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domingo, 24 de julho de 2022

Um tesouro especial

Era uma vez, quatro colegas que saíam da escola a pé como já era habitual, a casa ficava muito perto.

A Rita ia para casa da Sofia. A chegarem a casa, no passeio, estava uma cadelinha abandonada. Era muito meiga, de porte médio, bonita, peluda, com olhos azuis que pareciam diamantes a brilhar. Sofia quis levá-la para sua casa. Foram buscar uns biscoitos e, quando regressaram à rua, chamaram a cadela que não aparecia. As duas amigas estavam tristes e voltaram para dentro de casa. Ao fecharem a porta, viram a cadela deitada no tapete da entrada.

Deram comida à cadela, tentaram dar-lhe banho, mas sem sucesso. Por fim, brincaram até a cadela ficar cansada.

Depois de uma tarde juntas, Sofia tinha para o relógio, que a tia lhe tinha dado, e reparou que a mãe já devia ter saído do trabalho. Sofia não queria mostrar a cadela à mãe sem, primeiro, falar com o seu pai.

Pediu ajuda à amiga, Rita que ficara à janela a dar as indicações:

- A tua mãe está a chegar!

Já se ouvia o ranger da porta a abrir e Sofia tinha metido a cadela dentro de um armário com peluches para ela se entreter e para estar escondida.

Foram as duas para o andar de baixo e Sofia perguntou à mãe, para ver a sua reação:

- Mãe, gostarias de ter cá em casa uma cadela ou um cão?

- Filha, para já não estou a pensar em adotar um animal de companhia...- disse a mãe um pouco confusa.

A mãe da Rita chegara para a ir buscar. Despediram-se e foram embora.

Passado algum tempo, a mãe estava a preparar o jantar e Sofia lembrou-se da cadelinha no armário e rezou para que o pai não demorasse. Ele ia, com certeza, ser mais compreensivo do que a mãe em relação a ficarem com a cadela que tinha encontrado.

Estava embrenhada neste pensamento, quando sentiu a chave a abrir a porta de entrada. O pai acabava de chegar! Depois de estarem todos sentados à mesa par começarem a jantar, Sofia arriscou dizer:

- Mãe e pai, eu tenho uma surpresa!!- subiu a escada e desceu, quase a seguir, com a cadelita nos braços, com um ar perdido.

Sofia explicou a história do encontro inesperado e os pais ficaram contentes por ela ter ajudado um animal:

- Muito bem, filhota, salvaste a cadela e agora ela vai pertencer à nossa família! - exclamaram os pais em coro a olharem um para o outro.

- Agora vamos decidir um nome para a nossa amiga, por exemplo Lilly ou talvez Nancy...- sugeriu Sofia.

- Eu gosto dos dois nomes, mas acho que gosto mais de Nancy. - disse a mãe.

- Eu também! Nancy é um nome muito bonito. - Sugeriu o pai.

- Então o nome da cadela é Nancy! - disse Sofia, muito contente e entusiasmada.

Acabaram de jantar e estava na hora de ir dormir.

- Mãe, será que a Nancy, só hoje, pode dormir no meu quarto? Ela parece tão assustada…

A mãe concordou. Também tinha reparado no ar desamparado da cadelinha, enroscada no colo de Sofia.

No dia seguinte, foi a Nancy que, cheia de energia, acordou Sofia. Depois do pequeno almoço, vestiu-se, e, quando saiu de casa com a mochila às costas, olhou de relance para Nancy. Esta, de orelhas no ar, parecia pressentir que ia ficar sem a sua amiga por algum tempo.

Passaram-se alguns dias. Duas semanas depois, na escola, durante o intervalo, Sofia, Rita e os outros colegas combinavam os últimos pormenores da visita de estudo que fariam, no dia seguinte, à Mata do Bussaco. O professor de Ciências dava as últimas indicações: material necessário, roupa adequada, comida para o almoço partilhado e meia dúzia de cêntimos para comprarem um gelado no café que se situa no interior da Mata, junto ao hotel.

A Sofia e a Rita prestavam pouca atenção àquelas recomendações e não paravam de cochichar. De repente, sem pensar no que estava a pedir, a Sofia colocou uma questão:

- Stor, será que eu podia levar a Nancy connosco, amanhã?

- A Nancy? É alguma aluna da escola?

Gargalhada geral! Já todos os colegas da turma conheciam a Nancy. Aliás, depois do dia em que a Nancy começara a fazer parte da vida da Sofia e da Rita, e durante algum tempo, não se falava de outro assunto nos intervalos.

- Não, stor, a Nancy é a nossa mascote. – Disse o Pedro, a rir. – É uma cadelinha que a Sofia e a Rita encontraram, abandonada. Os pais da Sofia adotaram-na, mas o pessoal aqui da turma também a queria adotar. Como não podíamos, decidimos que seria a nossa mascote!

- Bom, uma vez que vamos passar o dia ao ar livre, não vejo inconveniente de levarmos a Nancy! – Rematou o professor. – Agora, atenção ao que estou a dizer!

Na manhã seguinte estava um de sol quente e brilhante! Enquanto esperavam pelo autocarro, quase que se zangavam para ver quem pegava em Nancy e quem brincava com ela. A cadela, claro, estava toda contente, de orelhas no ar e cauda a abanar.

A visita de estudo foi muito enriquecedora. Seria preciso mais de uma semana para conhecer com mais profundidade toda a diversidade da Mata do Bussaco, mas, ainda assim, os alunos vinham cheios de histórias para contar. Os blocos de apontamentos para, na aula seguinte, realizarem o relatório da visita, estavam cheios de notas, esquemas e desenhos mais ou menos pormenorizados.

E a Nancy? Bem, a Nancy não sabia para que lado havia de se virar: os colegas da turma, o professor, a quantidade de plantas e, sobretudo, os passaritos. Todos se riam quando ela desatava a correr atrás de pássaros que, assustados, voavam logo bem alto.

Foi um dia inesquecível! No caminho para casa, parecia que o autocarro ia vazio… o cansaço dos alunos, do professor e, claro, da mascote Nancy, mostravam uma enorme satisfação, a sensação do dever cumprido!

Antes de adormecer, à noite, deitadinha na sua cama com a cadelinha ao lado, Sofia agradecia o tesouro especial que tinha encontrado, a caminho de casa, naquele final de tarde.

Bruna Cordeiro, n.º 4, 6.º E

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