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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Uma experiência bem-sucedida

“Onde estou? O que é isto?” – Foram algumas das perguntas que me ocorreram no momento em que acordei, numa divisão escura, deitada num chão frio, apenas vestindo um pijama de verão, que não me protegia da corrente de ar que se fazia sentir.

Subitamente senti um estrondo, que pareceu vir debaixo do chão. Levantei-me de imediato e comecei a procurar uma saída, se é que havia. Ia tocando em tudo à minha volta, e percebi que aquela sala onde me encontrava tinha uma espécie de móveis, mas, pelo que consegui perceber, eram objetos muito irregulares.

Fui andando para a frente, à procura de alguma coisa que me tirasse daquele lugar, quando, do nada, tropecei e caí. Bati com a cabeça com muita força e desmaiei.

Quando acordei novamente, encontrava-me num sítio completamente diferente. Estava numa espécie de sótão abandonado. No telhado havia algumas tábuas partidas, que permitiam a entrada de luz. Havia também muita poeira no ar, o que fez muito mal à minha alergia.

Assim que comecei a recuperar a lucidez, uma pergunta veio-me à cabeça … «Quem estava por detrás disto tudo?». Mas esta pergunta não me assombrou por muito tempo, pois, subitamente, outra coisa chamou a minha atenção. Comecei a ouvir passos e virei-me para trás. À minha frente, estava agora uma figura encapuzada.

- Quem és tu? – perguntei.

A esta altura, o medo já se tinha apoderado de todo o meu corpo. Estava imóvel, na esperança de obter uma resposta.

Insisti novamente:

- Responde! Quem és tu?

A figura moveu-se lentamente, levando as suas mãos ao capuz. Estava prestes a descobrir quem estava por trás de tudo isto…

A esta altura, o capuz apenas tapava a parte superior do rosto daquela misteriosa pessoa, mas algo me dizia que a conhecia de algum lado. E essa pessoa era: EU?! Como assim??! Como é que EU estava a olhar para mim mesma? Não era possível. Esfreguei os olhos para me certificar de que não estava a sonhar, mas aquela figura continuava ali, imóvel, olhando-me com um ar maléfico.

- Com que então encontraste-me – disse-me ela.

- Quem és tu? – gritei, na esperança de a afastar.

- Devias perguntar-te exatamente o oposto. Quem és TU? Será que tu és real? Ou não passas de uma experiência bem sucedida?

- Como assim? O que queres dizer com isso? – indaguei.

- Deixo-te tirar as tuas próprias conclusões – respondeu ela com um sorriso malévolo estampado na cara.

- Eu sou … uma experiência?

- Vês como és esperta!

  - O que vais fazer comigo?!

- Bom, como já percebeste és apenas uma experiência, ou seja, eu sou a pessoa verdadeira. Nesse caso, não poderás mais existir.

- NÃO!!!

Pude ver uma última vez a cara do meu eu verdadeiro. Ela pegou numa seringa e, quando estava a milímetros de ma espetar, fechei os olhos e estremeci.

Quando os voltei a abrir, estava deitada, mas desta vez na minha cama. Os pássaros cantavam lá fora, e o Sol nascia lentamente. Estava tudo bem… Nada passara de um sonho.

Mara Blanco, 8.º A, Escola Básica de Vilarinho do Bairro

 

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