Continuamos
a nossa “saga” sobre estudar. Hoje decidimos apresentar um dia na vida da
Adélia. Ela é uma aluna como tantos outros que encontramos por ai…
Mas,
o melhor é ler e, no fim, fazermos o nosso juízo de valor!
Graça Matos, O Ciclista
Vamos estudar com a Adélia!
Eram
catorze horas quando a Adélia chegou da escola para almoçar. Enquanto comia,
pensava no teste de História que teria no dia seguinte. Ainda não tinha
estudado nada, mas tinha a tarde toda pela frente e chegava! Mas também tinha
t.p.c. de Inglês, de Ciências, para já não falar da ficha de Matemática,
disciplina a que já tinha negativa garantida! Bem, o melhor era comer e pensar
nisso depois…
Quando
acabou de almoçar, foi estudar. Estudar?!!! Atirou-se para cima da cama e ligou
a televisão para ver aquela série de que tanto gostava, só para se distrair um
bocadinho, enquanto fazia a digestão… o episódio acabou por volta das quatro
horas. Tinha de estudar! Não sem antes ir buscar as suas bolachas preferidas, é
claro!
Começou
pelos deveres, pois História ia demorar. Os de Inglês eram”canja”, era só
copiar para o caderno o vocabulário da “Alimentação”… e decorá-lo, mas essa
parte poderia ficar para outro dia! Copiou rapidamente as palavras e passou aos
trabalhos de Ciências. Aí é que foram elas: como não tinha estado atenta na
aula, pois estivera todo o tempo à conversa com a Paula, não percebia patavina,
nem as perguntas, nem o significado de algumas das palavras. Não valia a pena
perder mais tempo, desde o início do ano que não percebia nada de Ciências, também
não era agora que ia perceber! O melhor era copiar pelo Tomé no intervalo,
afinal o Tomé era o melhor aluno da turma e não se iria importar nada. Ciências
era para gente inteligente, não para “people” como ela! Os deveres de Ciências
deixaram-na com fome… de qualquer maneira já eram horas de lanchar!
Logo
que regressou ao quarto e se sentou de novo na cama para estudar, ficou
imediatamente bloqueada. O que é que sairia no teste? Decidiu telefonar a uma
colega. Como esta não vira a tal série de televisão e estivera, em vez disso, a
fazer os deveres e a estudar, a Adélia achou que lho devia contar ao pormenor,
de contrário, no dia seguinte, ela não iria perceber nada do episódio… também
estiveram a falar de uns namoricos de que se falava na turma e da festa de anos
da Cláudia, que seria no próximo sábado… entretanto Adélia reparou que eram já
quase horas de jantar e despediu-se apressadamente, perguntando qual era a
matéria para o teste.
Assim
que desligou, a mãe pediu-lhe que fosse num instantinho à loja da frente, pois
esquecera-se de trazer pão para o jantar. “Que chatice!” – resmungou a Adélia –
“Logo agora, que ia começar a estudar!” A mãe acabou por lhe dizer que iria lá
ela própria…
Eram
nove e meia da noite quando a Adélia acabou de jantar. A tarde não lhe rendera
e poucas horas lhe restavam…Voltou ao quarto e ligou a televisão para ir vendo
a telenovela. Começou a ler os apontamentos… Que apontamentos? Faltavam-lhe
sumários, não sabia a que aulas pertenciam as fichas de trabalho, enfim, não
sabia por onde havia de lhe pegar! Foi buscar o livro de História; a colega
tinha-lhe dito que saiam os capítulos 5 e 6; parecia muito, mas tirando as
figuras, os esquemas e os textos de apoio era bem menos! Ao abrir o livro
encontrou um bilhetinho do Vicente. Brutal! Aquilo sim, é que era história para a Adélia!
As
horas voaram, por isso resolveu decorar apenas as sínteses dos capítulos;
aquilo devia chegar!
No
relógio da sala soaram as onze horas, os olhos pesavam-lhe. Tinha tido um dia
estafante! Decidiu dormir. Paciência! Também se tinha fartado de estudar para o
teste de Português e tinha tirado negativa. Quanto mais estudava, pior era!
Podia ser que desta vez até tivesse sorte!
Antes
de se deitar foi jogar um bocadinho no computador. Enquanto jogava ia suspirando
pelo Vicente…O bocadinho prolongou-se e o sono fugiu. Como àquela hora não ia
estudar, começou a escrever uma carta ao Vicente. Sempre era melhor do que
estudar!
Acabou
por adormecer tardíssimo, às duas e tal da manhã…
Quando
a mãe, estranhando ver luz no quarto, entreabriu a porta deparou com os livros
abertos, espalhados pelo chão. Aconchegou-lhe a roupa e sussurrou:
-
Pobrezita, fartou-se de estudar! Nem conseguiu preparar a mochila para amanhã!
Autor desconhecido.