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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Não te escondas por detrás dessas paredes.

O Tomás era um menino diferente dos outros. Não jogava futebol, andava com meninas no recreio da escola e gostava de bonecas. Mas, em casa, ele era diferente. O seu pai sempre quisera que ele fosse um jogador de futebol, alto, usasse azul, e tivesse uma namorada… mas não era bem assim.

Ele tinha uma relação horrível com o pai, desde que a mãe tinha morrido num trágico acidente de carro. Nunca falavam sobre isso, porque, quando o faziam, o filho culpava o pai por ser ele que estava a conduzir.

Um dia, Tomás foi para a escola a pé e, no caminho, encontrou a Inês, uma das suas melhores amigas desde a primária.

- Junta-te a mim! - disse a Inês.

- Claro! - respondeu o Tomás.

E lá foram os dois para a escola.

Chegados lá, encontraram o Henrique e o seu grupinho a jogar futebol, aquele típico grupo que goza com tudo e todos. O Tomás não gostava nada deles. Chamavam-lhe “paneleiro”, “copo de leite” e “florzinha”. Não era coisa que se dissesse! Tomás adorava dançar, qualquer tipo de dança! Apenas gostava de se movimentar a um ritmo de uma melodia qualquer, não importava qual.

Nesse dia, em Educação Física, foi aula de dança. Os rapazes começaram logo a criticar porque diziam que dança era para meninas, mas o Tomás ficou muito contente. Dançaram zumba e divertiram-se imenso! Depois, no intervalo da tarde, quando o Tomás e a Inês estavam cá fora a dançar os dois, a auxiliar chamou-o para ir arrumar as suas coisas porque o pai estava lá fora à espera. Arrumou as coisas e foi ter à carrinha do pai.

Mal chegou, começaram a discutir porque o pai o tinha estado a ver na aula de Educação Física e tinha percebido que o seu filho afinal não era como ele queria que fosse, mas, ainda que isso lhe custasse, teve de o aceitar, porque era seu filho e só não era assim em casa porque tinha medo dele. Que filho é que tem medo do pai? Que pai é que quer que o filho tenha medo dele? Então, aquele ambiente tóxico desapareceu e eles foram para casa.

Guilherme Costa, n.º 7, 8.º D

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