O Tomás era um menino diferente dos
outros. Não jogava futebol, andava com meninas no recreio da escola e gostava
de bonecas. Mas, em casa, ele era diferente. O seu pai sempre quisera que ele
fosse um jogador de futebol, alto, usasse azul, e tivesse uma namorada… mas não
era bem assim.
Ele tinha uma relação horrível com
o pai, desde que a mãe tinha morrido num trágico acidente de carro. Nunca falavam
sobre isso, porque, quando o faziam, o filho culpava o pai por ser ele que
estava a conduzir.
Um dia, Tomás foi para a escola a
pé e, no caminho, encontrou a Inês, uma das suas melhores amigas desde a
primária.
- Junta-te a mim! - disse a Inês.
- Claro! - respondeu o Tomás.
E lá foram os dois para a escola.
Chegados lá, encontraram o Henrique
e o seu grupinho a jogar futebol, aquele típico grupo que goza com tudo e
todos. O Tomás não gostava nada deles. Chamavam-lhe “paneleiro”, “copo de
leite” e “florzinha”. Não era coisa que se dissesse! Tomás adorava dançar,
qualquer tipo de dança! Apenas gostava de se movimentar a um ritmo de uma
melodia qualquer, não importava qual.
Nesse dia, em Educação Física, foi
aula de dança. Os rapazes começaram logo a criticar porque diziam que dança era
para meninas, mas o Tomás ficou muito contente. Dançaram zumba e divertiram-se
imenso! Depois, no intervalo da tarde, quando o Tomás e a Inês estavam cá fora
a dançar os dois, a auxiliar chamou-o para ir arrumar as suas coisas porque o
pai estava lá fora à espera. Arrumou as coisas e foi ter à carrinha do pai.
Mal chegou, começaram a discutir
porque o pai o tinha estado a ver na aula de Educação Física e tinha percebido
que o seu filho afinal não era como ele queria que fosse, mas, ainda que isso
lhe custasse, teve de o aceitar, porque era seu filho e só não era assim em
casa porque tinha medo dele. Que filho é que tem medo do pai? Que pai é que
quer que o filho tenha medo dele? Então, aquele ambiente tóxico desapareceu e
eles foram para casa.
Guilherme Costa, n.º 7, 8.º D
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