E assim do nada, no momento em que a colher estava a atingir a atmosfera da minha boca, uma corrente de nervosismo percorreu as minhas veias e colidiu com o centro de tudo: o meu cérebro. Repentinamente, todas aquelas emoções entraram em erupção intensivamente explosiva, onde a lava surgia nos meus olhos e escorria pelo meu rosto, fazendo arder todos aqueles pensamentos, intensificando toda aquela ansiedade surgida numa milésima de segundo.
Subitamente, dois braços aconchegantes entrelaçaram-me, atenuando toda a pilha de nervos e apagando toda aquela nuvem ardente.
Rapidamente me questionei sobre a origem desta erupção. Refleti sobre o assunto e cheguei à conclusão que, o surgimento daquele vulcão, resultou da colisão da placa do isolamento social com a placa da saudade, as quais se encontravam em convergência há aproximadamente 40 dias, altura do início da quarentena. A partir desse momento, uma tempestade de memórias, momentos, sorrisos e gargalhadas tem atingido a placa da saudade, sobrecarregando-a a cada dia que passa. E, sinceramente, só me dei conta do súbito aumento da sua densidade, no momento em que senti a lava a queimar-me a face.
E a placa do isolamento social? De onde é que ela surgiu? Surpreendentemente, a resposta encontra-se num bichinho assombrosamente pequeno. Este vírus, ao qual foi atribuído o nome covid-19, foi o responsável pela fratura da placa da liberdade e pela consequente formação da do isolamento, constituindo, portanto, o motor de toda esta ansiedade.
Ao debruçar-me sobre este assunto, apercebi-me da fragilidade da espécie humana. Nós, que estamos tão acostumados a controlar o mundo, considerando tudo como garantido, estamos, neste momento, sob o controle de um minúsculo organismo, tendo poder sobre absolutamente nada. Afinal, quem somos nós na imensidão do universo? No meio de triliões de galáxias, biliões de planetas e sextiliões de estrelas?
(Como é que aquela sopa intragável me fez pensar sobre tudo isto?...)
Joana Cardoso Cruz, 11º ano, Escola Básica e Secundária de Anadia
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