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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Gil Vicente na atualidade

A obra “Auto da Barca do Inferno”, escrita pelo grande dramaturgo e pai do teatro literário português, Gil Vicente, retrata uma sociedade repleta de luxos e corrupção.
No decorrer da obra o criador, utilizando a figura do Diabo, vai ridicularizando e denunciando os pecados da sociedade à medida que as personagens-tipo entram em cena e com o Anjo também condena ou glorifica estas mesmas.
Ao denunciar os costumes, hábitos e vícios da sociedade da época, o dramaturgo tinha como objetivo transmitir uma moral. Na verdade, pretendia que a sua “audiência”, ao ver a peça, se entretivesse, pondo a descoberto e criticando ao mesmo tempo todos os seus pecados.
A meu ver, a mensagem que Gil Vicente nos tentou transmitir no século XVI ainda está muito atual, uma vez que nos dias de hoje encontramos de igual modo uma sociedade conspurcada pela corrupção e pelo vício. Temos vários exemplos disso, como a exploração que é feita aos trabalhadores por parte dos patrões; os casos de pedofilia que se tornaram num escândalo por membros do Clero; a justiça que fica do lado dos mais fortes, entre outros. Até mesmo no futebol, que se trata apenas de um desporto, nos deparamos com a corrupção por parte dos dirigentes, dos diretores, árbitros e outros que apenas querem dinheiro.
Sendo assim, é fácil de constatar que a nossa sociedade não se interessa por seguir a ordem, pois muitos dos seus cidadãos acabam por ser “comprados” por pouco. E, de facto, se estivermos bem atentos, verificamos que quase ninguém se comporta como verdadeiros heróis, defendendo a pátria e aquilo em que acredita sem receber nada em troca e deixando tudo o que tem para trás como é o caso dos Quatro Cavaleiros que Gil Vicente nos apresenta na parte final do auto como sendo os grandes merecedores do Paraíso por se terem desprendido dos bens materiais em nome da fé cristã.
Em suma, desde a época medieval que a nossa sociedade vive para usufruir de luxos e não para deixar a sua marca positiva para mais tarde ser lembrada pelos seus feitos. Ela não evoluiu desde então e não parece estar no caminho para isso porque, apesar de terem passado cerca de quinhentos anos, continuamos iguais.
Claro que eu ainda sou nova e, por isso, apesar das probabilidades certamente serem poucas, ainda quero daqui a uns anos ver uma sociedade capaz de partilhar e amar. Uma sociedade justa e merecedora de tudo o que foi criado para nós.

Margarida Costa Pereira, nº 15, 9º A

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