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domingo, 30 de setembro de 2012

Estudar!


Continuamos a nossa “saga” sobre estudar. Hoje decidimos apresentar um dia na vida da Adélia. Ela é uma aluna como tantos outros que encontramos por ai…
Mas, o melhor é ler e, no fim, fazermos o nosso juízo de valor!

Graça Matos, O Ciclista


Vamos estudar com a Adélia!
Eram catorze horas quando a Adélia chegou da escola para almoçar. Enquanto comia, pensava no teste de História que teria no dia seguinte. Ainda não tinha estudado nada, mas tinha a tarde toda pela frente e chegava! Mas também tinha t.p.c. de Inglês, de Ciências, para já não falar da ficha de Matemática, disciplina a que já tinha negativa garantida! Bem, o melhor era comer e pensar nisso depois…
Quando acabou de almoçar, foi estudar. Estudar?!!! Atirou-se para cima da cama e ligou a televisão para ver aquela série de que tanto gostava, só para se distrair um bocadinho, enquanto fazia a digestão… o episódio acabou por volta das quatro horas. Tinha de estudar! Não sem antes ir buscar as suas bolachas preferidas, é claro!
Começou pelos deveres, pois História ia demorar. Os de Inglês eram”canja”, era só copiar para o caderno o vocabulário da “Alimentação”… e decorá-lo, mas essa parte poderia ficar para outro dia! Copiou rapidamente as palavras e passou aos trabalhos de Ciências. Aí é que foram elas: como não tinha estado atenta na aula, pois estivera todo o tempo à conversa com a Paula, não percebia patavina, nem as perguntas, nem o significado de algumas das palavras. Não valia a pena perder mais tempo, desde o início do ano que não percebia nada de Ciências, também não era agora que ia perceber! O melhor era copiar pelo Tomé no intervalo, afinal o Tomé era o melhor aluno da turma e não se iria importar nada. Ciências era para gente inteligente, não para “people” como ela! Os deveres de Ciências deixaram-na com fome… de qualquer maneira já eram horas de lanchar!
Logo que regressou ao quarto e se sentou de novo na cama para estudar, ficou imediatamente bloqueada. O que é que sairia no teste? Decidiu telefonar a uma colega. Como esta não vira a tal série de televisão e estivera, em vez disso, a fazer os deveres e a estudar, a Adélia achou que lho devia contar ao pormenor, de contrário, no dia seguinte, ela não iria perceber nada do episódio… também estiveram a falar de uns namoricos de que se falava na turma e da festa de anos da Cláudia, que seria no próximo sábado… entretanto Adélia reparou que eram já quase horas de jantar e despediu-se apressadamente, perguntando qual era a matéria para o teste.
Assim que desligou, a mãe pediu-lhe que fosse num instantinho à loja da frente, pois esquecera-se de trazer pão para o jantar. “Que chatice!” – resmungou a Adélia – “Logo agora, que ia começar a estudar!” A mãe acabou por lhe dizer que iria lá ela própria…
Eram nove e meia da noite quando a Adélia acabou de jantar. A tarde não lhe rendera e poucas horas lhe restavam…Voltou ao quarto e ligou a televisão para ir vendo a telenovela. Começou a ler os apontamentos… Que apontamentos? Faltavam-lhe sumários, não sabia a que aulas pertenciam as fichas de trabalho, enfim, não sabia por onde havia de lhe pegar! Foi buscar o livro de História; a colega tinha-lhe dito que saiam os capítulos 5 e 6; parecia muito, mas tirando as figuras, os esquemas e os textos de apoio era bem menos! Ao abrir o livro encontrou um bilhetinho do Vicente. Brutal! Aquilo sim, é que era história para a Adélia!
As horas voaram, por isso resolveu decorar apenas as sínteses dos capítulos; aquilo devia chegar!
No relógio da sala soaram as onze horas, os olhos pesavam-lhe. Tinha tido um dia estafante! Decidiu dormir. Paciência! Também se tinha fartado de estudar para o teste de Português e tinha tirado negativa. Quanto mais estudava, pior era! Podia ser que desta vez até tivesse sorte!
Antes de se deitar foi jogar um bocadinho no computador. Enquanto jogava ia suspirando pelo Vicente…O bocadinho prolongou-se e o sono fugiu. Como àquela hora não ia estudar, começou a escrever uma carta ao Vicente. Sempre era melhor do que estudar!
Acabou por adormecer tardíssimo, às duas e tal da manhã…
Quando a mãe, estranhando ver luz no quarto, entreabriu a porta deparou com os livros abertos, espalhados pelo chão. Aconchegou-lhe a roupa e sussurrou:
- Pobrezita, fartou-se de estudar! Nem conseguiu preparar a mochila para amanhã!

Autor desconhecido.

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