é uma obrigação imposta pelo Instituto de Formação Profissional (IEFP)
e pela Segurança Social, de forma a que se possa beneficiar do subsídio de
desemprego, por outro lado, o IEFP é facilitista nas justificações, pois a falta
de meio de transporte é sempre um motivo aceite, sem ser verificada a sua
veracidade.
Se por um lado,
Portugal tem um número elevado de “subsídio-dependentes” por outro, as gerações
mais velhas criticam os imigrantes que vêm “tirar” os empregos aos portugueses.
O que é certo é que
as ofertas de emprego estão a multiplicar-se e, sem mão de obra imigrante, que
quer efetivamente trabalhar, estaríamos com um problema grave.
Marta
Santos, Centro Qualifica – EBSA / AEA
Parabéns, Marta, pelo primeiro lugar
alcançado!
Sem comentários:
Enviar um comentário