A obra “Auto da Barca
do Inferno”, escrita pelo grande dramaturgo e pai do teatro literário português,
Gil Vicente, retrata uma sociedade repleta de luxos e corrupção.
No
decorrer da obra o criador, utilizando a figura do Diabo, vai ridicularizando e
denunciando os pecados da sociedade à medida que as personagens-tipo entram em
cena e com o Anjo também condena ou glorifica estas mesmas.
Ao denunciar os
costumes, hábitos e vícios da sociedade da época, o dramaturgo tinha como objetivo
transmitir uma moral. Na verdade, pretendia que a sua “audiência”, ao ver a
peça, se entretivesse, pondo a descoberto e criticando ao mesmo tempo todos os
seus pecados.
A meu ver, a mensagem
que Gil Vicente nos tentou transmitir no século XVI ainda está muito atual, uma
vez que nos dias de hoje encontramos de igual modo uma sociedade conspurcada
pela corrupção e pelo vício. Temos vários exemplos disso, como a exploração que
é feita aos trabalhadores por parte dos patrões; os casos de pedofilia que se
tornaram num escândalo por membros do Clero; a justiça que fica do lado dos
mais fortes, entre outros. Até mesmo no futebol, que se trata apenas de um
desporto, nos deparamos com a corrupção por parte dos dirigentes, dos diretores,
árbitros e outros que apenas querem dinheiro.
Sendo assim, é fácil
de constatar que a nossa sociedade não se interessa por seguir a ordem, pois muitos
dos seus cidadãos acabam por ser “comprados” por pouco. E, de facto, se
estivermos bem atentos, verificamos que quase ninguém se comporta como
verdadeiros heróis, defendendo a pátria e aquilo em que acredita sem receber
nada em troca e deixando tudo o que tem para trás como é o caso dos Quatro Cavaleiros
que Gil Vicente nos apresenta na parte final do auto como sendo os grandes
merecedores do Paraíso por se terem desprendido dos bens materiais em nome da
fé cristã.
Em suma, desde a
época medieval que a nossa sociedade vive para usufruir de luxos e não para
deixar a sua marca positiva para mais tarde ser lembrada pelos seus feitos. Ela
não evoluiu desde então e não parece estar no caminho para isso porque, apesar
de terem passado cerca de quinhentos anos, continuamos iguais.
Claro que eu ainda
sou nova e, por isso, apesar das probabilidades certamente serem poucas, ainda
quero daqui a uns anos ver uma sociedade capaz de partilhar e amar. Uma
sociedade justa e merecedora de tudo o que foi criado para nós.
Margarida
Costa Pereira, nº 15, 9º A
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