A cidade de
Lisboa recebeu-nos cinzenta. A chuva contrastava com a nossa disposição. Porém,
aguardava-nos um final de tarde alegre e as nossas expetativas não saíram
goradas.
Uns
saborosos pastéis de bacalhau e umas natas deliciosas, regadas com um sumo de
laranja, anteciparam a cerimónia no auditório do Centro Nacional de Apoio ao
Imigrante.
Sem dúvida,
marcantes foram os momentos em que socializámos com o antigo craque de futebol,
o antigo futebolista benfiquista e antes de mais por Portugal, como quis
realçar o próprio Abel Xavier e com o ilustrador do livro, Fidel Évora. Contudo,
lamentamos o imediato início da atuação do coro do ACIDI e a impossibilidade de
continuarmos o diálogo com Fidel.
Após a
singular atuação do coro, a Dra. Rosário Farmhouse, Alta Comissária para as
Migrações, deu as boas vindas a todos e pediu aos outros membros do júri que se
lhe juntassem.
Enquanto
membro do júri, Rosário Farmhouse referiu
que as crianças deveriam ter uma cultura contra o racismo desde casa e depois,
a partir da sua entrada na escola, mesmo já no Infantário, deveriam ter uma
educação tendo por base o mesmo objetivo. Referiu também o papel dos média e, aproveitando a sua
presença, realçou o facto de serem de extrema importância.
Os 513 trabalhos que leu foram
extraordinários, alguns alarmantes e pareciam tão reais que lhe apeteceu
denunciar as situações. Gustavo Behr e Iolanda
Veiga, por sua vez, também salientaram a beleza da escrita dos trabalhos e a
dificuldade em selecionar os trabalhos vencedores, dada a sua qualidade.
De seguida
foram chamadas as vencedoras, apenas de duas das categorias, uma vez que a da categoria I dos 10 aos
13 anos não pôde estar presente.
Ana Teresa,
vencedora da II categoria, referiu ter sabido do concurso pela professora de
português. A professora propô-lo à turma
como um trabalho de avaliação, o qual foi feito na aula. Foram
enviados vários trabalhos. Para além do dela, estiveram nos finalistas mais
três trabalhos da turma.
Ana Paula,
vencedora dos participantes maiores de 18 anos, considera que foi um desafio.
Nunca pensou em vencer e foi com muito orgulho que ouviu aquela grande atriz Natasha Marjanovic a
dramatizar o seu conto. Logo nas primeiras palavras identificou-o de
imediato.
Fidel Évora
leu todos os poemas e contos de modo a permitir-lhe ilustrá-los mais
facilmente. Como o próprio referiu, tentou idealizar o que cada autor imaginava
para as suas personagens e transpô-lo para as ilustrações.
A
Inspetora-geral da Administração Interna, Dra. Margarida Blasco, falou-nos da
sua vivência pessoal e da necessidade de haver tolerância e aceitação face à diferença.
Finalmente, Abel
Xavier, já anteriormente apresentado e Embaixador do Futebol Contra o Racismo,
salientou a sua chegada a Portugal em 1975, proveniente
das antigas colónias e a sua ida para os bairros degradados de Lisboa,
lembrando assim a sua vida de pobreza e de discriminação, bem como a sua
difícil ascensão e toda a luta travada, que ainda hoje continua e que, por ter
filhos, vê com outros olhos. Por outro lado, pretende mostrar a todos que vale
a pena lutar por aquilo em que se acredita e que se deseja alcançar. Não se
pode olhar apenas para uma pessoa pelo seu sucesso. Ele, Abel Xavier, é uma pessoa igual a todas as outras. Não é por
ter alcançado o sucesso que alcançou que se esquece do seu passado ou que ele
se apaga.
Na verdade, vivemos assim um dia
extraordinário, inesquecível, neste dia 6 de junho, uma vez que foi o
lançamento do nosso primeiro livro. Livro repartido por muitos outros, mas sem
dúvida um livro em que deixamos a nossa marca.
Trouxemos alguns exemplares para
recordação e … para quem quiser apreciar o que todos escrevemos, vamos oferecer
um exemplar à nossa Biblioteca e outro à Biblioteca Municipal. Portanto, não
hesitem em requisitá-los para os lerem!
Voem connosco. Boas leituras!
Adriana Matos e Sofia Pedrosa, O Ciclista
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