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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Dia Mundial do Ambiente

A aldeia ameaçada 
O António é um jovem de 12 anos, que vive na proximidade de uma bela floresta.
Era o primeiro dia de primavera, as árvores começavam a florir, bem como as folhas de algumas árvores começavam a surgir e a luz do Sol brilhava cada vez mais, por entre os ramos densos que se entrelaçavam e escondiam por vezes o Céu. Ouvia-se o chilrear dos pássaros e outros ruídos de animais. Era o seu pequeno paraíso que agora se tornara mais belo e acolhedor. Subitamente, como se de um sonho acordasse, o António sentiu um cheiro esquisito, ouviu um ruído incomum e bastante desagradável. Foi rapidamente ver de onde vinha. Qual não foi a sua surpresa ao aperceber-se que uma série de máquinas destruíam árvores. Aproximou-se, assim, dos intrusos e disse:
- O que pensam estar a fazer? Essas árvores são as coisas mais preciosas da minha aldeia. Por que razão as estão a destruir?
 - Apanhem-me esse fedelho e tirem-no daqui !!!!!!! - gritou um homem que surgiu atarefado por entre as máquinas, mal se ouvia no meio da confusão e gesticulava, gesticulava como se do chefe se tratasse.
O António foi apanhado e deixado no meio da floresta, inconsciente, mas como conhecia tão bem a floresta como a palma da sua mão, regressou à aldeia rapidamente. De imediato, alertou os habitantes para o sucedido. Todos os habitantes ficaram muito preocupados e com medo das suas casas serem destruídas. Decidiram, então, no dia seguinte, confirmar tal facto com os próprios olhos e averiguar a gravidade da situação.
 Ao chegar ao local depararam-se com verdadeiros monstros devoradores de árvores. Sem saber o que fazer, os habitantes regressaram à aldeia e muito preocupados reuniram esforços, mas em vão, pois não encontraram uma solução comum e considerada por todos eficaz. Escassos dias passaram e na verdade, foram mesmo intimidados e ameaçados pelo homem, que o António considerava ser o chefe.
   - Então, o que é que se passa? - perguntaram alguns aldeões.                                    
   - Espero que o castigo que dei ao vosso fedelho tenha servido para alguma coisa. A minha obra irá continuar de qualquer maneira, nem que tenha de passar por cima de algum de vocês.
   - Já agora qual é a obra que estão a pensar construir? - questionou o António não muito intimidado.
   - Um belo prédio que trará muita riqueza a esta região.
  - Riqueza para quem? Não será mais destruição? O senhor já alguma vez imaginou quais as consequências da desflorestação? Qual a vantagem de destruir árvores e matar animais? - prosseguiu o António.
A conversa continuou, alguns aldeões puderam ainda apresentar alguns argumentos que de algum modo fossem contra a opinião do devorador de árvores, pois era assim que estes o viam. António ainda o alertou para alguns inconvenientes da desflorestação, quando finalmente os ânimos se acalmaram e puderam finalmente conversar.
Entretanto, os dias foram passando e os aldeões sentiram-se cada vez mais impotentes perante tal aparato. Os trabalhos continuaram, mais árvores foram destruídas, mas não foi por muito tempo, pois tais ruídos ensurdecedores pararam não por um dia ou dois, mas durante longos dias, o que os aliviou, mas intrigava-os em cada momento que passava.
Inesperadamente e ao amanhecer surgiu um vulto conhecido, o “chefe” que se aproximou da aldeia para os tranquilizar. Algo inesperado havia mudado a opinião deste homem em relação à desflorestação. O homem parecia outro, agora reconhecia o devido valor das árvores, das diferentes espécies, da diversidade, da complexidade da vida. O que quer que seja que lhe tenha feito mudar de ideias, deixou os habitantes a pensar, principalmente o António, que poderia assim continuar a aproveitar as maravilhas da natureza. 
Com esta história podemos retirar uma lição de moral. Não devemos, pois, ficar de braços cruzados ou despreocupados perante as atrocidades de alguns seres humanos. A natureza é demasiado complexa e fundamental à sobrevivência e equilíbrio das espécies. Uma pequena alteração pode desencadear uma catástrofe, que se sente sobretudo a longo prazo e afeta toda a humanidade.

Rúben Saldanha, O Ciclista

Nota: Imagem adaptada da Internet.

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