Era uma vez,
quatro colegas que saíam da escola a pé como já era habitual, a casa ficava muito
perto.
A Rita ia
para casa da Sofia. A chegarem a casa, no passeio, estava uma cadelinha
abandonada. Era muito meiga, de porte médio, bonita, peluda, com olhos azuis que
pareciam diamantes a brilhar. Sofia quis levá-la para sua casa. Foram buscar
uns biscoitos e, quando regressaram à rua, chamaram a cadela que não aparecia. As
duas amigas estavam tristes e voltaram para dentro de casa. Ao fecharem a porta,
viram a cadela deitada no tapete da entrada.
Deram comida
à cadela, tentaram dar-lhe banho, mas sem sucesso. Por fim, brincaram até a
cadela ficar cansada.
Depois de uma
tarde juntas, Sofia tinha para o relógio, que a tia lhe tinha dado, e reparou
que a mãe já devia ter saído do trabalho. Sofia não queria mostrar a cadela à
mãe sem, primeiro, falar com o seu pai.
Pediu ajuda à
amiga, Rita que ficara à janela a dar as indicações:
- A tua mãe
está a chegar!
Já se ouvia o
ranger da porta a abrir e Sofia tinha metido a cadela dentro de um armário com
peluches para ela se entreter e para estar escondida.
Foram as duas
para o andar de baixo e Sofia perguntou à mãe, para ver a sua reação:
- Mãe,
gostarias de ter cá em casa uma cadela ou um cão?
- Filha, para
já não estou a pensar em adotar um animal de companhia...- disse a mãe um pouco
confusa.
A mãe da Rita
chegara para a ir buscar. Despediram-se e foram embora.
Passado algum
tempo, a mãe estava a preparar o jantar e Sofia lembrou-se da cadelinha no
armário e rezou para que o pai não demorasse. Ele ia, com certeza, ser mais
compreensivo do que a mãe em relação a ficarem com a cadela que tinha
encontrado.
Estava embrenhada
neste pensamento, quando sentiu a chave a abrir a porta de entrada. O pai acabava
de chegar! Depois de estarem todos sentados à mesa par começarem a jantar,
Sofia arriscou dizer:
- Mãe e pai,
eu tenho uma surpresa!!- subiu a escada e desceu, quase a seguir, com a
cadelita nos braços, com um ar perdido.
Sofia
explicou a história do encontro inesperado e os pais ficaram contentes por ela
ter ajudado um animal:
- Muito bem,
filhota, salvaste a cadela e agora ela vai pertencer à nossa família! -
exclamaram os pais em coro a olharem um para o outro.
- Agora vamos
decidir um nome para a nossa amiga, por exemplo Lilly ou talvez Nancy...-
sugeriu Sofia.
- Eu gosto
dos dois nomes, mas acho que gosto mais de Nancy. - disse a mãe.
- Eu também!
Nancy é um nome muito bonito. - Sugeriu o pai.
- Então o
nome da cadela é Nancy! - disse Sofia, muito contente e entusiasmada.
Acabaram de
jantar e estava na hora de ir dormir.
- Mãe, será
que a Nancy, só hoje, pode dormir no meu quarto? Ela parece tão assustada…
A mãe
concordou. Também tinha reparado no ar desamparado da cadelinha, enroscada no
colo de Sofia.
No dia
seguinte, foi a Nancy que, cheia de energia, acordou Sofia. Depois do pequeno
almoço, vestiu-se, e, quando saiu de casa com a mochila às costas, olhou de
relance para Nancy. Esta, de orelhas no ar, parecia pressentir que ia ficar sem
a sua amiga por algum tempo.
Passaram-se
alguns dias. Duas semanas depois, na escola, durante o intervalo, Sofia, Rita e
os outros colegas combinavam os últimos pormenores da visita de estudo que
fariam, no dia seguinte, à Mata do Bussaco. O professor de Ciências dava as
últimas indicações: material necessário, roupa adequada, comida para o almoço
partilhado e meia dúzia de cêntimos para comprarem um gelado no café que se
situa no interior da Mata, junto ao hotel.
A Sofia e a
Rita prestavam pouca atenção àquelas recomendações e não paravam de cochichar.
De repente, sem pensar no que estava a pedir, a Sofia colocou uma questão:
- Stor,
será que eu podia levar a Nancy connosco, amanhã?
- A Nancy? É
alguma aluna da escola?
Gargalhada
geral! Já todos os colegas da turma conheciam a Nancy. Aliás, depois do dia em
que a Nancy começara a fazer parte da vida da Sofia e da Rita, e durante algum
tempo, não se falava de outro assunto nos intervalos.
- Não, stor,
a Nancy é a nossa mascote. – Disse o Pedro, a rir. – É uma cadelinha que a
Sofia e a Rita encontraram, abandonada. Os pais da Sofia adotaram-na, mas o
pessoal aqui da turma também a queria adotar. Como não podíamos, decidimos que
seria a nossa mascote!
- Bom, uma
vez que vamos passar o dia ao ar livre, não vejo inconveniente de levarmos a
Nancy! – Rematou o professor. – Agora, atenção ao que estou a dizer!
Na manhã
seguinte estava um de sol quente e brilhante! Enquanto esperavam pelo autocarro,
quase que se zangavam para ver quem pegava em Nancy e quem brincava com ela. A
cadela, claro, estava toda contente, de orelhas no ar e cauda a abanar.
A visita de
estudo foi muito enriquecedora. Seria preciso mais de uma semana para conhecer com
mais profundidade toda a diversidade da Mata do Bussaco, mas, ainda assim, os
alunos vinham cheios de histórias para contar. Os blocos de apontamentos para,
na aula seguinte, realizarem o relatório da visita, estavam cheios de notas,
esquemas e desenhos mais ou menos pormenorizados.
E a Nancy?
Bem, a Nancy não sabia para que lado havia de se virar: os colegas da turma, o
professor, a quantidade de plantas e, sobretudo, os passaritos. Todos se riam
quando ela desatava a correr atrás de pássaros que, assustados, voavam logo bem
alto.
Foi um dia
inesquecível! No caminho para casa, parecia que o autocarro ia vazio… o cansaço
dos alunos, do professor e, claro, da mascote Nancy, mostravam uma enorme
satisfação, a sensação do dever cumprido!
Antes de
adormecer, à noite, deitadinha na sua cama com a cadelinha ao lado, Sofia
agradecia o tesouro especial que tinha encontrado, a caminho de casa, naquele
final de tarde.
Bruna Cordeiro, n.º 4, 6.º E
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