A
aldeia ameaçada
O
António é um jovem de 12 anos, que vive na proximidade de uma bela floresta.
Era
o primeiro dia de primavera, as árvores começavam a florir, bem como as folhas
de algumas árvores começavam a surgir e a luz do Sol brilhava cada vez mais,
por entre os ramos densos que se entrelaçavam e escondiam por vezes o Céu.
Ouvia-se o chilrear dos pássaros e outros ruídos de animais. Era o seu pequeno
paraíso que agora se tornara mais belo e acolhedor. Subitamente, como se de um
sonho acordasse, o António sentiu um cheiro esquisito, ouviu um ruído incomum e
bastante desagradável. Foi rapidamente ver de onde vinha. Qual não foi a sua
surpresa ao aperceber-se que uma série de máquinas destruíam árvores.
Aproximou-se, assim, dos intrusos e disse:
-
O que pensam estar a fazer? Essas árvores são as coisas mais preciosas da minha
aldeia. Por que razão as estão a destruir?
- Apanhem-me esse fedelho e tirem-no daqui !!!!!!!
- gritou um homem que surgiu atarefado por entre as máquinas, mal se ouvia no
meio da confusão e gesticulava, gesticulava como se do chefe se tratasse.
O
António foi apanhado e deixado no meio da floresta, inconsciente, mas como
conhecia tão bem a floresta como a palma da sua mão, regressou à aldeia
rapidamente. De imediato, alertou os habitantes para o sucedido. Todos os
habitantes ficaram muito preocupados e com medo das suas casas serem destruídas.
Decidiram, então, no dia seguinte, confirmar tal facto com os próprios olhos e
averiguar a gravidade da situação.
Ao chegar ao local depararam-se com
verdadeiros monstros devoradores de árvores. Sem saber o que fazer, os habitantes
regressaram à aldeia e muito preocupados reuniram esforços, mas em vão, pois
não encontraram uma solução comum e considerada por todos eficaz. Escassos dias
passaram e na verdade, foram mesmo intimidados e ameaçados pelo homem, que o
António considerava ser o chefe.
- Então, o que é que se passa? - perguntaram
alguns aldeões.
- Espero que o castigo que dei ao vosso
fedelho tenha servido para alguma coisa. A minha obra irá continuar de qualquer
maneira, nem que tenha de passar por cima de algum de vocês.
- Já agora qual é a obra que estão a pensar construir?
- questionou o António não muito intimidado.
- Um belo prédio que trará muita riqueza a
esta região.
- Riqueza para quem? Não será mais
destruição? O senhor já alguma vez imaginou quais as consequências da
desflorestação? Qual a vantagem de destruir árvores e matar animais? - prosseguiu
o António.
A
conversa continuou, alguns aldeões puderam ainda apresentar alguns argumentos
que de algum modo fossem contra a opinião do devorador de árvores, pois era
assim que estes o viam. António ainda o alertou para alguns inconvenientes da
desflorestação, quando finalmente os ânimos se acalmaram e puderam finalmente
conversar.
Entretanto,
os dias foram passando e os aldeões sentiram-se cada vez mais impotentes
perante tal aparato. Os trabalhos continuaram, mais árvores foram destruídas,
mas não foi por muito tempo, pois tais ruídos ensurdecedores pararam não por um
dia ou dois, mas durante longos dias, o que os aliviou, mas intrigava-os em
cada momento que passava.
Inesperadamente
e ao amanhecer surgiu um vulto conhecido, o “chefe” que se aproximou da aldeia
para os tranquilizar. Algo inesperado havia mudado a opinião deste homem em
relação à desflorestação. O homem parecia outro, agora reconhecia o devido
valor das árvores, das diferentes espécies, da diversidade, da complexidade da
vida. O que quer que seja que lhe tenha feito mudar de ideias, deixou os habitantes
a pensar, principalmente o António, que poderia assim continuar a aproveitar as
maravilhas da natureza.
Com
esta história podemos retirar uma lição de moral. Não devemos, pois, ficar de
braços cruzados ou despreocupados perante as atrocidades de alguns seres
humanos. A natureza é demasiado complexa e fundamental à sobrevivência e
equilíbrio das espécies. Uma pequena alteração pode desencadear uma catástrofe,
que se sente sobretudo a longo prazo e afeta toda a humanidade.
Rúben Saldanha, O Ciclista
Nota: Imagem adaptada da Internet.
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